Fica em São Francisco, na Califórnia, Estados Unidos, um dos museus mais peculiares que você talvez já tenha ouvido falar. Trata-se do “Good Vibrations Antique Vibrator Museum”, que reúne vibradores feitos desde 1800 até a década de 70.
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Além de mostrar a evolução dos vibradores ao longo do tempo, o museu também conta um pouco da história do por que o aparelho foi criado. Hoje em dia, parece até bizarro dizer isso, mas o primeiro vibrador elétrico foi inventado em 1869 por um médico americano. O aparelho foi desenvolvido como uma ferramenta para tratamentos de problemas femininos.
Na época, a reclamação mais ouvida pelos médicos era sobre histeria, que na época era caracterizada por angústia mental ou emocional. Os médicos acreditam que era uma doença com origem no útero e causada pela privação sexual. A forma para resolver esse problema? Massagem genital, é claro, mais conhecida atualmente como masturbação .
O profissional precisava induzir orgasmos na paciente para concluir o tratamento. Mas imagina atender dezenas de pacientes com histeria por semana. Não há braço que aguente tanto trabalho e, por isso, os vibradores elétricos se tornaram uma verdadeira necessidade para os médicos.
Propagandas
Com a evolução desses aparelhos e a capacidade de portabilidade dos mesmos, eles passaram a ser divulgados em revistas femininas, catálogos que eram envidados pelo correio e até jornais. Os anúncios prometiam saúde, vigor e beleza.
Já na década de 20, os médicos abandonaram a técnica da masturbação para o tratamento de histeria, que passou a seguir técnicas de psicoterapia. Mas isso não pôs fim ao comércio de vibradores, já que eles continuaram sendo vendidos como a “solução para os problemas femininos”.
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Até então, ninguém relacionava a massagem vaginal provocada pelo vibrador com a masturbação feminina, algo que até hoje, em pleno século 21, ainda é tabu. Entretanto, a partir dos anos 20, o aparelho começou a ser usado em filmes pornográficos e se tornou impossível ignorar a função sexual do vibrador. Resultado: os anúncios começaram a desaparecer.
Museu
A equipe do museu é liderada pela sexóloga Carol Queen. Todo terceiro domingo do mês eles promovem uma visita guiada pelo museu de graça, mas vale a pena ligar antes no local para saber se o tour vai ocorrer mesmo e se é preciso fazer reserva para aquele dia.
Os aparelhos expostos já foram apresentados em filmes como “Histeria”, um filme de Tanya Wexler que conta a história da massagem pélvica sendo usada como tratamento para problemas femininos. A produção contou com atores como Hugh Dancy, Maggie Gyllenhaal e Felicity Jones.
Evolução dos vibradores
Alguns dos vibradores que são expostos no “Good Vibrations Antique Vibrator Museum” foram feitos ainda no século 19. No local, é possível ver a evolução dos aparelhos até a década de 70. Confira 10 modelos que podem ser vistos no museu:
1. Dr. Macaura's Pulsocon Blood Circulator (1880-1920)
A vibração deste modelo, segundo o museu, era forte e soava como uma catraca. Os anúncios do Dr. Macaura's Pulsocon Blood Circulator lembram de uma característica bem simples provocada pela masturbação, que é o aumento da circulação sanguínea.
2. Dr. Johansen's Vibrator (1904-1907)
Esse modelo dispunha de uma manivela para o caso das pessoas que ainda não tinha energia elétrica em casa. Ele estava disponível nos Estados Unidos e na Europa e ao menos um foi feito no Japão. Era parecido com o Dr. Macaura's Pulsocon Blood Circulator, só que maior.
3. Detwiller Pneumatic Vibrator (1906)
Pode ser difícil de acreditar, mas, sim, o aparelho da foto acima é um vibrador. Se você olhar bem no gráfico que tem dentro da caixa, poderá ver o desenho do tanque de ar comprimido que promove a vibração desse modelo. Obviamente, ele não fez tanto sucesso entre as mulheres.
4. Polar Cub (1928)
Estranhamente, alguns vibradores também se assemelhavam a lixas de pé. No caso do Polar Cub, ele trazia as informações sobre o produto em inglês, francês e até espanhol.
5. Vibrosage (1933)
Modelo ficou muito popular na década de 30 com suas cores vivas na parte de alumínio.
6. Redusaway (década 40)
O aparelho sexual foi vendido até mesmo com a promessa de promover a perda calórica, mas esse benefício não foi exatamente alcançado por quem o utilizou.
7. Rolling Pin Heat Massager (1932)
Sim, esse vibrador é igualzinho a um rolo de pão e, além da função vibrar, ele também aquecia.
8. Spot Reducer (1950)
Outro vibrador que foi desenvolvido afim de ajudar as mulheres a perder calorias. O Spot Reducer traz uma ventosa de borracha vibratória e uma alça de mão fácil de usar.
9. Stim-u-Lax (década de 60)
Depois de um tempo, o poder vibratório desses aparelhos passou a ser buscado não apenas por mulheres e médicos. Originalmente desenvolvido nos anos 30, o Stim-u-Lax passou por algumas mudanças até chegar ao modelo que também foi usado em barbearias. A cabeça dos homens era massageada com o vibrador após o corte de cabelo.
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10. Hitachi (1960-1970)
O aparelho elétrico mais comum entre os vibradores dos anos 60 e 70, que chamou atenção pela modernidade na época em que foi lançado.