É comum pensar que azul é para menino e rosa é para menina quando falamos em roupas de criança. Na verdade, isso é um reflexo dos estereótipos de gênero , que existem e moldam comportamentos desde os primeiros dias do bebê até a vida adulta. Porém, é preciso repensá-los e propor uma nova lógica. "Não existe coisa de menino ou menina. Existe coisa de criança!", defende Joyce Forni, mãe de Alice, 4 anos, e Arthur, de 7 meses.
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Em entrevista ao Delas , Joyce conta que quando Alice nasceu, ela e o marido se incomodaram muito com o fato de encontrar roupas apenas em variados tons de rosa. Foi então que decidiram não comprar nada dessa cor para a filha e procurar marcas alternativas. Pensando em casos como esse, a curitibana Marina Ribeiro uma loja online de roupas de criança sem distinção de gênero , há quatro anos.
Marina também teve dificuldades ao encontrar roupas para as filhas em tons e modelos que fugissem do padrão de feminilidade, e queria uma solução para isso. Com as roupas que confecciona, ela propõe um consumo sem a distinção entre produtos para meninas e para meninos.
São roupas que procuram ir contra os estereótipos, com diversas cores e estampas como "Nem toda menina quer ser bailarina", por exemplo. "Acreditamos que a infância é uma época mágica, de experimentação, brincadeira e fantasia. Não conseguimos entender a necessidade de restringir um universo", diz.
Assim como Joyce e Marina, Bruna Alvarenga também procura vestir a filha Valentina, 2 anos, sem seguir os padrões de feminilidade impostos. "Sempre usei todas as cores de roupas, então frequentemente presumem que ela seja um menino quando não está usando vestidos ou nada cor-de-rosa", comenta.
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Conforto
"A criança precisa brincar, correr e precisa estar preparada para isso sempre", defende Marina. Segundo ela, as roupas precisam permitir que a criança brinque, independente de serem femininas ou masculinas. Por isso, faz mais sentido que os pais pensem em modelos confortáveis para os pequenos ao invés de cores específicas e adornos como rendas e babados.
Para Bruna, esse é um ponto crucial na hora da escolha da roupa da Valentina. "Sempre prezo por roupas que visem o conforto ao invés dos adereços estéticos. Ela nunca usou faixas, babados, ou adornos apenas para que fosse reconhecida como uma menina", explica a mãe.
Contra a maré
A mãe evita padrões pré-definidos de beleza ou seguir o que a sociedade costuma considerar certo ou errado. "É uma forma de evitar que ela tenha comportamentos autodestrutivos vinculados a como ela se enxerga quando for adulta. Espero que seja possível ensinar que ela não precisa ter uma determinada aparência pra conseguir ter uma vida saudável e ser amada", comenta Bruna sobre a escolha que faz em relação às roupas da filha.
Mas nem sempre é fácil escolher essa forma de consumo e ir contra as expectativas sobre o que é se vestir "como uma menina". Muitas vezes, as mães são questionadas sobre as roupas de criança que optam. Por isso, em casa, o diálogo e os questionamentos sobre essas escolhas são sempre presentes. "Eu incentivo a reflexão e a questiono bastante sobre determinados conceitos que a indústria nos vende", finaliza Joyce.
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