De pílulas anticoncepcionais a dispositivos que ficam alojados dentro do útero, a lista de métodos contraceptivos disponíveis para mulheres é grande e variada. Apesar de o contraceptivo oral (a pílula) ser o queridinho das mulheres – usado por cerca de 100 milhões delas ao redor do mundo, como afirma a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia – a camisinha ainda é o único método contraceptivo que, além de prevenir a gravidez, também protege quem a utiliza de doenças sexualmente transmissíveis. Apesar de o preservativo masculino ser utilizado com mais frequência, a camisinha feminina também merece atenção.
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Ela pode parecer algo bastante estranho à primeira vista, mas a verdade é que a camisinha feminina pode ser muito mais vantajosa do que você imagina. Saiba como utilizar esse método contraceptivo e conheça as vantagens que ele tem sobre o preservativo masculino.
Mitos, verdades, como usar e mais
Diferentemente da camisinha masculina – que é totalmente maleável e adere ao pênis – o preservativo feminino possui dois anéis plásticos um pouco mais rígidos do que o "corpo" do preservativo, um na extremidade fechada e outro na extremidade aberta, além de ser completamente feita de plástico em vez de látex.
De acordo com a ginecologista e obstetra Fernanda Pepicelli, esse tipo de preservativo não precisa necessariamente ser colocado no momento do ato sexual (como ocorre com a camisinha masculina, que só pode ser colocada quando o pênis estiver ereto); a mulher que optar por ele pode inseri-lo até oito horas antes do sexo.
Por não estarem habituadas a vê-lo ou manuseá-lo com frequência, o preservativo feminino pode parecer estranho, confuso e intimidador, mas a forma de colocá-lo é semelhante à de se inserir um absorvente interno ou um anel vaginal. Segundo a ginecologista, a mulher deve segurá-lo pelo anel da extremidade fechada, aproximar as bordas dele – fazendo com que ele tome a forma de um “8” – e inseri-lo na vagina, empurrando o mais fundo que conseguir. Essa parte da camisinha vai fazer com que ela não saia do lugar durante o ato sexual.
Assim como na hora de colocar um absorvente interno ou um coletor menstrual, a mulher deve estar relaxada e encontrar uma posição que facilite o processo. De acordo com Fernanda, as melhores posições para fazê-lo são agachada, deitada de barriga para cima ou em pé com uma das pernas apoiadas em algo.
Depois que a extremidade fechada é inserida, o restante do preservativo segue o canal vaginal até a abertura. A ginecologista afirma ainda que o anel externo e dois centímetros de plástico devem ficar para o lado de fora da vagina, para que o preservativo não entre durante o ato. Segundo ela, para que o método seja eficaz, ele não deve ser utilizado em combinação com a camisinha masculina. Na hora de retirar o preservativo, a mulher deve puxar o anel que fica para o lado de fora da vagina suavemente.
Apesar de não ser tão comum quanto a versão masculina – que se tornou tão popular a ponto de ter variações de cor e sabor –, o preservativo feminino pode ser encontrado em algumas farmácias, supermercados e sex shops. Deise Mesquita, que faz uso desse método contraceptivo há cerca de dez anos, aconselha comprar pela internet e afirma que, em alguns sites, é possível comprá-las por um preço melhor.
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Por que usar?
Apesar de não ser tão prática quanto a masculina na hora de colocar, a camisinha feminina tem algumas vantagens que a tornam uma ótima opção. Confira alguns benefícios de utilizá-la:
Lubrificação
Por ser feita de látex, a camisinha masculina não pode ser utilizada em combinação com lubrificantes à base de óleo ou silicone, já que as substâncias reagem e aumentam as chances de o preservativo se romper. Com o preservativo, esse problema não existe; Fernanda explica que, por ser feita de plástico, a mulher pode utilizar o lubrificante que preferir na hora do sexo.
Já que ele “encapa” o canal vaginal, esse tipo de preservativo também pode ser uma ótima opção para mulheres que não são muito lubrificadas, como é o caso de Deise. “Eu tenho pouca lubrificação, então decidi optar pela camisinha feminina e amei. O atrito é bem menor do que o da masculina e me dá mais prazer por incomodar menos que ela”, explica Deise.
Mais proteção
Como parte do preservativo fica para o lado de fora da vagina, a ginecologista garante que a opção é eficaz na hora de proteger a região externa da vulva, tornando a prática do sexo oral segura. De acordo com a ginecologista, a taxa de eficácia do preservativo é quase a mesma que a do masculino, ficando entre 95% e 98%. Além disso, Deise afirma que, desde que começou a usar esse tipo de prevenção, houve apenas um “acidente”. “Ela saiu com a penetração, mas isso acontece com a masculina também, né?”, afirma ela.
Donas de si
Uma das maiores vantagens do preservativo feminino é o fato de ele poder ser colocado com até oito horas de antecedência, fazendo com que as mulheres não dependam da vontade do parceiro quando o assunto é proteção. “Ela [camisinha] causa mesmo um estranhamento, um preconceito, mas é uma bobagem. Eu gostei, a mulher tem nas mãos a decisão de ir preparada e protegida para o sexo”, afirma Camila Mora, que decidiu testar esse tipo de preservativo quando recebeu um gratuitamente. Hoje, Camila o intercala com o masculino e afirma que gosta dos dois igualmente.
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Mais sensibilidade e mais prazer
Tanto Deise quanto Camila afirmam que a camisinha feminina não prejudica tanto a sensibilidade na hora do sexo quanto o preservativo masculino. Algumas pessoas dizem ainda que o anel que fica para fora da vagina ainda ajuda na estimulação do clitóris, tornando o sexo mais prazeroso.