Apesar de o inverno ainda não ter chegado, o outono já deu conta de trazer temperaturas bem frias para boa parte do País, e, em algumas regiões, é difícil lidar com o friozinho mesmo quando se está dentro de casa. Nesta época, as pessoas recorrem às mantas e roupas grossas há muito guardadas no fundo do armário, mas, segundo arquitetos, repaginar a decoração e recorrer a alguns hábitos pode contribuir com o aquecimento da casa em dias mais frios. 

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1. Aquecimento artificial

Lareiras e salamandras são formas artificiais de aquecimento, e nem sempre pedem uma reforma complicada para instalar
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Lareiras e salamandras são formas artificiais de aquecimento, e nem sempre pedem uma reforma complicada para instalar

Um dos elementos mais usados para aquecer a casa em épocas frias são formas de aquecimento artificial, como lareiras. De acordo com Ana Paula Guimarães, arquiteta do Manarelli Guimarães Arquitetura, esses elementos são perfeitos para transformar qualquer lugar em um refúgio para o frio, e se engana quem pensa que, para ter uma, é necessário inclui-la no projeto desde a construção.

Lareiras maiores, de tijolos, pedra ou gesso, realmente requerem uma reforma mais extensa, mas, se a ideia é ter uma em casa sem necessariamente fazer muita bagunça, as arquitetas Beatriz Zamperlini e Mariana Zimmermann, do Due Z Arquitetura, afirmam que, hoje, há opções ecológicas que não precisam de infraestrutura para gás ou lenha.

Opções a gás que usam pedras vulcânicas para emanar o calor do fogo para o ambiente também são boas para quem não quer providenciar um “respiro” para a fumaça. As lareiras, porém, não são a única forma de garantir cômodos quentinhos em dias gelados; para quem é fã de uma decoração mais rústica, optar por uma salamandra é interessante.

Esse tipo de aquecedor costuma ser como um pequeno forno, normalmente feito de ferro fundido e com diversas opções de funcionamento. O fogo aceso dentro da salamandra aquece o ferro, que transmite o calor para o ambiente e, por funcionar dessa forma, ela é mais indicada para ambientes menores.

Além das lareiras e salamandras, outras opções que não precisam ser necessariamente pensadas no momento da construção são os aparelhos de ar condicionado e os aquecedores portáteis. Esses equipamentos, porém, costumam deixar o ar bem seco, e é preciso tomar cuidado para não prejudicar a saúde com o uso excessivo.

2. “Vestir” a casa

Segundo as arquitetas, o revestimento (que vai desde o piso até os elementos como cobertores, tapetes e cortinas) também contribuem para que os ambientes tenham um isolamento térmico melhor durante as épocas mais frias do ano
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Segundo as arquitetas, o revestimento (que vai desde o piso até os elementos como cobertores, tapetes e cortinas) também contribuem para que os ambientes tenham um isolamento térmico melhor durante as épocas mais frias do ano

Na hora de melhorar o aquecimento da casa, as três arquitetas concordam que o revestimento das superfícies tem um papel importantíssimo. Para Mariana e Beatriz, eles “vestem” a casa, e, dependendo de quais materiais forem utilizados, eles podem torná-la mais aconchegante e, consequentemente, mais quentinha.

De acordo com Ana Paula, uma ideia é recorrer a tecidos quentinhos e com textura, que podem aparecer em sofás, tapetes, cortinas e persianas. Em épocas mais frias, tecidos mais grossos que ajudam a reter calor e isolar os ambientes são uma boa pedida.

Essa, porém, não é a única forma de usar os revestimentos para ter uma casa mais quentinha. Conforme explicam as arquitetas, a madeira é um material que contribui com o isolamento térmico e, ao contrário de materiais como a pedra, mantém o calor do ambiente. Sendo assim, pisos e móveis de madeira são boas opções para quem quer repaginar a decoração e fazer com que ela contribua com o aquecimento.

Na hora de 'vestir' a casa, usar quadros e elementos feitos de madeira também ajuda a melhorar o aquecimento
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Na hora de 'vestir' a casa, usar quadros e elementos feitos de madeira também ajuda a melhorar o aquecimento

Além de tecidos e da madeira, as arquitetas explicam que elementos como papel de parede com textura (como as que imitam tijolinhos, por exemplo) e obras de arte penduradas nas paredes também contribuem para manter a temperatura dos ambientes agradável em dias mais gelados.

De acordo com Ana Paula, porém, é preciso ter parcimônia na hora de usar os revestimentos em favor do aquecimento . “A casa tem de ter um equilíbrio, não pode ser 100% quente ou 100% gelada. Para criar essa harmonia, o segredo é brincar com o revestimento: se for usar mármore no piso, use madeira em algum lugar que acolha. Se usar cores quentes nas paredes, opte por móveis neutros”, sugere a arquiteta.

