Muitos mitos ainda resistem quando o assunto é amamentação. Entretanto, a crença popular de que tudo o que a mãe consome é passado diretamente para o bebê através do leite está sendo debatida na internet depois que uma mãe compartilhou uma foto amamentando a filha enquanto bebia uma cerveja.
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Inicialmente, a imagem da mãe foi publicada no Instagram, mas depois de receber diversas críticas, ela levou a postagem para o Facebook, abrindo uma discussão sobre o ato de amamentar e consumir bebidas alcoólicas. "Infelizmente a questão do consumo de álcool durante a amamentação é uma questão mais moral do que científica", escreveu na publicação.
E parece que essa também é a opinião de alguns especialistas. A pediatra Rossiclei Pinheiro, do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), afirma que existem diversos estudos que analisam o consumo alcoólico de mulheres que estão amamentando e que nada disso indica que o bebê também vá ingerir o álcool ou que terá cólica por sua causa.
"Amamentar não é uma forma da mãe 'não viver', ou seja, não impede que a mulher faça algumas coisas, como consumir bebidas alcoólicas ou tomar remédios, só porque está amamentando", diz a especialista. "Tudo o que a mãe come ou bebe pode modificar o gosto e o cheiro do leite, não só o álcool."
A profissional explica que a glândula mamária libera, sim, alguns nutrientes e hormônios para a criança, mas antes de chegar ao leite, os alimentos passam pelos órgãos responsáveis pela digestão e o álcool, especificamente, passa por estômago, intestino, fígado e rins, antes de ser excretado pela bexiga.
Assim, não é contraindicado que a mulher consuma esse tipo de bebida, mas é preciso ficar de olho na quantidade. "Não tem problema tomar uma taça de vinho, de champagne ou até mesmo uma latinha de cerveja, mas não é recomendado beber mais do que 100 ml em um dia", afirma Rossiclei.
Bebida x momento da mamada
Nesse caso, também é preciso considerar a idade da criança e o intervalo entre as mamadas. "Com crianças maiores de seis meses de idade, já é possível ficar mais traquila quanto ao consumo, porque o intervalo entre cada mamada é maior", explica.
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A especialista ainda sugere esperar pelo menos duas horas antes de amamentar ou beber enquanto come, porque a absorção de álcool é menor quando o estômago está cheio.
Quantidade restrita
Mas atenção, isso também não significa que você possa consumir álcool todos os dias ou mais de uma vez ao dia. Afirnal, a quantidade de álcool ingerida e a frenquência com que a bebida é consumida pode ser prejudicial, sim. "Além de prejudicar a produção do leite, também pode alterar o sabor e cheiro, interferindo na aceitação do bebê."
Outra situação são os riscos comportamentais. É preciso ter responsabilidade com a sua saúde e, principalmente, com a saúde da criança. Qualquer pessoa — não necessáriamente a mãe — que seja responsável pelo bebê ou qualquer outro menor não deve consumir sustâncias que alterem seu estado de consciência ou sono, incluindo álcool. "Existem doenças, casos de abuso e uso da violência que estão ligados ao cosumo de bebidas alcóolicas e, por esse motivo, isso deve ser evitado."
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Outras restrições
Assim como a bebida alcoólica é algo que deve ser evitado, mas não é algo restritivo para as mães que amamentam, o mesmo acontece com qualquer outro alimento. De acordo com a Rossiclei Pinheiro, muitos estudos científicos indicam que se a mãe evita comer algum alimento durante o período em que está amamentando, há uma grande tendência de que a criança venha a adquirir alergia àquela determinada comida.
"O que os médicos indicam é ter uma alimentação adequada e saudável, porque o que é saudável para a mãe, também é para o bebê", explica. "Não é indicado nenhum tipo de dieta restritiva durante a amamentação, por exemplo, e tudo o que a mãe consumir deve ser reportado ao médico responsável pela saúde dela e da criança e o profissional é quem deve dizer o que é mais indicado ou não", finaliza.