As atividades que conhecemos como limpar a casa, cozinhar e cuidar dos filhos são tarefas definidas como economia do cuidado, que engloba toda ação desempenhada a prestar serviço à satisfação e necessidade do outro, em sua grande maioria é atribuída às mulheres. Segundo o relatório desenvolvido pela Oxfam em 2020, 90% do trabalho de cuidado no Brasil é feito informalmente por famílias e, desses 90%, quase 85% é responsabilidade de mulheres.
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Além disso, a perspectiva também é preocupante para o cenário econômico tradicional, visto que se os trabalhos domésticos fossem contabilizados representaria 15,4% do PIB, sendo assim, há também a oportunidade de formalizar esse tipo de trabalho e diminuir as desigualdades de gênero.
“Temos um grande debate pela frente sobre a economia do cuidado e a divisão desses trabalhos domésticos, que na nossa sociedade patriarcal, caem nos ombros das mulheres”, comenta Carine Roos, socióloga e CEO da Newa, empresa de consultoria em DE&I e saúde emocional para as organizações.
Deste modo, vemos um cenário onde mulheres obtém uma dupla jornada de trabalho extremamente desiguais aos homens. Para a Newa, a recomendação para as organizações é o desenvolvimento de políticas, práticas e processos que contemplem a economia do cuidado e as famílias.
“Existe um âmbito muito forte nas empresas de produtividade acima do bem-estar humano e a exclusão das necessidades de cada colaborador, principalmente das mulheres que acabam sendo mais afetadas nesse trabalho não remunerado. É preciso um diagnóstico profundo e qualificado para entender como a organização pode ajudar na rotina dessas colaboradoras”, pontua Carine Roos.
Para as empresas que estão atentas à equidade de gênero e estão se adequando à agenda ESG, pensar em maneiras de melhorar esse cenário é fundamental. Carine ainda aponta que as organizações devem criar um plano de carreira pensando na economia do cuidado, conciliando e flexibilizando as rotinas de trabalho.
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“Essas práticas feitas pela liderança precisam partir de uma conversa humanizada, sem pressupor algo e entendendo as necessidades de forma integral. Temos que trabalhar esse olhar de que o pessoal sempre esteve interligado no profissional e é claro, incluir e desenvolver práticas que contemplem a responsabilização dos homens pelo cuidado. Trazer a pauta para a mesa é extremamente importante, mas precisamos ir além e trabalhar em sensibilizações e ações educacionais para todos os colaboradores”, finaliza Carine Roos.