Ninguém sofria com obesidade na família de Daniela Romanesi, este nunca foi um problema para fotógrafa de Bragança Paulista. Por volta dos 20 anos, chegou a ter um pouco de sobrepeso, mas nada demais. Entretanto, quando decidiu se tornar vegetariana, a situação saiu do controle. Ela tirou a carne do prato, mas substituiu por carboidratos. Além disso, gostava muito de doces e não mantinha nenhum treino na academia ou alguma atividade física. Rapidamente, ganhou 30 quilos e chegou aos 108 quilos.

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Fotógrafa Daniela Romanesi, hoje com 41 anos e 68 quilos, chegou a pesar 108 quilos antes do treino moderado
Daniela Romanesi/ Arquivo Pessoal
Fotógrafa Daniela Romanesi, hoje com 41 anos e 68 quilos, chegou a pesar 108 quilos antes do treino moderado

Comprar roupa se tornou um sofrimento, já que ela não tinha muitas opções. Quando passou dos 95 quilos, deixou de se olhar no espelho e já não sentia mais força para fazer coisas simples do dia-a-dia. “O mal estar e a baixo autoestima me trouxeram consciência de que precisava mudar”, conta em entrevista ao Delas. Foi deste modo que ela conheceu o slow training, conceito que mostra como o treino moderado também pode ser efetivo para a perda de peso.

Apesar de parecer um ideia simples, Daniela passou por um longo período de autoconhecimento antes de entender melhor o slow training. Nuno Cobra Jr., especialista neste tipo de treinamento, explica que ele está ligado ao slow life, um estilo de vida que vai contra o consumismo baseado em formas instantâneas e fórmulas milagrosas. “Abrange todas as fórmulas de treinamento, mas a perspectiva é de resultados em médio a longo prazo. A proposta é trazer consciência ao treinamento.”

Mudança de vida

Assim que Daniela decidiu mudar a vida que estava levando, começou a caminhadas em uma esteira que tinha em casa. Logo que perdeu os três primeiros quilos, passou a dar trotes leves no aparelho. “Foi uma fase irresponsável (já que ela não tinha o preparo suficiente para este tipo de atividade), mas eu sempre tive muita sensibilidade e escutava o meu corpo. Corria quando dava e, depois, voltava a andar.”

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A mudança começou em 2009 e, quando chegou em 2013, já estava com 15 quilos a menos. “Mas foi muito sofrido, um processo lento. No final, comecei a perder a conexão com meu corpo. Queria perder mais peso, mas não conseguia, e aí corria mais do que podia”, conta Daniela, que começou a sofrer com lesões causadas pelo sobrepeso e pelo exercício exagerado.

E está aí o perigo das tal fórmulas milagrosas ou treinamentos de alta intensidade, o famoso HIIT. Quando ele é praticado por alguém que já tem um histórico de exercícios físicos e conhece bem o corpo, não tem tanto problema, porque a pessoa vai saber reconhecer os próprios limites. Entretanto, esta não é a realidade da população. Segundo estudo feito pela Organização das Nações unidas para Alimentação e Agricultura e a Organização Pan-americana de Saúde, mais da metade dos brasileiros tem sobrepeso. Sem contar que 20% já são classificados como obesos.

A Pesquisa Nacional de Saúde, realizada em 2013, aponta também que apenas 27,1% dos homens com 18 anos ou mais praticavam o nível recomendado de atividade física no lazer. Em relação as mulheres, o número cai para 18,4%. “A proporção de adultos classificados na condição de insuficientemente ativos no Brasil foi de 46,0%

“A maior parte da população não está sendo contemplada nos modos de treinamento mais encontrados atualmente. Eles são muito radicais, criados apenas para uma ‘elite de atletas’ e para os jovens”, explica Nuno Cobra Jr..

Atividade certa

Especialista em treino moderado, o coach Nuno Cobra Jr. garante que não há uma única forma de se alcançar os objetivos
Nuno Cobra Jr./ Arquivo pessoal
Especialista em treino moderado, o coach Nuno Cobra Jr. garante que não há uma única forma de se alcançar os objetivos

Após perceber que só a musculação e as caminhadas que estava fazendo já não retornavam os resultados esperados, Daniela começou a estudar para compreender melhor o próprio corpo. Foi aí que conheceu o slow trainning e, diferentemente de muitas pessoas, não escolheu o HIIT como forma de mudar o estilo de vida, mas sim o LISS, Low Intensity Steady-State, que segue a linha de exercícios moderados.

Além disso, a fotógrafa também mudou a alimentação. Ela voltou a comer carne, mas, desta vez, de uma forma mais consciente. A paulistana teve muito problemas em seguir as ordens da nutricionista que a acompanhava, mas conseguiu encontrar um caminho ao entender que precisa de uma nutrição mais natural possível.  “Eu não sigo uma dieta específica, fui estudando e absorvendo o que servia para mim. O melhor é o que vem da natureza. Já os industrializados e processados não servem. Como legumes, frutas, verduras, carnes, peixes, frango e castanhas. Já os carboidratos e açúcares entram na rotina muita moderação. Além disso, só como quando tenho fome. Escuto o meu corpo.”

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De 2013 até 2015 foram mais 25 quilos perdidos, chegando aos 68 quilos.”Foi sim um processo lento, mas eu queria saber como viver, não criar uma solução mágica. A gente precisa ter paciência para colher resultados, para que eles sejam para a vida toda”, explica Daniela. Hoje, aos 41 anos, ela mantém a musculação e caminhada. Recentemente, recebeu também um convite para começar a jogar tênis.

Nuno concorda que dá para fazer as coisas criando maior consciência. Ele afirma que não existe uma única forma de se chegar aos objetivos e que, diferentemente das fórmulas milagrosas, quanto mais você pensa em médio a longo prazo, melhor vai ser o resultado final do treino e da dieta.

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