No começo do mês, o Amapá ficou 12 dias consecutivos sem luz, em um apagão que atingiu 13 das 16 cidades do estado
. No segundo dia, Elaine Neves, de 38 anos, entrou em trabalho de parto e, em uma situação de risco, teve que dar a luz em uma sala escura. As informações da reportagem são do Universa UOL.
A gravidez era de risco por conta de sua idade, a diabetes e pelo bebê ser muito grande, com 4kg, portanto o plano era fazer uma cesárea. Quando ela chegou no Hospital da Mulher Mãe Luzia, na manhã do dia 4 de novembro, Macapá já havia passado o dia no escuro.
"Na quarta-feira pela manhã eu fui internada, o gerador já estava funcionando havia muitas horas no hospital. De vez em quando ele apagava. Quando eu entrei na sala de cirurgia, deitada na maca, a energia caiu", contou Elaine ao UOL. A mulher teve que tomar um sedativo além da anestesia, por orientações médicas.
A recém-nascida Sarah Beatriz é a quarta filha do casal Elaine e Bruno, que são pastores. Por conta disso, a pastora pretendia fazer uma laqueadura após o nascimento de Sarah. Quando eu fui levada ao quarto, a médica me explicou que, para evitar complicações e como eu estava sentindo muita dor durante a operação - mesmo sedada eu gritava de dor -, eles não conseguiram finalizar a laqueadura", explicou.
Elaine se refere a equipe de médicos como heróis. "Eu lembro da médica falando com a equipe: 'Corram para outra sala e peguem lanternas'. Foi nesse momento que me sedaram. Eles finalizaram os pontos da minha barriga sob a luz do celular", disse.
A cirurgia durou cerca de uma hora. Bruno teve que ficar do lado de fora sem receber nenhuma notícia da esposa. "Quando eu cheguei no hospital, estava uma correria fora do normal. O hospital todo no escuro. Atendentes, enfermeiros, todos correndo. Neste momento eu orei".
Elaine não pôde ver a filha até sair do centro cirúrgico. "A primeira vez que eu vi a Sarah eu já tinha saído do centro cirúrgico e minha amiga enfermeira que acompanhou o parto me falou que a bebê estava bem. Quando ela chegou com a Sarah, eu estava desesperada, naquele momento a Sarah começou a chorar e desceu muitas lágrimas dos meus olhos, e eu peguei na mãozinha dela e disse: 'Minha, filha nós vencemos'", contou.