Decidi escrever sobre este tema ao participar de uma discussão de pais sobre dar ou não ao filho um jogo de videogame chamado GTA. Duas crianças já havia ganhado um aparelho de celular por volta dos 10 anos de idade e, uma dessas crianças, também ganhou o GTA com 12 anos. Como fica a outra? Deve ganhar o game também?
O caso acima é apenas um exemplo diante de milhares de dilemas que os pais enfrentam no dia a dia. Além das preocupações e dúvidas dos pais do que devem ou não permitir, ainda há que se levar em conta a famosa frase “mas a mãe do meu amigo deixa”.
Como resolver isso?
A maneira como educamos nossos filhos depende de vários fatores, que são:
- a maneira como fomos educados;
- a maneira como "recebemos” a educação que nos foi dada, tendo em vista que, em muitos casos de irmãos que foram educados exatamente da mesma forma, esses irmãos têm uma percepção completamente diferente da educação que recebeu;
- aprendizado de observação: crescemos observando inúmeros casos de educação em outras famílias e aprendemos com isso;
- aprendizado intelectual: quando estudamos o assunto de maneira científica e
- personalidade da criança
Especificamente falando do seu filho, a melhor resposta para a frase “mas a mãe do meu amigo deixa ou dá" é aquela que te deixa mais à vontade, mesmo que faça o seu filho sofrer - já falamos aqui várias vezes sobre a importância de frustrar a criança , esse é só mais um caso.
Converse muito com seu filho sobre a demanda dele, explique que a mãe do amigo pode amá-lo de maneira diferente do que você o ama e que as pessoas pensam diferente, sim.
Você viu?
Explique também que, às vezes, é mais fácil dizer sim do que não, mas que os pais têm que pensar no que é bom para os seus filhos a longo prazo, e é isso que você está fazendo.
Lembre-se: cada um faz o que pode dentro do que sente pelo filho.
Muito cuidado para que as suas convicções de educação não sejam completamente diferentes de todos os demais pais com quem você convive. Como optamos por viver em sociedade, devemos observar o comportamento de outras pessoas também. Se absolutamente todos os amigos do seu filho de 12 anos já têm um aparelho de celular e o tal game, seria estranho para o seu filho não ter também.
Agora, com qual idade você deve dar o celular ou o jogo para o seu filho, isso você que decide. Mas preocupe-se com o fato de que ele deve estar inserido na sociedade na qual ele e você vivem, pois escola, amigos e parentes, são parte da vida da criança, com quem elas aprendem pelo exemplo.
Dizer não para um filho é um ato de amor e responsabilidade. Um não, mesmo carregado de certeza, conteúdo,é difícil de dizer. Falar sim é sempre mais simples, mas dizer não é muito mais necessário.
Como psicanalista sigo a linha Freudiana, ou seja, sou discípula de Freud e acredito que o que somos como adultos vem do que vivenciamos quando crianças. Isso vale para o seu filho e vale também para você: aquilo que você viveu em sua infância trouxe você até onde você está agora. Reflita bastante sobre a infância do seu filho e onde ele chegará na vida adulta conduzido por você.