O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) acaba de lançar uma iniciativa em parceria com o projeto Caretas e o Facebook para levantar o debate e ajudar jovens e adolescentes que foram vítimas de "pornô de vingança", ou seja, que tiveram vídeos ou fotos íntimas expostas na internet sem consentimento.
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Na ação, a jovem Fabi Grossi ganha vida, pelo menos nas redes sociais. Na realidade, ela é um "bot", criado pelas organizações responsáveis pelo projeto para simular ações humanas, e que se comunica com os internautas através do chat de mensagens do Facebook. A personagem tem 21 anos de idade e uma história para contar: ela foi vítima de pornô de vingança .
Fabi começa a conversa se apresentando e, depois, conta que acabou de descobrir que o ex-namorado, com quem se relacionou por dois anos, vazou um vídeo íntimo dos dois. O dilema da jovem é semelhante ao que muitas meninas que foram expostas online também passam e ela pede conselhos para os usuários, como se deve ou não contar para a família, por exemplo.
Com gírias, emojis, selfies no elevador e até áudios — tudo graças à uma atriz contratada para o projeto —, ela vai mantendo a conversa sobre o compartilhamento de imagens e vídeos íntimos através do ponto de vista da vítima. Mas apesar de ser programada para desabafar sobre a história pessoal, Fabi também está lá para ouvir e reagir a isso.
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Ajudando as vítimas
Se, durante a conversa, Fabi percebe que está falando com uma vítima de pornografia de vingança, passa a falar menos de si e tenta entender em como pode ajudar, encaminhando-a para plataformas online que auxiliam em casos de violência.
Outra opção programada é explicar porque a vítima não é descuidada caso seja exposta, já que muitos acham que ela não se protegeu o suficiente e "mereceu" a vingança. Além disso, se percebe que a pessoa do outro lado já vazou esse tipo de conteúdo, Fabi explica como isso é prejudicial e que ele pode ser responsabilizado judicialmente.
O robô está disponível 24 horas por dia para conversar com jovens a partir de 13 anos e ajudá-los a lidar com esse tipo de exposição sem consentimento. A experiência da "peça de ficção por chat", como o próprio projeto se classifica, pode durar cerca de dois dias.
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De acordo com dados da Unicef , cerca de 7,4 mil adolescentes testaram o projeto entre junho e novembro de 2017 e pouco mais de 40% chegaram ao fim da história. Destes, apenas 39,7% já sabiam o que era "sexting" e pornô de vingança e como se proteger de violência online e cyberbullying antes do papo. Esse percentual cresceu para 90,5% depois da troca de mensagens com Fabi.