
A retirada de próteses de silicone, conhecida como explante mamário, tem se tornado mais comum no Brasil. A busca pelo procedimento está ligada a questões de saúde, como contratura capsular, síndrome ASIA e doença do silicone, além de mudanças no padrão estético feminino. Em 2020, o país registrou 25 mil explantes, segundo a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica.
A influenciadora Romana Novais realizou a cirurgia na última semana. A esposa de Alok usou as redes sociais para explicar a troca das próteses. A médica relatou que enfrentou contratura capsular e rippling , condição que causa ondulações visíveis nos seios. “ Fiz cirurgia porque tive contratura e rippling (essas ondulações aparentes) ”, escreveu.
A contratura capsular é uma resposta do corpo ao implante, quando o organismo forma uma cápsula rígida ao redor da prótese. Já o rippling surge com mais frequência em pacientes com pouco tecido mamário ou implantes posicionados atrás do músculo.
Doença do silicone e síndrome ASIA
Muitos dos sintomas que levam à retirada da prótese estão relacionados a síndromes pouco conhecidas. A que leva o nome ''ASIA'', por exemplo, está associada a reações autoimunes provocadas por materiais estranhos ao corpo.
O médico membro titular pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e membro da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS), Dr. Fernando Amato, explica ao iG Delas: “ ASIA significa síndrome inflamatória autoimune induzida por adjuvantes ”.
Os sintomas da ASIA incluem dores nas articulações, fadiga crônica, distúrbios do sono, queda de cabelo e olhos secos. Apesar disso, não há exames específicos para diagnóstico. O processo envolve avaliação clínica detalhada e exclusão de outras doenças, como distúrbios da tireoide.
Já a doença do silicone é um termo genérico para complicações associadas ao implante. Pode incluir contratura capsular, extravasamento e reações inflamatórias.
'' A cápsula que fica ao redor do implante é muito importante. Em alguns casos, é necessário removê-la também ”, afirma Fernando Amato.

Indicações da mastopexia com explante
A retirada da prótese pode ser feita isoladamente ou combinada com a mastopexia, cirurgia que reposiciona os seios. O procedimento conjunto é indicado quando há flacidez ou queda da mama.
“ A vantagem da mastopexia é que é possível recrutar os tecidos ao redor da mama e reposicioná-los de forma mais harmônica ”, destaca o especialista.
Além disso, a lipoenxertia pode ser associada ao explante. A técnica utiliza gordura retirada de outras áreas do corpo para preencher e remodelar as mamas. O objetivo é proporcionar um resultado natural, mesmo sem o uso de implantes.
Antes da cirurgia, o acompanhamento é fundamental. A avaliação clínica deve considerar o posicionamento da prótese, a quantidade de tecido mamário e a expectativa da paciente em relação ao resultado. A ressonância magnética é o exame mais indicado para identificar possíveis rupturas ou alterações na cápsula.
A tendência é que pacientes cada vez mais optem por resultados naturais.
“ Pacientes mais jovens ainda preferem volumes maiores, mas mulheres em outras fases da vida buscam um visual mais discreto e anatômico ”, observa Fernando.

Tendências no uso de implantes de silicone
Segundo o especialista, o setor de cirurgia plástica tem investido em tecnologias para melhorar a segurança dos implantes. Entre as mudanças, estão o uso de texturas nanotecnológicas e chips de rastreamento dentro das próteses. A medida facilita o acompanhamento de possíveis complicações, como o linfoma anaplásico de grandes células.
Além disso, as técnicas cirúrgicas também têm evoluído. O uso de cones, antibióticos profiláticos e hemostasia rigorosa são algumas das rotinas adotadas para reduzir riscos.
Mesmo com a crescente realização de explantes, a mamoplastia de aumento com silicone ainda figura entre as cirurgias estéticas mais realizadas no mundo. No entanto, o número de mulheres que optam por não colocar ou por retirar os implantes vem crescendo.
A mudança de mentalidade acompanha transformações na autoestima feminina. Muitas pacientes relatam não querer mais “ um corpo com material estranho ”. Outras aproveitam reoperações para remover as próteses e não as substituem.
O acompanhamento médico continua essencial após o explante, embora a necessidade de avaliações regulares diminua. Já quem mantém a prótese precisa realizar exames anuais para verificar a integridade do material.
Por fim, o especialista reforça que o explante não é apenas uma questão estética. Em muitos casos, trata-se de uma decisão relacionada à saúde e ao bem-estar.