É comum um filho cobrar atenção dos pais e quem tem irmãos vai concordar que sempre há uma disputa para saber quem é o filho favorito . Até certo ponto isso é algo saudável, é coisa de irmãos! Mas já parou para pensar se os pais realmente possuem uma preferência ou se será mesmo possível amar todos os filhos de forma igual?

Essa “disputa” está presente na realidade de muitas famílias. A analista financeiro Cristiane Rodrigues acredita que os pais não deveriam ter um filho favorito , mas diz que na realidade é bem diferente.
“Meu pai demonstra que tem preferencia por mim, já minha mãe é neutra, só que às vezes, acho que para ‘compensar’, ela acaba bajulando mais minha irmã mais nova”, conta.
Amor ou identificação?
Para a neuropsicóloga, mestre em psicologia do desenvolvimento infantil pela USP Deborah Moss, não é possível quantificar o amor e o que entra em questão nesse caso são outros aspectos.
“É difícil mensurar o sentimento que envolve a relação com os filhos. O que é possível é avaliar a qualidade do vínculo, as identificações e o favoritismo, mas as diferenças no amor é complicado”, explica.
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A questão da disputa entre irmãos é comum desde os tempos bíblicos , como na história de Caim e Abel. “O principal responsável por isso é o ciúme , sentimento muito presente na relação entre os irmãos e que faz parte na disputa por atenção e o carinho dos pais”, afirma.
União acima de tudo
A irmã mais nova de Cristiane, Valéria Silveira Rodrigues, diz que reconhece que o pai puxa o saco da irmã, mas isso não é um problema. “Minha irmã e eu sempre fomos muito unidas, muito amigas. Ela fez e ainda faz muito bem o papel de irmã mais velha, muito protetora, às vezes, até demais”, brinca.

Valéria e Cristiane são muito unidas e a levam a preferência do pai na brincadeira
Rindo da situação
Segundo as irmãs, a situação é levada na brincadeira. Para a analista financeiro, o pai delas não disfarça, até o “bom dia” é diferente. “Uma vez ele chegou em casa e viu que tinha alguém tomando banho e disse ‘Oi filha! Tudo bem, meu amor?’. Minha irmã respondeu: ‘Oi pai, tudo bem!’, conta.
Mas quando ele percebeu que era a filha mais nova que estava no banheiro, disse com uma voz desanimada: “Ah, é você Lela [apelido da Valéria], pensei que fosse a Cris”. Todos na casa caíram na risada.
Afinidades
Para Valéria, o tratamento não é igual porque elas possuem perfis diferentes . “A minha irmã sempre preferiu mais ficar em casa a sair. Já eu sou o contrário”, conta. “Agora que a Cris casou e não mora mais com a gente, ele está paparicando ela mais ainda”, completa.
Diante do caso, Deborah explica que a questão não é amar mais, mas sim afinidade , identificações e até mesmo projeções e expectativas . “Outro ponto que também pode estar relacionado são as necessidades e personalidade do filho (mais carente, mais atencioso, mais próximo, etc.), que podem ser um gatilho tanto de mais aproximação quanto de conflito”, relata.
Virando o jogo
E se inverter a situação? Será que o filho possui um parente preferido? Valéria afirma que não. “Eu acho que os pais acabam mesmo tratando os filhos de forma diferente, mas não é uma questão preferência porque eu também não tenho um favorito, amo os dois de forma igual”, expõe.
Consequências
É importante ficar atento, porque nem sempre essa questão de favoritismo é levada na brincadeira. A disputa pode gerar rivalidade entre os irmãos e interferir no vínculo deles. “Quando a preferência é explícita, acaba gerando diferenças na criação de cada filho e há consequências nesta relação”, afirma a especialista.
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Deborah completa dizendo que o filho favorito pode desenvolver uma tendência a manipulação, achando que tudo é fácil de conseguir e também pode não saber lidar com frustrações, já os que não se sentem preferidos podem se isolar e desenvolver uma autoestima baixa. Ou seja, ambas as situações são prejudiciais para os envolvidos.