A advogada Helena*, 29 anos, seguiu a quarentena de forma rígida por três meses. Ela apenas saia de seu apartamento, no centro da cidade, a cada 10 dias, para fazer compras no mercado.
Para driblar a solidão nos tempos difíceis, ela conta que começou a fazer encontros on-line com as amigas e ainda lembra que fez uma boa compra pela internet em um sex shop para ver se as coisas ficavam mais fáceis. Nesse tempo, ela começou também a ter encontros virtuais.
“Lá para maio começaram os web namoros com antigos ficantes. Isso envolvia sexo virtual com algum deles, mas quando deu 90 dias [de isolamento] em junho, eu comecei a sentir muito o peso da quarentena, no sentido muito forte e depressivo, sabe?”, fala a mulher ao Delas.
Do "peso" do isolamento à decisão de furar a quarentena
A advogada conta que nem sabia o que era real e o que era virtual. "Eu usei muito digital para tudo, chegou uma hora que eu comecei a perder o senso do que era realidade, cheguei a achar que tinha transado com a pessoa e não era sexo virtual, eu comecei a ter uns lapsos muito loucos, do que tinha acontecido ou não, o isolamento completo que me deixou até um pouco depressiva”.
No meio de junho, Helena decidiu que estava na hora de tentar encontrar alguém, nem que fosse uma amiga pra conversar. Entretanto, ela percebeu que sentia falta de algo a mais, algo no sentido sexual.
“Não estou tentando me justificar, eu sentia falta do toque, do olhar, de carinho. Eu só via as pessoas de máscara, não podia encostar em ninguém, saia apenas para o mercado.”
É isso, vou encontrar o crush!
Com a decisão tomada, um ficante a chamou para passar a noite na casa dele, mas quando estava prestes a sair, ela teve um forte de crise de ansiedade e não conseguiu ir. Helena conta que o rapaz a ajudou a se acalmar e disse que eles podiam se ver depois.
Você viu?
“Depois de uma semana, eu encontrei com ele, tomamos todas as medidas de segurança, álcool em gel, ele já tirou a roupa que ele tava e foi direto pro banho. Foi legal, foi bacana, foi uma coisa mais carinhosa. Mas, depois eu furei com uma outra pessoa e foi diferente”.
Chega de ficar sozinha
Um mês após esses encontros, Helena não aguentava mais ficar sozinha na capital paulista e decidiu que voltaria para a casa dos pais, no interior de Minas Gerais, até que seu trabalho voltasse o presencial.
“Eu decidi entregar meu apartamento, estava em um processo muito delicado e depressivo de aceitar que esse ano foi uma m****, que foi um ano perdido”.
Encontro com amigo
Helena fala que um amigo, João*, sempre a ajudou no que ela precisou nesses tempos turbulentos. Ela diz ainda que sempre teve um flerte entre eles, mas que nunca tinha rolado nada.
Entretanto, enquanto a advogada resolvia os detalhes da mudança para a casa dos pais, ela teve que sair e pensou “porque não ver o João também?” e foi até a casa dele.
Os dois amigos ficaram pela primeira vez, e diferente dos encontro anteriores, rolou algo a mais nesse.
“A primeira vez que furei foi na put****, a segunda vez foi com, sei lá, amor platônico?”, brinca a advogada.
Foram três encontros com João até ela voltar pra cidade da família, em Minas, e, segundo a mulher foi um melhor que outro. "Furar a quarentena para transar foi a melhor coisa que eu fiz".
Os dois continuam se falando todos os dias, fazendo encontros virtuais. Helena tem previsão de voltar pra São Paulo em outubro, e os dois pretendem continuar se vendo e fortalecer ainda mais a amizade colorida.
*os nomes foram trocados a pedido da entrevistada