Se traduzido ao pé da letra, o poliamor significa ter um relacionamento
simultâneo entre três ou mais pessoas, com o consentimento de todos os envolvidos. Segundo a psicóloga e sexóloga especializada em sexualidade humana Priscila Junqueira, esse tipo de relação
já existe desde a década de 30, mas nunca foi tratada de maneira tão aberta quanto é hoje.

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"Acredito que esse modelo deva crescer ainda mais, já que possibilita que as pessoas reflitam sobre a sexualidade de maneira mais livre. Desta forma, a tendência é que aumente o número de adeptos. Afinal, muitas pessoas ainda não o assumem pelo fato de terem medo de encarar algum tipo de preconceito”, afirma Priscila.
Para a sexóloga, o desejo de muita gente pode ser se relacionar com mais uma pessoa sem culpa ou ciúmes e com liberdade para expor isso em todos e qualquer lugar. "Por isso o poliamor chegou, para tornar tudo isso possível", conta.
O que não podemos esquecer, segundo Priscila, é que algumas pessoas possuem o desejo de variedade e capacidade de se envolver sexualmente e afetivamente com mais de um parceiro, e o poliamor reforça essa tese.
Para a psicanalista e escritora Regina Navarro Lins, esse tipo de relacionamento vem crescendo porque as relações tradicionais não estão mais dando conta de atender as necessidades de algumas pessoas. O que acontece, segunda ela, é que o número de gente insatisfeita com seu casamento ou namoro é grande. "O envolvimento sentimental fora do casamento é sempre problemático e com frequência acaba sendo causa de separação”, explica.
Ficção x realidade
A ficção costuma retratar esse tipo de relaciomanento de diversas maneiras. Alexandre Borges viveu o divertido Cadinho e suas três mulheres na novela "Avenida Brasil". Já o filme "Love", de Gaspar Noé, lançado em 2015 , é mais denso e mostra um casal no qual o homem é mais ciumento, enquanto a mulher está aberta a ter uma relação de poliamor. Outro clássico é "Vic Cristina Barcelona", de 2008 e dirigido por Wood Allen, que mostra duas amigas que se encantam pelo mesmo homem.

Para a antropóloga da Universidade Federal do Rio de Janeiro Mirian Goldenberg, fora da vida real a aceitação fica mais fácil porque as pessoas não levam aquilo a sério. "Na novela, tudo era um grande pastelão, uma caricatura”, opina.
Tipos de poliamor
Priscila Junqueira afirma que dentro desse tipo de relacionamento ainda existem algumas modalidades: triângulo aberto , triângulo fechado , grupo de 4 (onde duas pessoas se relacionam entre si e os demais com apenas um parceiro) e também um grupo de 4 pessoas ou mais em que todos se relacionam entre si, mas é importante deixar claro que existe outros tipos de relações que acabam sendo confundidas com o poliamor.
"A poligamia, por exemplo, que é o casamento com mais de uma pessoa do mesmo gênero e o relacionamento aberto, que consiste em manter relações sexuais com outras pessoas além do parceiro (a) fixo (a) com pouco ou nenhum vínculo afetivo. Neste caso, o interesse pode ser totalmente sexual, seguindo princípios opostos ao do poliamor", pontua.
Independente da escolha ou tipo de relação, os especialistas defendem que é preciso consenso de todos os envolvidos para o poliamor dê certo e ninguém saia magoado.