Para homens, normalmente o orgasmo – ou seja, o ápice do prazer durante uma relação sexual ou durante a masturbação – vem junto com a ejaculação, que é quando um líquido esbranquiçado é expelido pelo pênis. Já grande parte das mulheres, quando chegam ao orgasmo , têm sensações pelo corpo todo, mas não ejaculam. Algumas, porém, têm uma reação diferenciada ao prazer. É o chamado “squirt”, ou ejaculação feminina. 

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O "squirt", ou ejaculação feminina, ainda é algo rodeado de mistérios, mas muitas mulheres afirmam já ter tido

De acordo com a educadora sexual e fisioterapeuta íntima Débora Padua, muito se especula a respeito do “ squirt ”. Ela explica que, de acordo com alguns estudos, a substância não passa de excesso de lubrificação vaginal ou urina, enquanto outros buscam mostrar o contrário. Segundo ela, um deles teve como base a ingestão de um comprimido que dá coloração à urina. Caso a substância expelida pela mulher durante o sexo fosse colorida, significaria que se tratava de urina, mas não foi o que aconteceu, criando mais mistério ainda.

Apesar disso, muitas mulheres relatam experiências como essa e, de início, ficam até um pouco chocadas. “A primeira vez que tive um 'squirt' foi com um namorado, mas eu nem sabia o que era e achei que estava fazendo xixi, pois ele disse que eu estava fazendo xixi. Eu ria muito, pois a sensação ‘de fazer xixi’ era muito boa”, conta a advogada Beatriz Carvalho* (nome fictício). Débora explica que as mulheres que têm essa ejaculação sentem o orgasmo de forma diferente. “Essas mulheres afirmam que, em vez da sensação de contração, elas sentem uma sensação de expulsão, e esse líquido acaba saindo”, explica Débora.

Como ele ocorre?

Filmes pornográficos normalmente retratam a ejaculação feminina como um jato muito extenso de líquido sendo expelido pela vagina, como se ela fosse uma mangueira. De acordo com Débora, a experiência inteira é diferente para cada mulher, e isso inclui a quantidade de líquido expelido por ela durante a ejaculação. “Existem algumas mulheres que chegam a molhar a cama. Outras, têm pouca secreção”, explica ela.

Muitas mulheres dizem que, antes de a ejaculação ocorrer, elas sentem vontade de fazer xixi. Afinal, como é possível saber se o líquido é ou não urina? Débora – que cuida de mulheres com distúrbios que as fazem sentir dor durante qualquer tipo de penetração, como o vaginismo e a dispareunia – explica que, quando suas pacientes têm dúvidas a respeito de experiências como essa, ela pergunta se elas deixam urina escapar em outras situações, como durante espirros ou gargalhadas. Se isso não costuma ocorrer com elas, é provável que realmente não seja urina, mas ela também as orienta a sentirem o cheiro da substância para terem certeza.

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O que é a substância?

Débora explica que, assim como a ejaculação em si, a substância liberada por essas mulheres também ainda é cercada por mistérios. De acordo com ela, o muco vaginal – líquido produzido no interior da vagina que serve para lubrificar a região, facilitar a penetração e a locomoção de espermatozoides – e o sêmen são viscosos e esbranquiçados, e o “squirt” é algo que fica entre as duas substâncias, mas bastante líquida e totalmente transparente.

O que é preciso para que o “squirt” aconteça?

Beatriz afirma que, depois da experiência cômica que teve com a ejaculação, ela acompanhou uma amiga a uma sessão de massagem tântrica e começou a se interessar pelas técnicas do tantra em geral. Tendo como base um conjunto de práticas que possibilitam um aumento na consciência corporal e potencializam prazer que vem com o estímulo de áreas erógenas, a massagem tântrica trabalha o corpo de forma a fazer com que as pessoas que a recebem acabem sentindo orgasmos mais intensos do que o normal.

Foi durante uma sessão administrada pelo terapeuta corporal Daniel Carletti que a advogada experimentou sensações mais intensas do que as que teve durante a primeira ejaculação. “Lavei a sala, a sensação é de explosão de alegria. Eu acho que se não tivesse vivenciado essa sensação durante a massagem, não teria tido mais em uma relação, pois a sensação inicial é a de vontade de fazer xixi, e eu com certeza reprimiria”, afirma ela.

Depois desse episódio, ela afirma que sua vida sexual nunca mais foi a mesma. “Hoje, depois de não ter mais medo da ejaculação, sabendo que não se trata de xixi e conhecendo meu corpo, toda vez que sou estimulada no ponto G, tenho o ‘squirt’. Às vezes com mais ou menos intensidade, dependendo do grau de excitação”, relata a advogada.

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Dicas para chegar lá e lidar bem com a experiência

Agora que você já sabe que a ejaculação feminina não é xixi e pode ser bastante prazerosa, ficou com vontade de passar pela experiência? Tanto Beatriz como Débora relacionam essa ejaculação com a estimulação do ponto G, e ambas têm algumas dicas para quem quer “chegar lá” com estilo:

Conheça seu corpo

Saber como seu corpo responde a determinados estímulos e de qual maneira a mulher mais gosta de ser tocada é essencial para qualquer prática sexual. “Se conhecendo, a mulher consegue conduzir o parceiro para que ela realmente sinta prazer”, afirma Beatriz.

Brinquedinhos podem ajudar

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O ponto G - que, segundo muitas mulheres, deve ser estimulado para que o 'squirt' aconteça - pode ser alcançado com os dedos ou com brinquedinhos

Débora afirma que, já que grande parte das mulheres ejaculam após terem o ponto G estimulado, uma “ajudinha extra” pode ser muito bem-vinda. A mulher pode usar os dedos, mas Débora indica vibradores próprios para alcançar e estimular essa região específica.

“Eles devem ser usados corretamente. Algumas mulheres colocam ele inteirinho na vagina e ligam, mas isso só dá vontade de fazer xixi, porque estimula a bexiga. O ponto G fica entre a uretra e a bexiga, a uns quatro centímetros da entrada do canal, em uma parte que há umas ruguinhas. Quando encontrar o ponto, a mulher deve fazer movimentos circulares, sempre com pressão”, afirma a educadora.

Converse com o parceiro ou a parceira

Se a mulher sabe que consegue ter essa ejaculação mais intensa, conversar a respeito com a pessoa com quem ela faz sexo pode ajudar no quesito inibição. A mulher precisa estar relaxada e, para isso, não pode ser recriminada pela própria ejaculação. “Depois que comecei a ter o ‘squirt’ com frequência, eu sempre avisei os parceiros antes sobre a possibilidade. Isso sempre causou uma curiosidade e mais dedicação da parte deles”, conta ela.

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