Segundo informações do próprio instituto, as mulheres formaram a grande maioria das equipes de pesquisa científica do Butantan
Instituto Butantan/Reprodução
Segundo informações do próprio instituto, as mulheres formaram a grande maioria das equipes de pesquisa científica do Butantan

Um dos maiores centros de pesquisa e produção de imunobiológicos do país, o Instituto Butantan revelou que tem 71% de seu corpo científico formado por mulheres. Do total de pesquisadores contratados, seja via Fundação ou Instituto, apenas 29% são homens. 

Nem sempre foi assim, pelo contrário, essa é uma mudança que vem acontecendo recentemente por conta da maior quantidade de mulehres que têm acesso ao ensino superior.

“Se olharmos as fotos antigas dos laboratórios do Butantan, veremos uma maioria de homens e poucas mulheres. Acredito que essa chave tenha virado com o próprio acesso às universidades porque, antigamente, para alguém fazer um curso superior era preciso se deslocar para as cidades grandes ou até mesmo para fora do país e era muito raro mulheres conseguirem fazer isso, ou inclusive serem aceitas socialmente nesses espaços”, disse Ana Marisa Chudzinski, diretora do Centro de Desenvolvimento e Inovação do Instituto. 

Isso, porém, não garante que a área de pesquisa biológica seja de livre do machismo. 

 “Já passei pela situação, em congressos e em outros encontros, de descobrir que se referiram a mim como ‘o pesquisador Sampaio’, antes de me conhecerem pessoalmente. A primeira ideia até hoje é de que o nome assinado no artigo nunca é de uma mulher. No imaginário continua a imagem de um homem”, contou Sandra Sampaio, diretora do Centro de Desenvolvimento Científico.

Outro comportamento comum em relação às mulheres são os questionamentos relacionados à vida pessoal e à carreira se convergem em algum momento, especialmente no caso da maternidade. Dados obtidos pelo projeto Parent in Science, com 885 pesquisadoras, mostram que essas mulheres passaram por uma queda no número de publicações (indicador de produtividade) após o nascimento de um filho, não em razão das suas novas demandas pessoais, mas, sim, devido às exigências de desempenho e progressão profissional.

“O que conseguimos construir é ainda maior quando consideramos que, apesar dos papéis concebidos socialmente, seja a maternidade, seja como cuidadora de um familiar, nosso papel científico passou a ser reconhecido e nós sempre estivemos na ciência. Andamos com a pesquisa e temos importantes líderes em temáticas e estudos”, concluiu Sandra.

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