O carnaval é uma festa cultural na qual a principal regra é se divertir. Esse feriado é considerado por muitos a época ideal para os solteiros, pois a paquera rola solta. O grande problema é que muitos homens confundem as coisas e acham que se uma mulher está na folia, ela necessariamente quer algo a mais e o assédio sexual , infelizmente, se tornou algo corriqueiro.
O Instituto Avon, em parceria com o instituto de pesquisa Data Popular, realizou uma pesquisa sobre a ligação dos jovens com a violência doméstica. Participaram 2 mil mulheres e homens de 16 a 24 anos de cinco regiões do país, e os números mostraram que o preconceito e o machismo impulsionam o assédio sexual.
O resultado indica que 78% das jovens brasileiras já foram assediadas, receberam cantadas ofensivas, violentas e desrespeitosas ou foram abordadas de maneira agressiva em festas ou em locais públicos. Também mostra que 44% das entrevistadas já foram assediadas ou tiveram o corpo tocado por um homem sem consentimento em festas, e 30% alegaram já foram beijadas à força.
A reposta dos homens pode ser preocupante. “Para 80% dos entrevistados, uma mulher ficar bêbada em uma festa é considerada uma atitude incorreta. Já para 68%, é errado que ela tenha relações sexuais no primeiro encontro”, afirma Lírio Cipriani diretor executivo do Instituto Avon.
Abuso no carnaval
O pior que os dados refletem, sim, uma realidade. No último sábado (18/02), a atriz Carolina Froes foi abusada e agredida em um bloco de carnaval , na cidade de São Paulo. Em uma postagem no Facebook, ela conta que estava na multidão e um homem a puxou com força e tirou a parte de cima da roupa dela.
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Imediatamente, Carolina começou a reagir e gritar pedindo ajuda, porém as pessoas apenas abriram um espaço e assistiram à situação. Enquanto ria, o agressor agarrou o pescoço da atriz e a jogou no chão. “Caí. Sem blusa e sem ajuda. Foi quando machuquei meu braço. Levantei ainda mais nervosa, gritando mais alto e preparada pra machucá-lo mais”, relata na postagem.
Algumas pessoas a seguraram e o homem foi embora rindo. Ela conta que ficou sem forças e não acreditava que as pessoas não fizeram nada. “Meu braço vai desinchar, os hematomas vão sumir. Os arranhões na pele do agressor também. Mas eu nunca vou esquecer”, afirma.
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Dando a cara a tapa
O relato tem como objetivo encorajar as mulheres a denunciarem qualquer tipo de abuso, pois ir a um bloco se divertir não a classifica como uma pessoa promíscua.
“O que aconteceu comigo no sábado não é carnaval. O que aconteceu comigo no sábado é abuso, é assédio, é agressão, é violência. É criminoso e doentio. O carnaval continua. Eu continuo no carnaval. Eu continuo na rua e na vida. Essa é a minha resposta”, desabafa Carolina na postagem.
Você nunca deve ficar calada! Em caso de assédio denuncie , ligue na Central de Atendimento à Mulher no número 180 e denuncie, ou vá à delegacia mais próxima.