O BBB20 tem transcendido as conversas sobre paredão e afinidades e chegou nas redes sociais carregando questões sérias. Depois do caso de assédio envolvendo o ginasta Petrix e do termo ‘sororidade’ explicado por Manu Gavassi , o público agora vê uma relação abusiva entre Guilherme e Gabi.
As especulações começaram depois de uma conversa dos dois no jardim (assista abaixo). Muitos fãs apontaram o dedo para Guilherme o classificando como “tóxico”. Mas o que significa todos esses termos? A psicóloga e especialista em psicodrama terapêutico, Marina Vasconcellos, explicou como identificar um relacionamento abusivo .
“Tem várias formas. Uma é quando a pessoa inverte a situação. Ele/Ela provoca uma situação e o outro se sente mal. Aí você vai reclamar, dizendo que está te fazendo mal e ele [tóxico] inverte, dizendo ‘não, como assim? Você que é a culpada’", exemplifica Marina.
O problema ainda vai além. "Ele nunca aceita que tem a responsabilidade de ter feito algo para o outro. A pessoa até chega a pedir desculpas, ela se sente culpada, péssima e sai como a vilã da história. E o vilão sai como a vítima”, continua.
Ainda há outros tipos de homens ou mulheres tóxicas em uma relação. “ Pessoas tóxicas , os ciumentos patológicos, são aquelas que controlam sua vida o tempo inteiro. Querem saber com quem você está, com quem falou, o que falou; invadem o celular, e-mail, rastreiam rede social e etc. Essas características são do ciumento patológico (que é uma doença) que fica em cima, controlando e duvidando de tudo que você fala", cita a especialista.
"E não adianta argumentar, ele vai achar que tem alguma coisa ali, que você está mentindo ou traindo. Quando a pessoa fica o tempo todo te controlando e te colocando em cheque, isso é extremamente abusivo e tóxico”, afirma Marina.
Quando o abuso passa do verbal e chega até a violência física, a situação está extrema e errada. “É melhor cair fora. É uma situação de poder, o outro quer te subjugar pela força”, explica.
Por que é tão difícil perceber que está em relacionamento abusivo ou tóxico?
Voltando ao "BBB20", Guilherme e Gabi vivem idas e vindas e, no meio disso, outras mulheres da casa tiveram conversas da cantora alertando para o que consideravam um mau comportamento do modelo. Pelo que foi exibido no programa, isso a deixou confusa, mas ela decidiu manter o relacionamento.
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A psicóloga também lembra que os agressores podem ser tanto homens como mulheres e que, em diversas ocasiões, as vítimas dos abusos não conseguem enxergar o que vivem e é nessas horas que a família e os amigos precisam ajudar.
"Quando alguém se propõe a participar deste tipo de relacionamento é porque também não está no ideal de sua segurança emocional . O caminho não é confrontar, é se colocar ao lado, tentar passar para a pessoa em questão que entende a situação e começar a propor alguns ajustes comportamentais que esclareçam, ou melhor, clarifiquem o foco da pessoa", explica Osmar Bria, analista comportamental.
A expressão corporal pode servir de aviso?
Após a discussão no gramado da casa, Guilherme e Gabi passaram ao lado de Manu e Rafaela Kalimann, que conversaram sobre a postura corporal dela (assista abaixo). Questionada sobre se isso pode refletir os efeitos de um relacionamento abusivo, a psicóloga confirma, mas faz ressalvas.
“Se você tem depressão (Gabi é depressiva) e não necessariamente o outro é toxico, é você que precisa de um tratamento para a doença. Mas se você tem depressão e se relaciona com alguém tóxico aí juntou ‘a fome com a vontade de comer’", comenta Marina.
"Quem tem depressão não consegue se defender, se sente errado e pensa ‘eu não sirvo para nada, ninguém gosta de mim, eu não mereço ser feliz’ e etc. Se ela se juntar com alguém que se acha ‘o tal o gostosão’, ela vai se sentir péssima. Um põe o outro para baixo e o outro já se põe para baixo”, explica.
De toda forma, a pessoa que é vítima do abuso precisa entender que tem algo errado em seu relacionamento para pode agir. “Se você se sente pesada ou ansiosa numa relação, tem alguma coisa errada. Não é saudável. Numa relação é preciso ter respeito pela liberdade e pelos pensamentos. O controle excessivo é totalmente tóxico”, finaliza Marina.
O abuso disfarçado
Como dito acima, muitas vítimas não conseguem perceber que vivem um relacionamento abusivo . Há quem diga que o abuso é só quando parte para a agressão física, mas existem pequenas frases e situações cotidianas que demonstram o abuso que, às vezes, nem parece tão ofensivo.
A psicóloga Marina Vasconcellos citou dois exemplos simples e explicou o porquê eles são problemáticos.
- “Mulher minha não vai em barzinho com os amigos” - Ninguém é de ninguém, essa frase reflete que a pessoa entende a relação como posse e está errado;
- “Estou fazendo isso porque cuido de você. Gosto muito de você’ - Tome cuidado com essa situação. Muitas pessoas controlam e dizem que estão cuidando.