Em menção ao 1º Encontro de Mulheres Negras Latino-Americanas e Caribenhas, realizado pela ONU em 1992, o dia 25 de julho foi escolhido para homenagear a luta e a resistência dessas mulheres. No Brasil, a data foi oficialmente reconhecida pela Lei nº 12.987, de 2014, que institui o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.
Luana Corrêa, gerente de comunicação e novos negócios da Mais Diversidade no Rio de Janeiro, lembra que o tema reflete a luta de mais de 40 milhões de brasileiras. "É um momento de celebração da nossa existência e resistência, mas é, principalmente, um momento de reflexão sobre como a sociedade pode avançar em garantir a segurança, a inclusão e o empoderamento genuíno das mulheres pretas e pardas", diz.
Quando falamos em mercado de trabalho, a taxa de desocupação das mulheres negras (13,9%) é mais que o dobro da dos homens não negros (6,1%), segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), considerando o segundo trimestre do ano passado.
"Precisamos que o poder público e o privado se mobilizem para que as estruturas desiguais mudem. Uma pesquisa do Instituto Ethos mostrou que apenas 4,6% dos cargos de liderança nas 500 principais empresas do Brasil são ocupados por pessoas negras. Quando se trata das mulheres negras, essa porcentagem cai para menos de 1%", reforça Luciene Rodrigues, gerente de projetos de impacto social no Mover (Movimento pela Equidade Racial).
A importância de ações afirmativas
No mercado de trabalho, o principal desafio é a discriminação racial e de gênero em si, especialmente durante a contratação, capacitação e promoção das mulheres negras, o que pode limitar as oportunidades disponíveis para elas, além de terem que conviver em um ambiente de trabalho, muitas vezes, hostil e nada acolhedor. É o que avalia Marcela Assis, gerente de contas sênior para produtos eletrônicos de consumo na Amazon e cofundadora do BEN Brasil (sigla em inglês para " Black Employee Network" ).
O BEN tem como objetivo principal fornecer uma estrutura de apoio para funcionários negros e, ao mesmo tempo, promover a inclusão e a diversidade em todos os lugares onde a gigante varejista atua. O grupo conecta membros e mentores e oferece workshops de desenvolvimento pessoal e de carreira.
"A escassez de mulheres negras em posições de liderança e cargos de destaque ainda contribui para a falta de representatividade e de modelos a serem seguidos. Isso acaba por perpetuar os estereótipos e dificultar ainda mais a inserção e o desenvolvimento dessas mulheres no mercado. O problema é bem grave, pois em um país como o Brasil, temos obstáculos socioeconômicos que restringem o acesso a uma educação de qualidade, afetando diretamente as oportunidades profissionais destinadas a elas", afirma Marcela.
A executiva explica que ações afirmativas — como vagas exclusivas, por exemplo — contribem para aumentar as oportunidades para grupos historicamente sub-representados ou marginalizados na sociedade. "Em todo o mundo, as pessoas negras enfrentaram séculos de discriminação e exclusão, o que levou a desigualdades significativas quando falamos de oportunidades. As ações afirmativas ajudam a corrigir essas desigualdades, e é importante que tenhamos aliados nessa causa".
Para ela, esse tipo de ação é apenas uma parte de uma estratégia mais ampla para promover a igualdade racial, pois também são necessárias outras medidas, como treinamentos em diversidade, promoção de um ambiente de trabalho inclusivo e políticas de não discriminação durante todo o ano.
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