Alessandra Botham, da Inglaterra, tem 25 anos e dizem que é uma ótima confeiteira. Mas ao contrário de muitos que se encontram na cozinha, ela não costuma comer ou provar o que prepara. Para os amigos, tudo é uma delícia, e resta a ela acreditar, já que foi diagnosticada com anorexia e só “come com os olhos”.
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“As receitas são baseadas em coisas que eu acho que seria bom comer, mas não como nada que faço”, contou a confeiteira ao Daily Mail, ao revelar que levou muitos anos para descobrir que realmente sofria de anorexia . “Eu não sabia que tinha uma doença, só sabia que não gostava do meu peso e curtia esse hábito de restringir o que comia”, explicou.
A descoberta aconteceu em setembro do ano passado, depois de Alessandra passar por vários especialistas. Antes disso, sem saber o que tinha, ela sofria com uma obsessão maluca pelo corpo ideal e foi quando percebeu que estava muito abaixo do peso, que resolveu dedicar toda a sua força à cozinha.
“Digo que sou um paradoxo ambulante porque comecei a assar bolos e fazer tudo mais corretamente quando comecei a passar fome”, disse ela. O interesse pelos pratos doces, no entanto, acompanha a moça desde muito cedo. Na infância, ela já tinha vontade de preparar pratos mais elaborados e foi isso o que a motivou a cursar confeitaria.
"A ironia era uma estudante de confeitaria, que adorava preparar receitas e assar, restringir a alimentação”, afirma. Seis meses depois de concluir o curso, Alessandra conseguiu um emprego em um hotel de luxo. Lá, ela disse que trabalhava muito, preparava muitos doces e massas e começou a se preocupar com sua rotina de exercícios, que precisou ficar em segundo plano.
“Eu sabia que tinha que comer em certos momentos, caso contrário, ficaria mais doente”, revelou. Na época, a confeiteira tinha consciência de que alguma coisa teria que ser feita, mas seu corpo não aguentou nem dois meses de trabalho por conta da longa jornada na cozinha, com horários inflexíveis e sem a chance de praticar atividade física, o que a deixava perturbada.
Mulher conta que seu estilo de vida não valeu a pena
Quando percebeu que não estava aguentando passar o dia todo na cozinha do hotel de luxo, Alessandra resolveu procurar um novo emprego, achando que assim resolveria o seu problema. Trabalhando como assistente de vendas, ela percebeu que a situação era mais grave do que ela imaginava.
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Sem conseguir controlar a compulsão por exercícios físicos com a intenção de ficar muito magra, ela chegou a correr por horas na rua e começou a sentir frio, dores e cansaço. No período, a jovem só tinha 20 anos e precisou ser encaminhada com urgência para uma clínica especializada em transtornos alimentares.
No espaço de saúde, Alessandra encontrou ajuda para descobrir maneiras de incluir alimentos que há muito tempo ela já não consumia, por medo de engordar, em sua dieta. Além do apoio de nutricionistas, a confeiteira precisou fazer acompanhamento psicológico para entender que também sofria de TOC (transtorno obsessivo-compulsivo), por conta de sua extrema necessidade de se exercitar.
Hoje, ela entende que as loucuras que fez para perder peso não foram positivas para sua saúde. Pouco mais de um mês após deixar a clínica, ela ainda sente medo de encarar o mundo real, mas acredita que tem potencial para isso. “'Não estou recuperada nem de longe, mas sei que sou corajosa por ter aceitado a ajuda. Você tem que querer ajuda para obter resultado, e se você não quiser, você não vai superar isso”, disse, aconselhando pessoas que também sofrem de anorexia.
Com o sonho de ser mãe um dia, Alessandra está focada em ser um bom exemplo e até compartilhou sua história nas redes sociais para que outras pessoas não caiam nessas “armadilhas” que o próprio pensamento nos coloca. “Eu quero ter filhos um dia, e eu quero que eles cresçam com uma mãe saudável, não com um distúrbio alimentar. Não quero que meu filho passe a vida da mesma maneira. Meu filho será bem alimentado”, disse.
No Instagram, confeiteira emocionou seguidores com mensagem para ela mesma
Alessandra, que sempre posta fotos de doces, resolveu surpreender e mostrar um clique de seu antes e depois do tratamento para a anorexia. Para alguns, a moça não aparece tão diferente nas duas fotos, mas ela fez questão de informar, antes de escrever um texto para ela mesma, que “muitas pessoas acreditam que a Anorexia é uma doença física extrema. E não é. É um extremo mental que tem sintomas físicos”.
Para ela, não dá para olhar para uma pessoa na rua e saber se ela sofre de um transtorno alimentar porque o peso varia muito. Mas ela enxerga a mudança com alegria. “Suas bochechas podem estar um pouquinho mais cheias. Você ainda não tem absolutamente nada de peitos e suas pernas ainda estão finas. Embora suas coxas possam estar mais cheinhas, algo que eu sei que te dá uma grande aflição, é um sinal de recuperação”, escreveu.
No mesmo post, Alessandra disse que a foto da direita mostra uma menina que não está faminta e não está subnutrida. É uma garota saudável, enquanto a da esquerda sofria constantemente com dores no estômago, comia menos de 500 calorias por dia e fazia exercícios físicos escondida. “Pode parecer confortável e segura, mas isso é anorexia e isso traz dor”, contou, admitindo que não sabe se terá forças para continuar o tratamento.
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“Como, todos os dias, pensando em voltar a parar de comer. Tenho medo de voltar ao peso anterior, mas sei que se eu quiser ter uma vida, preciso continuar focada. Ainda não estou curada da anorexia , vivo com medo de todos os dias”, desabafou.