Ao contrário do que é mostrado na pornografia, nem toda mulher tem facilidade em ter orgasmos. Para muitas, o sexo raramente é coroado por uma onda intensa de prazer e a sensação de bem-estar características do orgasmo, e, às vezes, a dificuldade aparece até durante a masturbação.

Uma das coisas que mais fazem com que as mulheres sintam dificuldades de ter orgasmos é a falta de intimidade
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Uma das coisas que mais fazem com que as mulheres sintam dificuldades de ter orgasmos é a falta de intimidade

Conforme explica a fisioterapeuta pélvica e educadora sexual Débora Padua, a falta de prazer no ato sexual recebe o nome de anorgasmia , distúrbio que pode até ser causada por fatores fisiológicos, como medicações fortes e doenças neurológicas que "inibem" orgasmos , mas que, na maior parte das vezes, tem um fundo psicológico.

Segundo a especialista, além de situações traumáticas do passado poderem influenciar, o fato de muitas mulheres não conhecerem o próprio corpo e não guiarem o parceiro ou parceira conforme o que consideram mais prazeroso as deixa decepcionadas quando o assunto é sexo.

De acordo com Débora e outros especialistas em sexualidade, porém, não precisa ser assim. Conforme explica a terapeuta sexual Thais Plaza, o sexo vai muito além do que um encontro de genitais, e explorar todas as possibilidades – dentro dos limites de cada um – é essencial para ter mais prazer (ou finalmente alcançá-lo). Veja oito práticas e hábitos que podem te ajudar a chegar lá:

1. Se toque!

Segundo Débora, uma das coisas que mais fazem com que as mulheres sintam dificuldades de ter orgasmos é a falta de intimidade com o próprio corpo. Para saber quais estímulos são mais satisfatórios e quais partes do corpo provocam mais prazer, é preciso testar. Durante a puberdade ou até um pouco antes dela, as pessoas costumam sentir o impulso de tocar-se naturalmente, mas, segundo estudos, boa parte das mulheres não encara a prática com tanta naturalidade assim.

De acordo com uma pesquisa realizada em 2016 pelo Projeto Sexualidade da USP (Universidade de São Paulo) com 3 mil pessoas, 20% das mulheres dizem nunca ter se masturbado, enquanto apenas 2,2% dos homens dizem o mesmo. Segundo Carla Cecarello , sexóloga do site “C-Date”, isso ocorre porque as mulheres são menos incentivadas a descobrir o próprio corpo e o sexo que os homens.

Para Débora, se a pessoa não se masturba e entrega a responsabilidade pelos próprios orgasmos a um parceiro ou parceira – que não tem como adivinhar o que é bom ou não para ela na hora do sexo – as chances de ela se desapontar são grandes. “A mulher deve buscar o orgasmo, deve ensinar ao parceiro as coisas que faz sozinha para que ele também faça”, explica a especialista.

Sendo assim, a dica é reservar um tempinho para dar prazer a si mesma (de preferência em um local onde não haverá interrupções), descobrindo as sensações provocadas por cada toque e conhecendo o próprio corpo – seja com as mãos ou com brinquedos eróticos.

2. Explore as zonas erógenas

Assim como explica Thais, o sexo e a masturbação não se resumem a interações com os órgãos genitais. Tanto o homem quanto a mulher têm inúmeras regiões pelo corpo que, quando estimuladas, geram sensações prazerosas.  Elas são chamadas de zonas erógenas e, normalmente, têm mais terminações nervosas que outras partes do corpo, algo que as torna mais sensíveis ao toque.

Para a mulher, a vagina, o clitóris e as outras partes da vulva são zonas erógenas importantes, mas há muito mais a se explorar. Os seios, a parte interior das coxas, o pescoço, a boca e o ânus, por exemplo, são algumas delas. Além de partes do corpo, os cinco sentidos também contribuem para a excitação quando estimulados e, para a terapeuta, algo que nunca deve ficar de fora é a estimulação da mente. Sendo assim, deixe as fantasias correrem soltas!

3. Tire o foco da penetração

Apesar do que é mostrado em filmes pornô, poucas mulheres chegam ao clímax com a penetração, e, normalmente, ela deve ser combinada a outras práticas e estímulos para que elas sintam prazer.

De acordo com um estudo  publicado em 2017 no periódico “Archives of Sexual Behaviour” que reúne dados de mais de 50 mil pessoas, o combo de sexo oral, estimulação genital e beijos profundos faz com que 80% das mulheres relatem orgasmos, enquanto a penetração sozinha só leva 35% ao ápice do prazer na relação sexual.

Aqui, a primeira dica é nunca deixar as preliminares de lado e caprichar bastante nelas, encarando-a como parte da relação em vez de apenas uma preparação. Nessa hora, vale dedicar bastante tempo ao sexo oral, provocações, massagens, cosméticos eróticos que provocam sensações divertidas e até jogos eróticos.

