Nas diversas relações humanas é comum um sentimento: o ciúme. Essa possessividade pode levar parceiros a invadirem o espaço do outro e o mundo virtual do outro. Sim, com a grande quantidade de redes sociais e aplicativos de troca de mensagens, a vontade de monitorar o que o parceiro está vendo ou com quem está conversando é uma necessidade para muitas pessoas. Especialista explica até que ponto o ciúme é normal e dá dicas de como respeitar o espaço do outro.
Segundo o psicólogo e psicanalista Roberto Torres Junior, atualmente o período afetivo e sexual acontece com muita rapidez, ou seja, as relações tem mais fragilidade e acabam com mais facilidade. O ciúme é um dos fatores que arruinam muitos relacionamentos, e o psicólogo explica que isso acontece porque esse sentimento revela vários aspectos de uma relação, como a falta de confiança.
Ele acrescenta que aquele ciúme no começo da relação é algo normal, pois a pessoa ainda está conhecendo a outra, e isso costuma passar depois de um tempo. “Quando a coisa começa a avançar os limites, ou seja, se começa a querer seguir o outro, mexer no celular, ler e-mails é algo preocupante. É necessário uma conversa franca para saber se vão ou não compartilhar o que fazem nas redes”, diz Roberto.
Invadindo o espaço
A analista financeira Cristiane Rodrigues conta que costuma pegar o celular do marido para ler as conversas dele. “Leio por curiosidade, para saber de coisas que ele não me conta”, fala Cristiane. Ela também tem acesso a login e senha das redes sociais e do e-mail do companheiro. “No e-mail, costumo apagar algo que vejo e não gosto. No Facebook, eu excluo algumas notificações para ele não ver algumas marcações e comentários”, revela a analista financeira.
Ela explica que apaga todas as mensagens e registros telefônicos, pois o marido também pega o celular dela para ler as mensagens. “Tanto eu quanto ele lemos e depois comentamos o que vimos, aí gera discussão, porque comentamos com o outro o que vimos e não gostamos”, completa.
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Roberto acredita que a conversa nesse caso é fundamental. Se você não quer que seu parceiro mexa em seu celular, é preciso dizer isso a ele. “Tudo depende de como cada um é, nas suas atitudes, no seu interior e na sua aceitação. Mexer no celular do outro sem autorização é considerado, sim, uma invasão de privacidade, pois tudo tem que ser respeitado”, ressalta o psicanalista.
Privacidade
O professor Marcos Oliveira (nome fictício) afirma que não conseguiria manter uma relação com uma pessoa que mexesse em seu celular sem autorização. “Eu preciso dessa privacidade . Se minha namorada lesse minhas mensagens sem eu deixar, nós provavelmente acabaríamos brigando”, diz.
Ele conta ainda que não pega o celular da namorada, mas fala que se ela colocasse uma senha no aparelho, não ia gostar.
Ainda na visão do psicanalista, um casal precisa acrescentar e somar, respeitando a individualidade e necessidade de privacidade. Ele ainda alerta que dentro de uma relação deve se tomar certos cuidados na hora que vai comentar ou postar algo nas redes sociais, pois o parceiro pode se sentir agredido ou desrespeitado com o conteúdo.
“A relação humana é muito complexa, mas tem que ser conversada e trabalhada. Cada um tem que colocar suas necessidades para o outro entender como é e, dessa forma, buscar algo saudável, um companheirismo, uma parceria, algo que se construa e que seja sem ciúmes”, conclui Roberto.