Jaqueline e Luciano, pais de Kathlen Romeu, grávida morta no Rio de Janeiro
Reprodução/TV Globo
Jaqueline e Luciano, pais de Kathlen Romeu, grávida morta no Rio de Janeiro

Os pais de Kathlen Romeu, jovem grávida morta ao ser atingida por um tiro de fuzil no Complexo de Lins, zona norte do Rio de Janeiro , participaram do "Encontro" na manhã desta quinta-feira (10). O casal Jaqueline e Luciano criticaram a maneira como as operações policiais são feitas nas comunidades e o alto número de negros mortos nessas situações.

"As vidas só importam na zona sul. As operações são diferentes, são menos desastrosas. Tudo que ensinam para a gente, que você tem que estudar, andar com pessoas de bem, se formar, é perdido no meio do caminho", diz a mãe de Kathlen.

"Devastaram a minha vida. Devastaram a vida da minha família", continua Jaqueline. A mãe da jovem fala que estava no trabalho quando a filha foi atingida pelo tiro e conta que o marido foi buscá-la para irem ao hospital. Parentes contaram para ela por telefone que Kathlen havia sido atingida no braço, mas chegando no hospital descobriu que ela já estava morta.

"Como moradora de comunidade, eu sei das covardias que aconteceu. Eu pensei em tiro de fuzil e pensei que o braço dela pudesse estar pendurado.
Eu jamais imaginaria que ela morreu. A única coisa que eu perguntei foi como um tiro no braço mata alguém, tem alguma coisa errada", lembra. "Ela foi ceifada, foi arrancada brutalmente", lamenta Jaqueline.

Luciano, pai de Kathlen, conta o que ele ouviu de moradores do Complexo de Lins. Ele fala que a versão que lhe contaram é que a jovem foi visitar a avó e as duas não sabiam da operação policial. O pai da jovem fala que quando elas passaram os policiais teriam atirado porque estariam mirando nos traficantes.

"Todos nós, pessoas de bem, a gente tem medo de onde a gente mora. Agora, infelizmente não importa de onde veio o tiro que matou a minha família. O que importa é uma reformulação da maneira de atuação das forças de seguranças", diz Luciano. Jaqueline completa que é necessária uma mudança no combate ao tráfico de drogas e na forma como são feitas as abordagens policiais.

"Eu não tenho mais vida. Eu não sei viver sem a minha filha desde que ela nasceu. Tudo o que eu lutei foi para ela. Eles enterraram a minha filha, enterraram meu neto e os nossos sonhos. Eu peço justiça. Essa morte não pode ser em vão, que seja a última dessa forma", diz a mãe de Kathlen Romeu.

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