Assim como a felicidade, o medo é intrínseco a nós e pode estar relacionado a mais diversas situações. No caso das crianças, é comum que o sentimento apareça no momento do sono, como um obstáculo que impede que ela durma sozinha.
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Segundo Deborah Moss, neuropsicóloga e mestre em psicologia do desenvolvimento, o medo pode se manifestar nos pequenos a partir dos dois anos de idade. É nessa fase que o mundo da imaginação e das histórias fantasiosas começa a fazer parte da vida das crianças. Como é comum a confusão entre "faz de conta" e realidade, esse sentimento pode aparecer quando elas ficam sozinhas na hora de dormir.
"Nesse caso, os sentimentos estão ligados à questões da imaginação . É algo que acontece de dentro pra fora", explica a especialista. É importante diferenciar isso do caso de crianças que passaram por situações exteriores que podem influenciar - momentos que vão de um simples susto com um trovão até o trauma de um assalto.
Diante dessa dificuldade ao dormir, alguns pais sentem-se perdidos e até a rotina da família é alterada. Muitas vezes não sabem como agir para deixar o momento mais fácil e confortável para as crianças.
O que fazer?
"Os pais precisam ajudar a criança a encontrar uma espécie de antídoto contra esse receio de dormir sozinha , fazendo com ela a se sinta segura sem a presença deles", orienta Deborah.
Mais do que simplesmente conversar sobre o assunto com a criança, deve-se colocar ações em prática. Para a especialista, é importante criar um elo entre pais e filhos, mas sem que a presença deles seja necessária. Por exemplo, se seu filho tiver medo de monstros, você pode inventar uma "poção mágica" para protegê-lo. Toda noite, antes de dormir, "jogue" no quarto e explique que, assim, ele estará protegido. Depois de um tempo, ele se acostumará e não lembrará mais do que sentia. No caso de crianças mais velhas, um objeto ligado à família pode ajudar, como um ursinho ou até mesmo um super-herói dado de presente pelos pais.
Em alguns casos, o medo pode estar ligado ao escuro do quarto. Para que o ambiente fique mais confortável, é possível deixar uma pequena luz acesa ou até mesmo investir em uma pintura diferente que se destaca no escuro. Ligar um som com ruído de água caindo também pode ser uma boa!
Não durma com os pequenos
A médica aconselha que os pais não devem dormir no quarto do filho ou ficar com ele no ambiente até que o pequeno pegue no sono. "Existe o risco da criança não encontrar os pais durante algum despertar notuno e isso pode virar um ciclo vicioso, criando a dependência dos pais e manutenção do medo", explica.
Deborah alerta sobre a necessidade de identificar e diferenciar o que é o hábito de precisar dormir com os pais e o que é realmente medo. Muitas vezes, são situações que se misturam, mas precisam ser trabalhadas de formas diferentes. "O que começa como medo, pode terminar como um hábito", diz.
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