Uma mãe norte-americana decidiu compartilhar um pedido desesperado de ajuda ao marido na rede social Facebook. Em apenas cinco dias, o relato viralizou na internet, conseguiu mais de 3,6 mil compartilhamentos, inúmeras reportagens pelo mundo e a compreensão de milhares de mulheres que passam diariamente pela mesma situação.

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Celeste Eriach é mãe de dois meninos e tem um blog sobre maternidade, mas foi o relato do Facebook que viralizou
Facebook/Celeste Eriach/Reprodução
Celeste Eriach é mãe de dois meninos e tem um blog sobre maternidade, mas foi o relato do Facebook que viralizou


Celeste Erlach, que teve seu texto compartilhado na página “Breastfeeding Mama Talk”, é mãe de dois meninos e chegou ao ponto de exaustão na última semana. Para se ter uma ideia do desespero que ela estava sentindo, ela já começa o pedido desta forma: “Querido marido, Eu. Preciso. De. Mais. Ajuda.”

A norte-americana explica que ela sabe que a noite anterior foi difícil para ele, após ela ter pedido que ele cuidasse do filho mias novo, ainda um bebê, para que ela pudesse ir para a cama mais cedo. Quando ela já estava deitada, o menino começou a chorar – e a chorar muito. Celeste podia ouvir o choro, mas se questionou antes de tomar uma atitude: devo descer e tomar o controle da situação ou apenas fechar a porta, voltar a dormir e deixar que meu marido cuide de tudo? Ela escolheu a segunda opção.

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Entretanto, vinte minutos depois, o pai entrou no quarto, colocou a criança ainda chorando no berço e empurrou o cômodo para o lado da cama onde a esposa estava. Um sinal claro, para ela, de que ele havia desistido de cuidar do pequeno. “Eu queria gritar com você. Queria iniciar uma briga épica naquele exato momento. Eu cuidei do bebê e do irmão mais velho o dia inteiro. Eu já teria de acordar na madrugada para amamentá-lo. O mínimo que você poderia fazer era segurá-lo por algumas horas pela noite para que eu pudesse dormir.”

Mudança cultural

A norte-americana continua o pedido de ajuda ao afirmar que sabe que tanto a família dele quanto a dela foi formada nos papéis tradicionais de mãe e pai, em que a mulher cuida dos filhos e da casa enquanto o pai sai para trabalhar. “Nossos pais eram ótimos, mas não era esperado deles um tempo significativo trocando fraldas, alimentando e cuidando das crianças. Nossas mães eram super-mulheres que mantinham a dinâmica da família. Cozinhando, limpando e criando as crianças. Qualquer ajuda dos pais era bem-vinda, mas inesperada.”

Celeste acredita que a própria família que formou com o marido está falhando cada dia mais nessa dinâmica. Ela explica que assumiu a responsabilidade de alimentar a família, manter a casa limpa e cuidar das crianças até mesmo quando volta do trabalho. Ela também se culpa por isso, já que sabe que muitas vezes não confia no marido para fazer essas tarefas. “Eu também vejo meus amigos e outras mães fazendo tudo isso, e fazendo bem. Eu sei que você os vê também. Se eles conseguem e se nossas mães conseguiram, por que eu não consigo? Eu não sei.”

A mãe acredita que os amigos possam estar assumindo um papel em público, mas sofrendo secretamente. Talvez as mães dela e do marido também tenham sofrido em silêncio, mas agora, 30 anos depois, se esqueceram disso. E na pior das hipóteses, ela se vê como não qualificada o suficiente para o trabalho.

Participação dos pais na criação dos filhos é importante por conta dos pequenos e das mães que também trabalham fora
Shutterstock
Participação dos pais na criação dos filhos é importante por conta dos pequenos e das mães que também trabalham fora

“Parte de mim se sente um fracasso penas por pedir ajuda. Quero dize, você realmente me ajuda. Você é um pai incrível e faz um trabalho incrível com as crianças. Além disso, tudo isso deveria ser fácil para mim, certo? Instinto materno. Mas eu sou humana e estou funcionando à base de cinco horas de sono e estou cansada para caramba. Eu preciso de você.”

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A mãe também explica o que gostaria que o marido fizesse, como cuidar realmente do filho mais velho pela manhã, arrumá-lo para a escola, alimentá-lo, olhar a mochila, e não apenas tirá-lo de frente da TV. Desta forma, ela consegue tomar café direito e também cuidar do bebê. “Nos finais de semana, eu preciso de mais intervalos. Horas em que eu possa sair de casa sozinha e me sentir como um indivíduo. Mesmo que seja apenas para dar uma volta no quarteirão ou ir até a farmácia.”

Além disso, ela gostaria de ser apreciada pelo trabalho que faz dentro de casa. “Eu quero saber que você nota que a roupa está limpa e que um belo jantar foi preparado. Eu quero que você aprecie que amamento por horas e também tiro leite quando estou no trabalho quando o mais fácil para mim seria dar fórmula para nosso filho. Espero que você saiba que eu nunca vou pedir para você ficar em casa quando tiver eventos profissionais ou atividades esportivas. Como mãe, eu assumi que estarei em casa todas as horas e sempre disponível para cuidar das crianças quando você não estiver.”

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Ela sabe que não foi assim com os pais dela e do marido e odeia até mesmo pedir por ajuda. Celeste gostaria de fazer tudo e ainda fazer de uma forma que parecesse fácil. A norte-americana também gostaria de não sentir a necessidade de ser elogiada por fazer coisas que as pessoas já esperam de uma mãe, mas decidiu, agora, assumir que também é humana.

“Estou lhe dizendo o quanto eu preciso de você, e se eu continuar neste ritmo, vou quebrar. E isso machucaria você, as crianças, nossa família. Afinal de contas, vamos ser honestos: você precisa de mim também”, completa a mãe que representou o pedido de ajuda que milhares de mães pelo mundo gostaria de fazer aos parceiros.

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