Distribuição de absorventes pelo governo federal: porquê é importante

Portaria publicada nesta semana define os critérios de funcionamento do Programa de Proteção e Promoção da Saúde e Dignidade Menstrual; entenda

Na última segunda-feira (19), o governo federal publicou a portaria que define os critérios da distribuição gratuita de absorventes para a população por meio do Programa de Proteção e Promoção da Saúde e Dignidade Menstrual

A estimativa é que 24 milhões de pessoas em situação de vulnerabilidade social sejam beneficiadas.

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Quem tem direito?

Segundo o documento, serão beneficiadas pessoas inscritas no CadÚnico e que sejam: estudantes de baixa renda matriculadas na rede pública de ensino (municipal, estadual ou federal); estejam em situação de rua ou de pobreza; estejam recolhidas em unidades do sistema penal ou em cumprimento de medidas socioeducativas.

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Onde os absorventes serão distribuídos?

Os absorventes serão distribuídos em estabelecimentos de saúde vinculados à Atenção Primária à Saúde; unidades da rede de acolhimento do Sistema Único da Assistência Social (SUAS); escolas da rede pública de ensino estadual, municipal ou federal; presídios; instituições de cumprimento de medidas socioeducativas; e outros espaços públicos que atendam às especificações do programa.

Ainda de acordo com o governo, os absorventes adquiridos levarão em conta normas de qualidade estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)

Além disso, será considerada a estimativa de duração do ciclo menstrual e do uso diário de absorventes estabelecida pelo Ministério da Saúde.

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Também serão definidos pela pasta os procedimentos para aquisição, distribuição e dispensação gratuita dos absorventes, bem como a periodicidade, mecanismos e logística

O texto ainda permite que estados, municípios e o Distrito Federal possam fornecer, em caráter complementar ao Programa, absorventes higiênicos e outros cuidados básicos de saúde menstrual, com recursos de seus próprios orçamentos.

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Por que o programa é tão importante?

Usamos o termo "dignidade menstrual" para falar sobre o acesso a produtos e condições de higiene adequados para os cuidados com a menstruação, o que inclui, além dos absorventes, acesso a água canalizada e tratamento de esgoto.

#1 Uma mulher gasta, em média, R$ 6 mil com absorventes durante a vida

No entanto, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a renda domiciliar per capita dos 5% mais pobres no país dobrou em 2022, mas ainda ficou abaixo de R$ 90 por pessoa por mês.

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#2 Mais de 700 mil meninas não têm acesso a banheiro em casa no Brasil

No Brasil, 713 mil meninas não têm acesso a banheiro (com chuveiro e sanitário) em seus domicílios, e 88,7% delas (mais de 632 mil meninas) vivem sem acesso a sequer um banheiro de uso comum no terreno ou propriedade, segundo o estudo "Pobreza Menstrual no Brasil: desigualdade e violações de direitos" (2021), do UNICEF.

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A primeira menstruação acontece, em média, aos 13 anos, idade que, normalmente, corresponde ao sétimo ou oitavo ano do Ensino Fundamental

Estima-se que quase 90% das meninas passarão entre três a sete anos da sua vida escolar menstruando. Sem acesso a banheiro ou chuveiro em casa, muitas delas dependerão quase que exclusivamente da escola para fazer o manejo de sua higiene menstrual.

Cottonbro/Pexels

Mas...

O documento também revela que 321 mil alunas, isto é, 3% das meninas estudantes no país, estudam em escolas que não possuem banheiro em condições de uso. E que 1,24 milhão de meninas — 11,6% do total de alunas — não tenham à sua disposição papel higiênico nos banheiros das escolas em que estudam.

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#3 Em 2022, existiam cerca de 281.472 pessoas em situação de rua no Brasil

O número é 38% maior que o valor estimado em 2019, pré-pandemia. Os dados constam na Estimativa da População em Situação de Rua no Brasil, divulgada em dezembro pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Rovena Rosa/Agência Brasil

#4 O Brasil tem hoje a terceira maior população feminina encarcerada do mundo

Os dados são do World Female Imprisonment List. São cerca de 42.694 mulheres e meninas presas em regime provisório ou condenadas. No passado, a Defensoria Pública de São Paulo entrou com uma ação civil pública contra o Estado para garantir o fornecimento de absorventes e outros itens de higiene em unidades prisionais da região de Ribeirão Preto.

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Presas usavam miolo de pão como absorvente

Uma das situações mais graves foi observada na cadeia feminina de Colina, onde as presas passaram a usar miolos de pão para conter o fluxo menstrual, por falta de absorventes íntimos.

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