Quanto mais o tempo passa, mais as pessoas parecem cada vez mais desatentas
em suas rotinas. Algumas perguntas que podem surgir ao longo do dia na cabeça são: “deixei aberta a janela da sala?”; “tomei o remédio antes de dormir?”; “qual horário cheguei em casa mesmo?”. Isso acontece já que as ações consideradas "banais" são feitas no piloto automático.
Neste momento, a maior parte das pessoas estão em isolamento social para evitar a propagação do novo coronavírus. Talvez seja a hora de iniciar práticas capazes de organizar o cotidiano depois que a quarentena passar. A prática de mindfulness pode ser uma opção para quem sente que precisa ter mais atenção ao desempenhar tarefas cotidianas.
O que é mindfulness?
O termo pode ser traduzido como “consciência plena”. “É uma forma específica de prestar atenção em tudo o que acontece no momento presente intencionalmente, sem julgar a nossa experiência como boa ou ruim”, diz a cirurgiã plástica Beatriz Lassance.
Estudos apontam que o cérebro humano pode produzir até 60 mil pensamentos por dia, o que torna importante repousar a atenção em elementos do presente. “Não há como impedir que outros pensamentos invadam neste período de tempo, mas com a prática aprendemos a estar cada vez mais presentes em tudo o que acontece na vida”, explica Beatriz.
Segundo a endocrinologista Paula Pires, estudos apontam que a prática pode ser uma boa aliada para o tratamento de depressão, ansiedade e estresse crônico. Pode ajudar também em dores físicas e na regulação do sistema imunológico.
Diferenças entre mindfulness e meditação
Apesar de similares, as duas práticas têm propósitos distintos. No entanto, ambas são capazes de melhorar o bem-estar emocional e mental. Enquanto a meditação tem como objetivo principal a serenidade, o mindfulness se apoia no organizacional: quer melhorar a concentração e organizar a mente para se viver com mais atenção.
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Geralmente, a meditação demanda um tempo de concentração e de recolhimento para ser realizada. O mindfulness pode ser praticado ao longo do dia, por exemplo. Segundo a cirurgiã vascular e angiologista Aline Lamaita, o cerne de tudo é prestar atenção no que se está fazendo, os sentimentos despertados, as emoções por trás daquilo, as lembranças que podem surgir.
“Mindfulness é essencialmente uma tomada de consciência do que está surgindo momento a momento, o que naturalmente inclui a prática da meditação”, explica Fernanda Cassetari, fisioterapeuta especialista em aprimoramento comportamental.
Você viu?
Do acordar de manhã ao se deitar para dormir, o ideal é realizar todas as tarefas com 100% de foco . Tente não pegar os celular enquanto executa tarefas simples e “mecânicas”. Preste atenção nos movimentos de repetição, na sua visão, nos cheiros... Encare tudo como uma experiência que precisa totalmente da sua concentração.
Paula explica que apenas o comprometimento em estar presente é necessário. Assim você dificilmente vai esquecer o nome de alguém a quem acabou de se apresentar ou se tomou ou não aquele remédio depois do almoço.
Quem pode fazer mindfulness?
Literalmente todo mundo, até as crianças! Isso por sua eficácia no controle do estresse e em proporcionar relaxamento.
Segundo Beatriz, a área da nutrição é uma das que estão se aliando ao mindfulness. Por mudar a percepção do alimento e do paladar, tem bons resultados em tratamentos de educação alimentar e no combate à alimentação compulsiva. Dessa maneira, as pessoas se sentem menos ansiosas em frente à comida.
Os exercícios de mindfulness podem ser úteis também durante o isolamento social . “É normal que estejamos apreensivos e ansiosos com o presente e o futuro próximo, e com isso fazemos tudo no piloto automático enquanto nossa cabeça permanece ligada no assunto”, diz a Aline.
Sendo assim, a prática pode ajudar a preservar a saúde mental , gerenciar o estresse e diminuir a incidência de depressão.
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Comece a praticar! Confira 4 exercícios
Iniciar na prática de mindfulness não requer muito esforço, apenas um pouco de determinação e comprometimento com os exercícios. Paula e Fernanda indicam exercícios para você tentar adotar para se conhecer melhor e, assim, conseguir organizar as emoções e impulsionar sua concentração.
1. Pratique ao escovar os dentes
Como falamos, é possível realizar a prática de mindfulness enquanto está fazendo tarefas do seu cotidiano. Este exercício específico ajuda a evitar a agitação e, ao acalmar o corpo, a mente também se aquieta.
É bem simples: foque nas sensações que você sente ao escovar os dentes. Fernanda afirma que a escovação é um momento em que as pessoas não estão muito presentes, andam pela casa, checam o celular, caminham pela casa ou conversam.
- Pare em frente ao espelho e observe seu rosto
- Mantenha a atenção nos movimentos da escova em sua boca, nos dentes inferiores, nos dentes superiores, da esquerda e da direita
- Sinta o frescor e o gosto da espuma dentro da boca
- Permaneça focado, mande para longe as divagações.
2. Aceite uma sensação incômoda
Paula sugere o exercício para quem estiver sentindo algo ruim. Ela diz que é importante aceitar e vivenciar a emoção sem crítica ou julgamento. A aceitação é uma poderosa ferramenta capaz de agir contra o estresse. Para isso:
- Localize a emoção no corpo. Ela se localiza no coração? Atente-se às batidas dele
- Identifique sensações como resposta. Há tremores, formigamento ou frio, por exemplo?
- Se fixe nesta sensação por alguns momentos para compreender como esta emoção age em seu físico.
3. Meditação de 3 minutos
Segundo Fernanda, o exercício ajuda a acalmar o ritmo mental e a reduzir ansiedade. Veja o que fazer durante este tempo:
- Pare e transfira sua atenção para a respiração em seu abdômen.
- Sinta como o ar entra e sai de seus pulmões.
- Aumente o volume até encher o seu peito e diminua a velocidade em que você expira.
- Sinta os batimentos cardíacos diminuem.
4. Concentre-se na alimentação
É outro momento em que o mindfulness pode te ajudar a se concentrar, já que também é o “momento perfeito” para mexer no celular ou assistir televisão. Coloque todo seu foco no seu prato! Uma dica é se concentrar nas cores dos alimentos. Mastigue bem devagar e concentre-se nos sabores e como eles agem na boca.
Ao comer com calma, a agitação mental diminui e a saúde humana é promovida. Além de trabalhar o foco, Fernanda explica que isso estimula o trabalho dos intestinos e facilita na digestão. “Torne isso um hábito”, aconselha a fisioterapeuta.