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"Ainda existe muita desinformação ao redor da menopausa, e é nosso dever esclarecer todas elas", explica a médica Celeste Azevedo


Apenas uma a cada cinco mulheres sabe o que é a perimenopausa, de acordo com a Pesquisa Global de Higiene e Saúde da Essity. O estudo, realizado bianualmente pela empresa, retrata os principais dados da relação das mulheres brasileiras com a menopausa.

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A pesquisa, feita com 2 mil entrevistadas, revelou que apenas um quinto (20%) das mulheres sabe o que é a perimenopausa, enquanto 49% já ouviu o termo, mas não sabe o que ele significa.

“A perimenopausa é uma das fases menos discutidas entre as mulheres, e ainda é motivo de preocupação e tabu para muitas delas”, explica a médica e obstetra Celeste Azevedo. “Muito se fala sobre a menstruação, o período fértil e a menopausa, mas pouco se discute sobre esse período de transição bem complicado para todas nós”.

As entrevistadas revelaram que os principais sintomas envolvidos nesse período de transição são as ondas de calor (64% das entrevistadas), redução no interesse sexual (60%) e secura vaginal (56%). Para 34%, as ondas de calor são o único sintoma existente.

Os especialistas, no entanto, apontam a existência de dezenas de sintomas que antecedem a menopausa, como problemas com a bexiga, alterações no colesterol, menstruação irregular, pele, lábios e olhos secos e massa muscular reduzida.

A perimenopausa é o período de transição entre o período fértil e a menopausa, e é uma fase de redução de hormônios naturais do corpo da mulher, como o estrogênio e a progesterona. Esse processo antecede a menopausa em 4 a 7 anos.

“Muitas mulheres acreditam que esse período de transição não existe, e, por isso, não reconhecem os próprios sintomas”, afirma Azevedo.

Mitos

A pesquisa também revelou que certos mitos e crenças populares acerca da menopausa ainda se fazem presentes no imaginário feminino.

Quase metade das entrevistadas (49%) acredita que a menopausa começa no momento exato em que a mulher deixa de menstruar. A ginecologista e obstetra Loreta Canivilo explica que, na verdade, a menopausa é definida clinicamente quando a mulher fica um ano inteiro sem menstruação.

O tratamento, no entanto, se inicia muito antes da definição clínica. “Muitas vezes, a gente não espera a paciente ficar um ano sem menstruar, porque ele pode ter sintomas muito antes disso”

41% das entrevistadas também acreditam que a menopausa leva à redução do interesse sexual. Loreta explica que a ausência da ovulação causa uma diminuição dos picos de estradiol, o que pode significar a queda de libido.

No entanto, nem todas as mulheres passam por isso, como aponta Celeste: “Tenho pacientes que não tiveram tantas alterações, e outras, que tiveram muitas. Cada caso é bem específico”.

Outro tópico levantado na pesquisa é sobre a possibilidade de gravidez durante a menopausa: 4 a cada 10 mulheres acredita que é impossível engravidar no período.

“Se você está nesse período de transição, você ainda pode engravidar. Se você acertar o dia que você ovular nessa irregularidade menstrual e tiver relação nesse período, é possível”, afirma a  ginecologista, obstetra e mastologista Mariana Rosário. “Você tem a opção também hoje em dia de ficar grávida na menopausa, se você congelar óvulos”.

‘Pessoas velhas’? Não mais

A pesquisa revela que, para muitas mulheres, a menopausa ainda é um assunto pouco discutido: apenas 3 a cada 10 conversam abertamente sobre, 5 a cada 10 apenas falariam sobre se outra pessoa mencionasse o assunto e 15% evitam o tema de qualquer forma.

Além disso, quase metade das mulheres acredita que o tema é tabu. Dessa porcentagem, 69% afirma que é devido ao tema ser associado a ‘pessoas velhas’.

Etarismo é base de preconceitos com a menopausa
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Etarismo é base de preconceitos com a menopausa

“A menopausa ainda é um tema muito recente para a população. A revolução sexual ocidental chegou apenas nos anos sessenta e, aqui no Brasil, o etarismo ainda é muito presente. Lidar com mulheres mais velhas de uma forma que se discute sexo, saúde e vida ainda é um tópico de muito tabu”, declara a médica Celeste.

O preconceito também existe no mercado de trabalho: 7% das entrevistadas afirmam que já vivenciaram descriminação real de alguma forma devido à menopausa. “Já ouvi pacientes falarem que são chamadas de velhas, que perderam o ápice, que estão decaindo, ou até colegas que diminuem os sintomas e as dores sofridas pelas mulheres, falando que é tudo besteira”, diz a médica.

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A ginecologista Loreta reflete que a menopausa é um período importante para todas as mulheres e deve ser vivido intensamente. “A menopausa é libertadora. É um momento onde eu não menstruo mais, não engravido mais, não tenho oscilações hormonais, tenho a minha liberdade econômica”.

A médica explica que, com exercícios, sono regular e a reposição de hormônios, a menopausa pode ser muito mais tranquila do que o esperado. Conversar com amigas que passam pelo mesmo, procurar por ajuda profissional e refletir sobre a importância desse período também é essencial.

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