Depois da conquista inédita da medalha de ouro na maratona aquática nesta terça-feira (3), Ana Marcela Cunha entrou para o panteão dos heróis olímpicos. Ana, que buscava uma medalha olímpica desde 2008, não se abalou pela derrota no Rio em 2016 e foi atrás da conquista, apesar da pandemia e das dificuldades logísticas para chegar até Tóquio.
Por conta da Covid-19, os pais e a namorada de Ana Marcela não puderam ver de perto o resultado de anos de dedicação, mas torceram a mais de 18 mil quilômetros de distância, no Brasil. Para o iG Delas, a mãe, Ana Patrícia, comentou sobre as emoções e o caminho para o ouro, que começou na capital baiana, Salvador, cidade de origem da família.
Ana conta que já tinha tudo pronto para vibrar pela filha presencialmente. "Já tínhamos comprado os ingressos e as reservas de hospedagem, quando veio a pandemia, tudo mudou. O jeito foi assistir pela TV torcer e gritar bastante", disse. Em vídeo, Ana Patrícia e o marido, George Cunha mostraram como comemoraram a conquista: gritando em casa, do 27º andar do prédio.
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Com 15 anos de idade, ela e os pais se mudaram para Santos, litoral de São Paulo, para treinar e competir pela Universidade Santa Cecília. Segundo Ana Patrícia, essa mudança não teve o menor arrependimento. "Não pensamos duas vezes em se mudar. Poder oferecer a Ana Marcela excelentes condições de treinamento e educacional de qualidade, era tudo que precisávamos", conta.
Como Santos também é uma cidade litorânea, como Salvador, se mudar não foi um problema. "Não tivemos nenhuma dificuldade de adaptação", conta. Além da Unisanta, Ana Patrícia foi uma das primeiras atletas a entrarem no projeto de atletas de alto rendimento das forças armadas, se tornando terceiro sargento da marinha.
Para a mãe, estes dois investimentos em Ana Marcela foram fundamentais para a formação dela. "Já se vão 14 anos de parceria e incontáveis vitórias com a Unisanta, a medalha olímpica é a cereja do bolo, uma cereja dourada. O programa de alto rendimento da Marinha do Brasil veio para somar, é um suporte a mais", conta. Para Ana Patrícia, o projeto trouxe para a filha aprendizados como disciplina e regras.
Apesar do 5º lugar em 2008, da não classificação para Londres em 2012 e o 10º lugar em 2016 no Rio, Ana Marcela nunca pensou em desistir. "Nunca cogitou desistir. É como ela mesmo fala: ela faz o que ama", conta. Ana Patrícia conta que o apoio familiar foi essencial nesses momentos. "A resposta está na família, poder apoiar. Somos muito unidos, dar ainda mais amor nos momentos difíceis é o segredo", diz.