Quando a jovem Keziah Duam, de Utah, nos Estados Unidos, postou fotos arrumada para o próprio baile de formatura, não imaginava que as imagens viralizariam e gerariam uma extensa discussão sobre aspectos culturais. Para o evento, a jovem optou por usar um qipao ou cheongsam, vestido tradicional da cultura chinesa, e, ao publicar as fotos em seu perfil do Twitter, dividiu as opiniões dos outros usuários.

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Apenas um vestido ou apropriação cultural?

A jovem Keziah não agradou a todos quando escolheu um cheongsam, vestido tipicamente chinês, para a formatura
Reprodução/Twitter @Daumkeziah
A jovem Keziah não agradou a todos quando escolheu um cheongsam, vestido tipicamente chinês, para a formatura

O tuíte com as fotos de Keziah usando o vestido chinês já soma mais de 3,5 mil compartilhamentos e 54,5 mil curtidas, além de diversos elogios nos comentários. Porém, após começar a ganhar atenção, a postagem chegou a Jeremy Lam, descendente de chineses que vive nos Estados Unidos. O rapaz se mostrou realmente desconfortável com a escolha de roupas feitas pela moça para a formatura e a acusou de apropriação cultural .

Ao se manifestar pela primeira vez a respeito das imagens, Lam compartilhou o tuíte de Kezian e escreveu uma crítica:

"Minha cultura não é a porcaria do seu vestido de formatura".

No dia seguinte, Lam voltou ao Twitter para contar o que sabe sobre esse elemento da cultura da qual ele faz parte. Segundo o rapaz, esse tipo de veste era originalmente bastante simples e solto, além de designado às mulheres chinesas para a hora de limpar a casa ou realizar outras tarefas domésticas.

Lam conta que, com o tempo, ele passou a ser estilizado pelas próprias mulheres com bordados, novos tipos de tecidos e um caimento mais justo, mas, durante anos, elas não eram permitidas a usar essas vestes mais “femininas e sensuais” por aí. “Em uma era em que as mulheres asiáticas eram silenciadas, elas foram capazes de criar não apenas uma obra de arte, mas um símbolo de ativismo. Essa peça de roupa abraçava a feminilidade e a confiança”, comenta.

Após contar a história da vestimenta, Lam explica de onde vem o incômodo com as fotos de Keziah. “Tenho orgulho da minha cultura, incluindo as barreiras extremas que pessoas marginalizadas tiveram de superar. Sujeitar isso ao consumismo americano para atender uma audiência branca é paralelo a uma ideologia colonialista”, comenta.

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Após a crítica, outros usuários começaram a mandar mensagens para Keziah, questionando-a:

“Isso não é ok. Eu não usaria uma roupa tradicional coreano, japonês ou qualquer outra veste tradicional, e eu sou asiática. Eu também não usaria roupas tradicionalmente irlandesas, suecas ou gregas. Tem um bocado de história por trás dessas roupas. Triste”.

“O tema do baile era racismo casual?”

“Querida, você está linda, assim como esse cheongsam, mas estou curiosa... Você é parte chinesa?”

Após receber tantos tuítes com críticas (alguns dos quais foram compartilhados e curtidos milhares de vezes), Keziah deixou um recado em seu perfil:

“A todos que estão causando tanta negatividade: eu não pretendi desrespeitar a cultura chinesa. Estou apenas mostrando minha apreciação à cultura deles. Não vou deletar minha postagem porque não fiz nada além de mostrar meu amor pela cultura. É a p**** de um vestido. E é lindo”.

Lam voltou a se manifestar após a “resposta” da moça, se desculpando pela possibilidade de ter sido insensível e ferido os sentimentos de alguém com as críticas, mas segue firme na opinião. “Não vou me desculpar, porém, por falar sobre minhas preocupações e crenças. Eu devo isso a mim, à minha família e aos meus amigos”, explica o rapaz.

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Os recados à internauta continuam e, entre elogios e críticas, há também conselhos:

“Como você não é asiática, talvez seja melhor escutar pessoas que realmente são já que você fala tanto em ‘apreciar a cultura’”, diz uma usuária após Keziah afirmar que o vestido é uma peça "vintage".

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