Você está conversando com um parceiro ou parceira em potencial, o papo está fluindo bem há alguns dias, você está feliz e pensando seriamente em encontrá-la... Até que a pessoa resolve começar a te mandar mensagens de bom dia. Ou a visualizar suas mensagens assim que você as envia. Ou a ser sempre a primeira pessoa a curtir as fotos que você posta (ah, o horror!!). Subitamente, você se pega perdendo o interesse na paquera, buscando distância da pessoa e cogitando a possibilidade de você ter algum problema psicológico.

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Na hora da paquera, é comum que algumas pessoas fujam quando há muito interesse do outro lado
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Na hora da paquera, é comum que algumas pessoas fujam quando há muito interesse do outro lado

Por outro lado, se uma pessoa com quem você está de paquera não demonstra muito interesse, visualiza suas mensagens e as deixa sem respostas e te dá bolo nos encontros que vocês marcam, você se vê pronta para aparecer na porta da casa dela pedindo-a em casamento, mas não sabe explicar por que essas coisas acontecem. Se você não se relaciona com esse comportamento, provavelmente conhece alguém que age exatamente assim e já pode até ter feito comentários do tipo: “Nossa, fulana gosta mesmo é de sofrer”.

Mas, afinal, por que esse comportamento é tão comum? Será o famoso “dedo podre” agindo? Bom, de acordo com a psicóloga Marilene Kehdi, autora do livro “Emoções, Situações e Soluções”, há algumas formas de explicar situações desse tipo (e elas fazem mais sentido do que você imagina).

Fugindo do compromisso

Você pode até não relacionar o excesso de atenção com a iminência de um compromisso, mas o seu subconsciente o faz. Conforme a paquera progride, os sinais de que aquela pessoa é um parceiro ou parceira em potencial e que tudo pode resultar em um relacionamento aumenta, e, para alguns, é justamente aí que mora o problema.


Você quando percebe que a coisa está progredindo

Ao contrário do que muita gente pensa, ter medo de compromisso não significa, necessariamente, que a pessoa tem medo de não conseguir deixar de ficar com outras se estiver em um relacionamento. De acordo com Marilene, essa aversão à ideia de se comprometer tem relação com a própria intimidade. “Muitas pessoas não querem perder sua intimidade, seu individualismo, e pensam que um relacionamento sério as tirará desta situação que, para elas, é muito cômoda e confortável”, afirma a psicóloga.

Insegurança extrema

O ímpeto de repelir alguém que está se aproximando demais no momento da paquera também pode ter bastante relação com quanto crédito damos à nossa capacidade de ter um relacionamento sem acabar com ele.

“Algumas pessoas agem assim por não acreditarem no seu potencial de manter alguém interessado. São pessoas de baixa autoestima, muita insegurança e, com medo de serem rejeitadas em algum momento da relação, terminam logo no início”, conta Marilene.

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Traumas

Pense em cada detalhe de outros relacionamentos pelos quais você já passou (sejam eles relações sérias ou apenas rolos). Como essas pessoas te tratavam? Como você as tratava? É possível que algum aspecto de relacionamentos passados crie traumas nas pessoas. Traumas, por sua vez, podem “tomar controle” de como essas pessoas passam a agir, prejudicando relações futuras.

“Um trauma não elaborado, não resolvido, pode fazer com que a pessoa não acredite mais em relacionamentos, em vínculos, e, por medo de serem rejeitadas, terminam” explica a psicóloga, ressaltando que, em alguns casos, essas pessoas colocam um ponto final no relacionamento mesmo quando estão apaixonadas pelo parceiro ou pela parceira.

Incompatibilidade intelectual

Nem todo mundo percebe o excesso de interesse como algo positivo. De acordo com Kelley Johnson, sexóloga consultada pelo veículo “Refinery29”, é comum que o ato de “correr atrás” e demonstrar muito afeto seja percebido por algumas pessoas como atitudes de uma pessoa dependente e relativamente imatura. A psicóloga explica que, ao se afastarem da paquera, essas pessoas estão buscando demonstrar maturidade.

E, obviamente, isso não significa que ser uma pessoa empolgada com mensagens, demonstrar interesse no parceiro ou parceira em potencial e coisas do necessariamente demonstra imaturidade. Apenas significa que a percepção que cada um tem de determinados comportamentos é diferente de uma pessoa para outra.

Síndrome de Don Juan

Em alguns casos, porém, não é a insegurança ou um trauma que fazem a pessoa fugir quando a outra se mostra muito interessada ou rejeitar a afeição alheia; de acordo com Marilene, há uma condição psicológica que pode desencadear esse comportamento. “Quando uma pessoa investe em uma paquera, demonstra muito interesse, insiste até conseguir e depois abandona sem a menor justificativa, pode ser que essa pessoa tenha um transtorno conhecido como Síndrome de Don Juan, ou don juanismo”, afirma.

O nome pode até ser engraçadinho, mas o transtorno pode render situações bem complicadas. Conforme explica a psicóloga, para um “Don Juan”, o que importa não é o relacionamento em si – ou seja, algo que exige investimento de ambos os lados –, e sim a conquista . “A relação a dois não é seu forte, o que ela quer mesmo é conquistar para manter a autoestima nas nuvens”, completa Marilene.

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Tem solução?

Para pessoas que agem dessa forma, pode ser realmente difícil refrear a vontade de rolar os olhos e bloquear o contato do “crush” que está demonstrando um afeto “excessivo”, mas tente ter alguma paciência. Deixe o papo de lado por alguns instantes e dê alguns sinais de que é uma boa ideia a pessoa “baixar a bola”. Se mesmo assim a situação persistir ou seguir se repetindo em paquera atrás de paquera, Marilene recomenda recorrer à terapia. “A psicoterapia é fundamental para ajudar na mudança de comportamento. Sem ela, a pessoa pode ficar repetindo os mesmos comportamentos em todas as relações”, conclui a psicóloga.

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