Desde 1999 e por iniciativa de sex shops britânicas, o dia 31 de julho é dedicado ao orgasmo. A ideia surgiu tanto para impulsionar as vendas de brinquedos eróticos quanto para incentivar discussões sobre o fato de que muitas pessoas sofrem com falta de prazer no ápice da relação sexual. De acordo com a educadora sexual e fisioterapeuta Débora Padua, grande parte das pessoas com anorgasmia  (ou seja, que não conseguem “chegar lá”) tem o problema por falta de conhecimento sobre sexo e sobre os próprios desejos.

Você sabia que o orgasmo não ocorre apenas com a estimulação das áreas genitais? Segundo a sexóloga Priscila Junqueira, é possível (tanto para homens quanto para mulheres)
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Você sabia que o orgasmo não ocorre apenas com a estimulação das áreas genitais? Segundo a sexóloga Priscila Junqueira, é possível (tanto para homens quanto para mulheres) "chegar lá" apenas com sonhos

O orgasmo masculino vem necessariamente junto com a ejaculação? A sensação causada pelo clímax no ato sexual é diferente para homens e mulheres? Fatores emocionais podem influenciar a capacidade das pessoas de sentirem prazer?  Ter as respostas para perguntas como essas e saber mais sobre sexo pode ser a chave para uma vida sexual melhor; confira alguns mitos, verdades e curiosidades a respeito do tema.

O orgasmo é algo estritamente físico

Não exatamente. De acordo com a sexóloga Priscila Junqueira, apesar de o ato sexual estimular a produção de diversas substâncias que trazem as sensações boas do momento, o processo também é algo mental e emocional.

Em termos físicos, o clímax é uma resposta do corpo aos estímulos sexuais. Ele faz com que a produção de prolactina aumente, reduzindo a pressão arterial, o que causa a sensação de relaxamento. Além disso, há a liberação de endorfina, conhecido como um dos “hormônios do bem-estar” (que também é responsável pelo prazer do momento) e de adrenalina. Segundo Priscila, isso torna o clímax um excelente "remédio" para dores e, além disso, faz com que o cérebro funcione melhor, proporcionando noites de sono melhores.

Ainda que essas sensações dependam do corpo, o emocional influencia um bocado na qualidade do sexo e do prazer, principalmente nas mulheres. Condições como vaginismo são um exemplo disso. Mulheres que sofrem com esse problema não conseguem sequer fazer sexo, já que os músculos de seus assoalhos pélvicos se contraem involuntariamente, impedindo a penetração. De acordo com Débora, a maior parte dos casos tem causas emocionais, como traumas ou algum tipo de medo relacionado ao sexo.

“Não podemos deixar de colocar também que o estado emocional e o significado que cada um dá para o orgasmo é um dos maiores causadores do prazer. Quando a pessoa está bem consigo mesma, se conhece, está realizada tanto pessoal quanto profissionalmente, esse orgasmo será maravilhoso. Não gozamos só com o corpo, nosso psiquismo goza também, e, às vezes, pode acontecer de não haver um gozo físico”, afirma Priscila.

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É a mesma coisa para homens e mulheres

Em geral, os orgasmos para ambos os sexos são caracterizados pelo aumento da frequência cardíaca e ritmo de trabalho dos pulmões (o que intensifica a respiração, fazendo com que ela fique mais acelerada e pesada). Esses aspectos antecedem o estado de relaxamento e bem-estar que vem com o gozo, que também costuma ser comum para ambos os sexos.

No entanto, há algumas diferenças entre o clímax feminino e o masculino. Geralmente, homens “chegam lá” mais rapidamente, enquanto mulheres demoram mais e precisam de mais estímulos do que eles. No momento do ápice de prazer, as mulheres costumam sentir contrações na vagina (e, às vezes, a sensação oposta à da contração, que normalmente está ligada à ejaculação feminina), enquanto o gozo do homem costuma vir acompanhado da expulsão de sêmen.

Além disso, as mulheres também são "abençoadas" com a capacidade de gozar várias vezes seguidas. Ao contrário dos homens, que, após gozarem, precisam de um tempo para se excitarem novamente (o chamado período refratário), as mulheres podem ter orgasmos sem grandes intervalos de tempo entre eles.

É possível ter “reações adversas” aos orgasmos?

De acordo com a Priscila, sim. Há relatos de pessoas que espirram, têm vontade de chorar e até sentem dores durante e após ter orgasmos, e alguns desses sintomas já foram identificados cientificamente. “A dor de cabeça, conhecida como cefaleia orgástica atinge 1% da população ocidental e os homens são os mais prejudicados, segundo estudos. Ainda não sabem ao certo a causa, mas existem algumas frentes de pesquisas que falam que pode ser pela pressão sanguínea, estresse ou por conta de outros quadros de enxaqueca em pessoas que já possuem”, explica  a sexóloga.

O clímax só é possível com a estimulação dos órgãos genitais

É aí que muita gente se engana. Não é difícil encontrar quem acredite na ideia de que homens só conseguem gozar com a estimulação do pênis, e que mulheres precisam da penetração para chegar lá, mas isso é um mito – especialmente a segunda parte. A estimulação do ponto G (que ocorre durante a penetração) pode, sim, ser responsável por levar as mulheres à loucura, mas, por ser uma região “escondida”, essa não é a forma mais “simples” de chegar lá. O clitóris, por sua vez, tem uma extremidade na parte externa da vulva, o que torna o orgasmo clitoriano mais rápido e mais frequente.

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Segundo Priscila, tanto os homens quanto as mulheres são capazes de gozar com a estimulação de outras áreas erógenas do corpo. Há relatos de mulheres que chegam ao ápice do prazer apenas com a estimulação dos seios e até de casais que afirmam se satisfazer por horas com abraços .

A sexóloga cita ainda algo que muita gente já experimentou: os sonhos eróticos. Segundo ela, é possível que as pessoas tenham orgasmos apenas com essa estimulação mental mesmo quando estão inconscientes. 

O orgasmo masculino vem sempre junto da ejaculação

Não necessariamente. Apesar de, normalmente, a expulsão do sêmen pelo pênis ocorrer no mesmo momento em que eles chegam ao ápice do prazer, é possível que essas duas coisas ocorram separadamente. “O homem pode ter um orgasmo sem ter ejaculação e ejacular sem ter orgasmo também”, afirma a sexóloga.

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