3. Atenção com as luzes

Segundo Ana Paula, outro elemento que influencia muito na temperatura do ambiente é a iluminação. Luzes mais quentes e abajures com cúpulas de materiais que esquentam também contribuem para um ambiente mais aquecido, mas, assim como na hora de “vestir” a casa, a escolha da iluminação deve ser feita com cuidado, analisando o gasto de energia das opções antes de optar por qualquer uma delas.

Recorrer à iluminação indireta – usando spots de luz ou pontos difusos em vez de uma fonte de luz que ilumina o ambiente todo por igual – pode não ajudar em termos de temperatura, mas torna os cômodos mais aconchegantes, algo que também é desejável durante dias mais frios.

4. Apostar em cores quentes

De acordo com especialistas,  os tons escolhidas para os ambientes contribuem com as sensações que eles provocam nas pessoas , e isso inclui as ideias de quente e frio. Usar cores mais quentes – como vermelho, amarelo, vinho e marrom – na decoração de um cômodo pode fazer com que ele se torne mais quentinho pela ideia de aconchego que elas passam, enquanto tons mais frios – como o azul e o cinza – transmitem a sensação de refrescância e de temperaturas mais amenas.

Além de usar e abusar das cores nas paredes, também é possível inclui-las em outros elementos para fazer com que o cômodo fique mais aconchegante e quentinho. Tons quentes podem aparecer, por exemplo, nos tapetes, cortinas, mantas, toalhas de mesa e tapeçarias presas às paredes. De acordo com as especialistas, alguns dos tons que combinam com o outono e o inverno são os terrosos, como verde musgo, caramelo, vermelho e amarelo queimado. Se combinado com elas, o azul também pode entrar na brincadeira.

5. Abre a janela, fecha a janela

Não é só a decoração que pode contribuir para o aquecimento dos ambientes da casa. De acordo com as arquitetas, durante dias mais gelados, é importante aderir a uma rotina específica para tentar fazer o calor que a casa recebe na parte do dia “durar” até a parte da noite, que costuma trazer temperaturas mais baixas. Para isso, Beatriz e Mariana recomendam usar as cortinas a seu favor.

De acordo com as arquitetas, o vidro é o maior inimigo do aquecimento nos dias frios. Sendo assim, para que não ofereçam um obstáculo ao calor, o ideal é que, durante o dia, as janelas fiquem parcialmente abertas – e nada de fechar as cortinas, já que, além do ar quente, a luz do sol também contribui para deixar a casa mais aquecida. Durante a noite, porém, a ideia é “prender” o calor dentro dos cômodos, então o aconselhável é fechar os vidros e as cortinas para aumentar o isolamento térmico dos ambientes.

Também é interessante prestar atenção nos materiais, tanto das janelas quanto das cortinas e persianas. Alguns tipos de vidro promovem um isolamento térmico melhor, e tecidos mais grossos e escuros também ajudam a manter uma temperatura agradável dentro dos ambientes após o pôr-do-sol durante estações mais frias.

E na construção?

Para quem quer se certificar de que a temperatura da casa será naturalmente equilibrada desde a construção, as arquitetas apontam alguns fatores que devem ser levados em consideração na hora de fazer o projeto e começar a erguer as paredes. O primeiro deles, de acordo com Beatriz e Mariana, é a posição do imóvel em relação ao sol.

“Na face norte, sempre tem mais sol, deixando a casa mais quente no inverno e mais gelada no verão. Já a face sul é sempre uma área desprivilegiada da casa, onde a incidência de luz solar é menor”, afirmam. Sendo assim, a distribuição dos cômodos deve ser cuidadosa; a ideia é, por exemplo, manter os dormitórios na face que promove temperaturas equilibradas ao longo das estações do ano em vez de colocá-los onde faz frio o tempo todo.

A atenção aos materiais usados na construção da casa também é algo importante, já que, de acordo com Beatriz e Mariana, quanto maior for o número de planos de vidro, maiores são as chances de a casa ficar mais gelada.

Outro aspecto que influencia no aquecimento “natural” dos cômodos é a altura do pé direito. De acordo com as especialistas, ter o pé direito mais alto torna os ambientes mais frescos, algo que, apesar de ser vantajoso no calor, pode se tornar um problema no inverno.

A ventilação também é algo a ser levado em conta na hora de desenhar o projeto de uma casa. De acordo com as três arquitetas, as janelas, portas e outras aberturas que permitem a entrada de ar na casa devem ser cuidadosamente posicionadas para garantir uma temperatura equilibrada durante qualquer clima e a possibilidade de controlá-la.

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Para isso, o ideal é conseguir uma ventilação cruzada, ou seja, fazer com que as aberturas que permitem a passagem de ar entre o exterior e o interior da casa fiquem em paredes opostas umas às outras, permitindo a circulação e renovação do ar dentro do ambiente. Enquanto no calor essa técnica ajuda a refrescar os cômodos, no frio, é possível controlar essas aberturas para promover o aquecimento da casa.

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