Desde a camisinha e anéis vaginais até injeções e dispositivos que ficam dentro do útero para impedir a concepção e prevenir algumas doenças, a gama de métodos contraceptivos que as mulheres têm para escolher é bastante grande. Ainda assim, parece haver um queridinho entre eles: a pílula anticoncepcional. De acordo com dados divulgados pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, aproximadamente 100 milhões de mulheres utilizam esse método em todo o mundo.

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Apesar de ser um dos métodos contraceptivos mais populares, a pílula anticoncepcional é cercada por mitos
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Apesar de ser um dos métodos contraceptivos mais populares, a pílula anticoncepcional é cercada por mitos

Mesmo sendo bastante popular e frequentemente indicada pelos ginecologistas como o método contraceptivo mais prático e eficaz, muito se fala sobre os riscos que as mulheres correm ao fazer uso da pílula anticoncepcional, principalmente a respeito do aumento na possibilidade de elas desenvolverem trombose. Mas, afinal, o que é verdade e o que é mentira acerca desse remédio? Confira 11 dúvidas respondidas:

Engorda?

Mito! De acordo com Flávia Fairbanks, ginecologista do Hospital das Clínicas da USP, o que a ingestão do medicamento pode causar é a retenção de líquidos e um aumento da vontade de consumir carboidratos. Ela afirma, porém, que há pílulas com composições que diminuem esse sintoma, como aquelas que são mais próximas da espironolactona, hormônio que faz o corpo soltar mais líquido.

Dá celulite?

Verdade! A ginecologista explica que, com o aumento na retenção de líquido causado pelo medicamento, a tendência ao surgimento de celulite pode ser potencializada. Ela afirma que isso normalmente ocorre pela combinação de sensibilidade do organismo aos estrogênios (hormônios presentes no remédio) com má alimentação e sedentarismo.

Aumenta os seios?

Mito! Flávia afirma que, assim como o mito de que fazer uso da medicação engorda, o inchaço que muitas mulheres notam nas mamas ocorre em razão da retenção de líquidos potencializada por ela.

Melhora a pele?

Verdade! Além de produzirem estrogênio e progesterona, mulheres naturalmente produzem androgênios, ou seja, hormônios masculinos. Estes, por sua vez, são relacionados à presença de pelos e a condições como oleosidade exagerada, seborreia, acne, entre outros. Os anticoncepcionais, porém, têm componentes que agem de forma anti-androgênica, melhorando o aspecto da pele.

Outros medicamentos cortam o efeito do anticoncepcional?

Verdade! Segundo a médica, Antibióticos, omeprazol e pantoprazol (normalmente utilizados por quem sofre de problemas no estômago) e outros medicamentos cuja metabolização ocorre no fígado podem reduzir e até cortar o efeito das pílulas anticoncepcionais. “Na vigência de uma infecção, o organismo entende que é muito mais importante metabolizar o antibiótico, prejudicando o metabolismo do anticoncepcional”, explica Flávia.

Ela afirma ainda que, normalmente, os remédios que prejudicam o funcionamento das pílulas costumam aconselhar o uso de outras medidas contraceptivas adicionais durante o período e que estiver ingerindo o medicamento.

Existe uma idade certa para começar a usar?

Mito! A ginecologista explica que, desde que a mulher já tenha menstruado algumas vezes que haja uma indicação clara de que ela deve utilizar as pílulas, não há uma idade certa para começar. “Os cuidados no início envolvem empregar uma dosagem de hormônio mais baixa, verificar possíveis contraindicações e avaliar a real necessidade do contraceptivo e da frequência das relações sexuais”, afirma Flávia.

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Causa infertilidade?

Mito! De acordo com Flávia, a não ser que a mulher já tenha algum problema de fertilidade, pode engravidar normalmente ao parar de fazer uso da medicação.

Pode causar trombose?

Verdade! De acordo com dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mulheres que usam anticoncepcionais à base de drospirenona, gestodeno ou desogestrel (tipos de progesterona), correm um risco de quatro a seis vezes mais alto de desenvolver trombose em um ano do que aquelas que não utilizam contraceptivos hormonais.

Flávia explica que isso acontece porque hormônios presentes podem prejudicar os mecanismos cardiovasculares, mas reforça que tudo depende tanto do tipo de pílula e da pré-disposição que a mulher pode ter a esse mal. Além disso, ela aconselha que a mulher converse bastante com o médico antes de começar a tomar o medicamento. “O médico vai perguntar sobre os riscos mais palpáveis, se ela já teve algum evento que pode sugerir episódios de trombose, se tem enxaqueca muito forte, se tem casos de trombose na família, etc. Com base nisso, se nenhum desses riscos for encontrado, a pílula pode ser prescrita”, afirma.

Fumantes não podem tomar?

Verdade! Não é indicado que mulheres fumantes utilizem a pílula e, segundo a própria Organização Mundial da Saúde (OMS), o medicamento nunca deve ser utilizado por mulheres que fumam e têm mais de 35 anos. De acordo com Flávia, o risco de desenvolver trombose que o remédio proporciona, quando combinado com o tabagismo, fica duas vezes maior.

“O cigarro atrapalha o funcionamento do endotélio, órgão que reveste os vasos sanguíneos por dentro e tem a capacidade de liberar óxido nítrico, o mais potente vaso dilatador que temos. Quando a mulher é fumante, acaba ‘estragando’ esse mecanismo e, consequentemente, esses vasos ficam mais rígidos”, explica a médica.

Pílulas de baixa dosagem são menos eficazes?

Mito! Flávia afirma que esse “título” que alguns medicamentos recebem diz respeito à quantidade de estrogênio, que, neles, é menor. Porém, segundo a médica, as pílulas anticoncepcionais são eficazes na contracepção pela ação da progesterona, cuja quantidade não é alterada nas de baixa dosagem.

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Podem gerar depressão?

Verdade! As bulas desse tipo de medicamento sempre trazem um alerta sobre a possibilidade de algumas mulheres desenvolverem depressão quando o utilizam. Flávia explica que esse risco está relacionado à progesterona contida na pílula, mas que não há garantia de que mudar o princípio ativo soluciona o problema. “É importante ressaltarmos que isso é uma condição individual. Se a paciente mudar o princípio ativo, pode ter uma solução, mas, às vezes, ela vai se mostrar muito sensível a qualquer uma dessas pílulas, aí realmente deve evitar esse tipo de método. Vai depender da pessoa, da resposta que ela tiver e do grau de depressão que manifestar”, explica a ginecologista.

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