À frente do "Encontro" nas manhãs da Globo, a jornalista e apresentadora Patrícia Poeta, de 47 anos, relembrou de uma fase traumática que vivenciou durante o parto de Felipe Poeta , de 21 anos. À época do nascimento do primogênito, em 2001, ela estava fora do Brasil e relatou que foi vítima de violência obstétrica.
As declarações foram dadas em entrevista à "Universa", do UOL. "Você não percebe a violência até ter entendimento. Muitas vezes, só acha que foi um "parto ruim". Mas, com o passar do tempo e as informações, como o relato de outras mulheres, percebi realmente o que aconteceu", iniciou.
Segundo Poeta, quando estava com 41 semanas de gestação, ela foi a uma consulta rotineira e foi submetida, sem aviso prévio, à indução do trabalho de parto. Sem a mala do bebê, a jornalista contou que pediu remédios e anestésicos para a equipe médica, que não deu nada para que a dor dela diminuísse.
"Foram 14 horas para que o bebê nascesse de parto normal. Coisa que não tinha chance de acontecer. Nessas horas, de cinco em cinco minutos, a dor, com o parto induzido e sem anestesia, era extrema. E, apesar de passar por tudo aquilo e pedir por medicação, nada me foi dado", desabafou.
"Alguns podem dizer que é algo cultural. Não é! Nessa hora, o que deve prevalecer é o bem-estar da gestante e a saúde de ambos. Pois o médico e as enfermeiras mantiveram a decisão de seguir assim até chegar ao ponto da saúde e a vida do Felipe estarem em risco. Um absurdo", acrescentou.
Patrícia elencou que, após as 14 horas de tentativa para o parto normal, ela foi submetida a uma cesariana. Por isso, a jornalista diz que passou pela "experiência de ter dois partos para um único filho".
"Depois de todas essas horas sofrendo, fui levada para uma sala de cirurgia. Começava um novo parto, no dia seguinte. Dessa vez, cesariana. Nessa hora, a sensação que tinha era de que não existia mais. Não tinha sobrado nada de mim. Sensação de não ter mais forças", lembrou.
"Era como se tivesse passado por uma tortura. Meu coração estava mais acelerado do que nunca. Tinha medo, muito medo de tudo que tinha vivido nas últimas horas e do que poderia acontecer", denunciou.
Poeta relata que o trauma sofrido continua mexendo com ela. Segundo a apresentadora do "Encontro", ela sequer consegue acompanhar obras audiovisuais que tenham cenas que remetam ao parto de um bebê. "Tenho um trauma tão grande que até hoje não consigo ver filmes, documentários de parto. Criei uma espécie de bloqueio", pontuou.
"Ser mulher é resistência e resiliência. É carregar dentro de si um instinto de sobrevivência. É estar sempre alerta e vigilante. Nem na hora do parto dá para relaxar", defendeu.
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