Para quem gosta de sexo penetrativo, mas não consegue gozar só com isso, a dica é estimular outras zonas erógenas simultaneamente, como o clitóris e os seios, por exemplo. Nesse momento, posições sexuais que deixam as mãos do casal livres para tocar outras partes do corpo  ou que promovem fricção entre a pelve dos parceiros podem ajudar bastante.

4. Busque uma ajudinha extra

Mãos e boca podem, sim, bastar para excitar o corpo a ponto de desencadear um orgasmo, mas não há problema algum em recorrer a um brinquedo erótico e outros objetos que podem intensificar o prazer. E isso, segundo Carla, é algo que traz benefícios tanto para casais quanto para a intimidade de maneira individual. A sexóloga explica que usar “sex toys” ajuda a mulher a conhecer melhor o corpo, aproxima os parceiros e dá uma “apimentada” na relação.

Aqui, é bom saber para que serve cada uma das opções e ter um objetivo em mente na hora de comprá-los em vez de simplesmente optar por um “toy” recomendado por uma amiga. Além disso, na hora de introduzir o brinquedinho na relação, é preciso conversar com o parceiro ou parceira e saber como a outra pessoa se sente a respeito disso.

Outro objeto que pode ajudar a adaptar posições sexuais e torná-las mais confortáveis é algo bastante simples: o travesseiro . Ao colocar um travesseiro ou uma almofada embaixo do quadril da mulher quando o casal está em uma posição como a clássica “papai e mamãe”, por exemplo, há uma maior estimulação do clitóris. Quando ela está de quatro, uma pilha de travesseiros sob a barriga pode ajudá-la a relaxar mais por aliviar a tensão nos braços e nas costas.

5. Fortaleça o assoalho pélvico

A região pélvica é repleta de músculos que sustentam órgãos como a bexiga, o útero, a vagina e o intestino, e, juntos, eles formam o chamado assoalho pélvico. Pode parecer estranho, mas, assim como o restante dos músculos do corpo, eles devem ser exercitados, tanto para prevenir problemas de incontinência urinária quanto para melhorar o prazer durante o sexo .

Uma atividade bastante focada no fortalecimento dos músculos pélvicos é o pompoarismo ou exercícios de Kegel, prática que surgiu na década de 40. Segundo Cátia Damasceno, especialista em sexualidade e criadora do projeto “Mulheres Bem Resolvidas”, esses exercícios tornam a vagina mais irrigada, combatendo desde o ressecamento vaginal até as cólicas menstruais, além de contribuir para que a mulher tenha mais domínio sobre a musculatura e possa contrai-la durante o sexo – algo que, para muitas, ajuda a ter orgasmos.

Conforme explica a especialista, a prática pode ser feita com ou sem acessórios próprios para o exercício (como bolinhas tailandesas) e de forma discreta. De acordo com ela, basta contrair os músculos como se estivesse prendendo o xixi, manter a contração por três segundos e soltar, repetindo o processo de 20 a 30 vezes.

Além do pompoarismo, algumas atividades populares que não são necessariamente voltadas para o assoalho pélvico também ajudam a fortalecê-lo. A ioga e o pilates, por exemplo, trabalham bastante os músculos do abdome e da pelve, trazendo consciência corporal, força e benefícios para a vida sexual.

6. Não negligencie a lubrificação

Uma queixa bastante comum entre mulheres é a de dor durante a penetração e, segundo Livia Daia, ginecologista da clínica Daia Venturieri, o principal fator que causa esse tipo de desconforto é a falta de lubrificação íntima . Quando a mulher está excitada, o canal vaginal fica naturalmente lubrificado, mas há situações em que isso não é suficiente para tornar a penetração confortável e, com esse tipo de dor, nem todo mundo consegue chegar ao orgasmo.

Segundo a ginecologista, o segredo para garantir a lubrificação é caprichar nas preliminares. Quando mesmo com bastante estímulo o canal continua ressecado, é hora de recorrer a um lubrificante artificial, que deve ser à base de água para não diminuir a eficácia dos preservativos íntimos e evitar alergias e infecções.

7. Cuide do corpo e da mente

De acordo com Débora, um dos fatores que mais inibe orgasmos é a falta de orientação sobre sexo e sexualidade. Sendo assim, é essencial que a mulher esteja em dia com a saúde íntima e tire todas as dúvidas com um médico com quem se sente confortável, sem deixar nada de lado.

Além da saúde íntima, a parte psicológica também pode influenciar no prazer. Para ter orgasmos, a mulher precisa estar relaxada e confiante, e traumas ou baixa autoestima podem contribuir para um desconforto no momento do sexo. Se a mulher perceber algo assim, é importante buscar ajuda profissional para discutir as questões e fazer com que elas deixem de influenciar o comportamento dela.

8. Converse com o parceiro ou parceira

Segundo Thais, a sexualidade é algo particular de cada pessoa, e o que dá prazer para uma pode não funcionar para outra. Para ela, um bom sexo requer comunicação, e, sendo assim, é importante conversar com o parceiro ou parceira, mostrando à outra pessoa o que é bom e o que não é. Quando as pessoas se conhecem ou se esforçam para satisfazer uma a outra, é mais fácil de se ter orgasmos !

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