Ele está presente em muitos lanches das redes de fast food, nas batatas fritas (acompanhado do cheddar), no recheio de muitas pizzas e até mesmo no caldo do feijão. O bacon geralmente é visto como um alimento super gorduroso e calórico que faz mal à saúde, mas será que é isso mesmo? Especialistas desmistificam o consumo do bacon na dieta.
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Para Rodrigo Polesso, idealizador do site Emagrecer de Vez e especialista em emagrecimento certificado em Nutrição Otimizada e Saúde e Bem-estar pela Universidade Estadual de San Diego, nos Estados Unidos, o bacon na dieta geralmente é visto como um “vilão” porque as pessoas tem a falsa ideia de que carne e gordura animal fazem mal a saúde.
“O bacon, assim como outros derivados do porco, vem sendo consumidos por populações tradicionais no mundo inteiro há milhares de anos. Assim como toda carne, ele reúne todos os aminoácidos necessários para o corpo humano, vitaminas e minerais, assim como ótimas quantidades de gorduras monoinsaturadas e também as essências gorduras saturadas.”
De acordo com Rodrigo, boa parte das pessoas deixa de consumir ovos com bacon no café da manhã, como é comum nos Estados Unidos, para comer alimentos que são mais inflamatórios ao corpo como granola, iogurte desnatado, doce, salgados e farináceos no geral. Isso porque todos esses alimentos são vendidos como saudáveis, mas na verdade são industrializados.
Em contra partida, a nutricionista consultora da agência E4, Caroline de Aquino Guerreiro, alerta que é preciso ter cuidado ao generalizar os alimentos e classificá-los como “mais inflamatórios” ou “menos nutritivos”.
Ela diz que embora não seja uma cultura do nosso país, muitas pessoas realmente comem bacon e ovos pela manhã, mas não deixam de lado outros alimentos como frutas, bolos e pães.
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“Ao optar por produtos ultraprocessados, como bolachas recheadas, cereais matinais açucarados e outros produtos com elevada adição de açúcar e gordura – seja por pressa, conveniência ou influência da mídia, certamente o café da manhã se tornará uma refeição desbalanceada e pouco nutritiva”, comenta Caroline.
A nutricionista acrescenta que o bacon na dieta não deve ser visto como “vilão” ou “mocinho”, assim como nenhum outro alimento, pois o grande segredo para uma alimentação balanceada é o equilíbrio e a moderação.
“Segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira (2014), o bacon pode ser classificado como um alimento processado e seu consumo deve ser limitado apenas a pequenas quantidades, de maneira esporádica e não como parte da alimentação diária/semanal”, comenta Caroline.
A gordura do bacon é diferenciada?
No geral, não há nada de especial ou diferente na gordura do bacon. Rodrigo explica que existem três tipos de gordura: monoinsaturada, saturada e poliinsaturada. “A maior parte da gordura do bacon é monoinsaturada, a mesma do azeite de oliva, e 35% dessa gordura é saturada. Vale lembrar que 45% da gordura do leite materno também é saturada, ou seja, é um tipo gordura importante.”
O especialista em emagrecimento também fala que 14% da gordura do azeite de oliva é saturada, assim como 20% da gordura do salmão e, diferente do bacon, esses alimentos são vistos como saudáveis. “A gordura do bacon é natural e não existe evidência nenhuma publicada comprovando que ela faça qualquer mal à saúde. Estas gorduras são essenciais ao ser humano para absorção, por exemplo, de muitas vitaminas como A, D, E e K.”
Entretanto Caroline pontua que essa carne é resultado de um processo industrial (defumação) da gordura do porco e possui alto teor de gorduras saturadas, colesterol, além de tiamina (vitamina B1). Durante o processamento, o bacon costuma ter adição de sal e compostos fixadores de cor que podem prejudicar a saúde em longo prazo.
“É preciso considerar que, por se tratar de um alimento processado, a defumação do bacon pode favorecer a formação de compostos químicos cancerígenos nocivos ao organismo. De acordo com o Guia Alimentar (2014), alimento processado é aquele cujos ingredientes e/ou métodos usados na fabricação alteram de forma desfavorável a composição nutricional do alimento que ele deriva”, fala a nutricionista.
Ela acrescenta que a Organização Mundial da Saúde (OMS) fez um alerta sobre o consumo excessivo não só do bacon na dieta, mas de outras carnes processadas como salsicha, linguiça e presunto, pois acreditam que são alimentos que podem aumentar o risco de câncer de intestino.
Mesmo assim, Gabriela Cilla, nutricionista clínica, funcional e esportiva da Clínica NutriCilla, defende que o bacon possui diversos benefícios como qualquer carne de origem animal. “Diferentemente de embutidos, o bacon é um corte natural do porco, não sendo químico. O problema acaba sendo a quantidade que os clientes consomem, pois é necessário consumir com moderação.”
Como adicionar o bacon na dieta?
A sugestão de Paulo é continuar tratando esse alimento como um condimento. “Use o bacon na dieta como algo para dar mais sabor à refeição, pois esse alimento sempre foi escasso na mesa dos brasileiros. Também não vejo problema em comer três tiras de bacon com ovos pela manhã ou adicionar umas tiras de bacon no almoço ou na janta de vez em quando.”
Para Caroline, o ideal é optar sempre por uma combinação de alimentos que possa agregar qualidade a refeição e que ofereçam os nutrientes que o corpo necessita diariamente. “Caso opte por consumir ovos e bacon no café da manhã, então vale prestar atenção na forma de preparo destes alimentos, no tamanho da porção e na frequência do consumo. Com moderação e sem radicalismos, é possível se alimentar de forma equilibrada.”
Antes de antes de optar por alimentos processados e ultraprocessados, a nutricionista indica considerar uma alimentação rica em frutas, verduras, legumes, carnes magras, entre outros alimentos in natura e que são minimamente processados, pois isso é essencial para a saúde do organismo.
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Por fim, Paulo defende que a grande sacada está em entender que as carnes no geral, incluindo o bacon, tendem a sinalizar corretamente os sensores de apetite e saciedade do corpo, dificultando o consumo exagerado que leva a pessoa a ganhar peso.
“Isso não acontece quando comemos farináceos, açúcares e carboidratos como batata-frita e arroz. Conseguimos comer esses alimentos bem além da conta sem percebermos e depois ainda acontece a metabolização pelo corpo que promove um aumento exagerado da glicemia e também do hormônio insulina, o que favorece o ganho de peso”, conclui especialista que apoia o consumo do bacon na dieta .