É possível que você já tenha se deparado com os desenhos de Thaiz Leão nas redes sociais. A ilustradora é criadora da página "Mãe solo" e retrata, de forma sincera e bem humorada, os detalhes da rotina com o filho de 2 anos.
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Thaiz começou a desenhar de forma despretenciosa em 2014 e compartilhou a primeira tirinha no próprio perfil do Facebook. A ideia era dividir com os amigos as angústias e inquietações de ser mãe solo
. Porém, para a surpresa da ilustradora, os compartilhamentos foram aumentando e outras pessoas se identificaram com o trabalho. A partir disso, surgiu a ideia de criar um local específico para divulgar as tirinhas.
Thaiz, assim como muitas mulheres brasileiras, não planejou a gravidez e quando seu filho nasceu, assumiu a responsabilidade sozinha. Apesar do pai da criança passar um período com o pequeno, é ela a responsável pela criação na maior parte do tempo.
O desenho foi uma forma de militância e uma ferramenta para desabafar e dividir com as outras pessoas o que estava sentido. “É um espaço onde eu compartilho minhas experiências , meus aprendizados e minha queda”, comenta em um papo com o Delas.
Maternidade real
Ao contrário do que se costuma imaginar, a maternidade pode ser nem um pouco romântica. O cansaço, a falta de tempo e a exaustão também fazem parte da rotina das mães. Mas por conta da idealização, muitas mulheres acabam frustrando-se e se culpando. “Eu não estava preparada para aquela mãe que eu encarava no espelho”, desabafa Thaiz.
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Para a ilustradora, a sociedade mascara fatos como violência doméstica, assédio e maternidade. Por isso, é tão importante retratar o dia-a-dia com o filho sem omitir os detalhes, por mais difíceis que pareçam ser, mostrando o peso de ser mãe e as consequências que isso traz à vida da mulher. "Com a maternidade eu entendi o peso de ser mulher", afirma.
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Mãe solo?
É comum que as mulheres sejam colocadas como as responsáveis pela criação dos filhos e que pais sejam ausentes. Segundo dados de 2012 do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), existe uma sobrecarga da maternidade na vida das mulheres, que dedicam muitas horas semanais a mais no cuidados dos filhos do que os homens.
Por isso, o uso e a reafirmação do termo mãe solo no lugar de "mãe solteira". São mães que lidam com toda a responsabilidade e pressão da fase. “Por mais que eu tenha alguém ao meu lado, eu estou cumprindo a maternidade sozinha ”, explica Thaiz.
Público
Já são mais de 60 mil pessoas curtindo a página e interagindo nas redes sociais. Segundo Thaiz, 95% do público da página são mulheres, mas nem todas são mães. Algumas não pretendem ter filhos e outras ainda são adolescentes. “Eu não criei uma super heroína, a 'Mãe solo' é uma roupa que cabe em todas”.
Para a ilustradora, o espaço funciona como uma válvula de escape para outras mães . É possível perceber isso nos comentários das publicações, onde são feitos relatos de identificação e desabafos. É um momento onde as mães percebem que não estão sozinhas e que outras mulheres passam pelas mesmas dificuldades.
“Eu dou uma ponte para que essas mães possam revolucionar a micro realidade delas”, comenta a mãe solo.
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