Em novembro de 2012, quando tinha apenas 16 anos, a estudante de direito Leticia Sobral, hoje com 23, começou a conversar com um rapaz mais velho, de 28, que ela conheceu no ateliê da mãe. Pouco tempo depois, a intimidade aumentou: no Natal, ele lhe comprou presentes, e, no Ano Novo, viajaram juntos.
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O que ela não imaginava é que logo ia passar por uma série de traições e se ver em um relacionamento abusivo, que só acabaria com a ajuda de uma ex do namorado .
A primeira traição: duas namoradas ao mesmo tempo
Certo dia, no entanto, sua mãe ligou e pediu que ela fosse para casa. Foi quando a jovem descobriu a primeira traição. “Quando chego, vejo a ex-namorada ele. Ele não sabia onde enfiar a cara. Terminamos. Isso porque ele não tinha terminado com ela para ficar comigo”, conta Letícia em entrevista ao Delas .
Depois de alguns meses, ela decidiu reatar o relacionamento. “Ele ‘provou’ que não tinha nada com ela”, diz a jovem.
A segunda traição: declaração de amor em churrasco dos amigos
Letícia e o rapaz seguiram juntos e, no quinto mês de namoro, os pais da jovem a proibiram de sair aos finais de semana. Isso aconteceu justamente na época em que uma amiga iria comemorar seu aniversário com um churrasco, mas a estudante estava proibida de ir. Mais uma traição do namorado estava por vir.
“Ele me mandou mensagem perguntando se tinha problema ele ir. Não, né? Afinal, todos os meus amigos estariam ali. Dias depois, através de uma fofoca e de uma foto dele de costas beijando a menina, descobri que a minha amiga armou para ele poder fazer uma declaração para a prima dela na frente de todo mundo, mesmo sabendo que todos me conheciam”, diz.
Depois disso, Leticia conta que o rapaz chorou e implorou seu perdão. Ele disse que só havia feito isso porque achava que o relacionamento deles estava acabando por conta da proibição em deixá-la sair com ele. “Eu era tão manipulada que não enxergava o que estava na minha cara e acabei perdoando porque, por mais que eu tentasse, eu acabava presa de algum maneira”, pontua.
A terceira traição: “Fritando os ovos”
Nessa nova chance, a jovem foi vítima, de novo, de traição. Após um tempo, ela conta que passou a dormir na casa do namorado e que, por lá, havia uma padaria. Ele sempre se levantava e ia comprar pão e, em alguns dias, demora muito para voltar, mas sempre com uma “boa desculpa”. “Foi quando contaram que ele tinha uma amante perto de casa, ao lado da padaria”, ressalta.
“Enquanto eu fazia o café, ele ‘fritava os ovos’, se é que me entende”, descreve Letícia. “Foi outra novela com choro e pedido de desculpa público. Eu já estava saturada demais. Mas, pelo tempo que estávamos juntos, acabei aceitando”, destaca a jovem.
A quarta traição: coração com nome da outra desenhada no boxe
O namoro seguiu e Letícia conta que precisava ver o rapaz em horários não convencionais para os pais não suspeitarem. “Então, de manhã, eu fui pra casa dele e, apesar do carro na garagem, ele insistia dizendo que não estava lá, porque emprestou a casa para um amigo e foi dormir na casa do pai, que era uma pousada”, lembra.
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Ela acreditou no que o namorado havia lhe dito e decidiu voltar para casa. No entanto, algumas horas mais tarde, soube da verdade. “Por volta do meio dia, ele me buscou e a gente foi para a casa dele. Quando fui tomar banho, vi o boxe embaçar e o nome ‘Mikaele’ com um coração e o nome dele”, desabafa.
Quando isso aconteceu, a estudante ficou sem reação. “Fui para casa como se nada tivesse acontecido. Chorei dois dias seguidos", conta.
A quinta traição: a dançarina do cantor
A história continua... “Teve uma festa no clube da minha cidade [Itapetinga, na Bahia] e ele jurou que não ia”, fala Letícia.
“Minha tia ligou pra minha mãe e contou que não só ele foi como estava se atracando com uma das dançarinas do cantor. Eu levantei da cama disposta a quebrar o carro dele inteiro, mas fui até a casa dele esperar ele chegar e o carro estava na garagem. Foi motivo suficiente para ele dizer que estava dormindo e não estava em lugar nenhum e minha tia era uma mentirosa”, lembra.
Letícia, por sua vez, acreditou nas palavras do namorado. No entanto, a situação já não era das melhores. “Pela quantidade de brigas, por infidelidade , eu comecei ser ameaçada, manipulada e, muitas vezes, agredida. É isso que um relacionamento abusivo faz. Ele te coloca dentro de um labirinto e você vive constantemente tentando sair”, pontua.
Leticia ainda aponta que o rapaz estava ficando doente e imaginando situações que não existiam. “Tinha certeza que eu já havia traído também. Mentia 24 horas por dia e me afastava de todas as pessoas que tentavam mostrar quem ele era. Naquela altura, eu estava sozinha, sem amigos, agredida verbalmente e psicologicamente”, relembra.
Ex do rapaz ajudou a dar fim ao relacionamento abusivo
Sempre que tentava sair do relacionamento, a jovem diz que algo a puxava de volta. Até que, um dia, ela viu uma mensagem da ex-namorada no celular dele (a mesma de 2012) e foi procurá-la para conversar. “Ela me contou que todo esse tempo eles estavam juntos também e que ela tinha acabado de sofrer um aborto”, diz.
“Eu pedi ajuda a ela. Falei que precisava sair disso”, destaca. Já em 2015, ela viu tudo mudar. “Foi quando nós duas batemos na porta dele. Eu disse tudo que ficou entalado na minha garganta por anos e fui embora. Mudei de cidade e de vida. Ele ainda tentou voltar me chantageando com um vídeo de sexo, mas meu santo é forte e eu consegui apagar”, destaca.
O fim do relacionamento com o ex- namorado não foi fácil para a jovem. “Foi um inferno pra terminar com ele. Ele me seguia. Me ligava 40x por dia. Mandava 20 SMS por hora. Tentava a todo custo falar comigo. Fazia cena nos lugares. Eu tive que mudar de cidade para ficar livre. Fui para Vitória da Conquista”, comenta.
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“Entre muitas outros boatos de traição, foram esses que me marcaram. Eu consegui sair viva disso graças a minha mãe e a ex dele, que foi o motivo do meu ódio. Foi um vídeo da Jout Jout que me fez entender o que era um relacionamento abusivo e foi naquele momento que decidi procurar por ela. Aquela que começou o ciclo de traição foi a mesma que me tirou dele”, finaliza.