
O Dia Nacional da Endometriose, celebrado na quarta-feira (07), chama a atenção para uma condição que afeta de 5% a 15% das mulheres em idade reprodutiva no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde.
Apesar da alta incidência, o diagnóstico ainda é tardio e cercado por tabus, especialmente a ideia equivocada de que dores menstruais intensas são normais.
A endometriose é uma doença inflamatória crônica causada pelo crescimento de tecido semelhante ao endométrio(revestimento do útero) fora da cavidade uterina. As áreas mais afetadas costumam ser a pelve, ovários, intestino e bexiga, provocando sintomas como dor pélvica persistente, cólicas menstruais incapacitantes e dor durante as relações sexuais.
Segundo o ginecologista Dr. Thiers Soares, especialista em endometriose, é fundamental romper com a normalização da dor. “O período menstrual não é para ser um período sofrido. A dor não é normal” , alerta o médico, lembrando que a demora média para o diagnóstico pode chegar a sete anos.
Ainda não se conhece a causa exata da endometriose, mas há indícios de que fatores genéticos, hormonais, imunológicos e até menstruação retrógrada estejam envolvidos no desenvolvimento da doença. Nesse fenômeno, o sangue menstrual retorna pelas tubas uterinas em direção à cavidade abdominal, levando células do endométrio para fora do útero.
Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico costuma ser clínico, baseado nos sintomas relatados. Exames como a ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal e a ressonância magnética da pelve são importantes aliados para identificar a localização e extensão das lesões.
Em alguns casos, a videolaparoscopia, cirurgia minimamente invasiva, pode ser usada tanto para diagnóstico quanto para tratamento.
Mesmo sem confirmação por exames de imagem, o tratamento pode ser iniciado diante de sintomas característicos. A abordagem varia conforme os objetivos da paciente. Para aquelas que não desejam engravidar, o foco é o controle da dor e da progressão da doença, geralmente com terapias hormonais e analgésicos.
Já para quem busca a gestação, o tratamento deve preservar a fertilidade, podendo incluir medicamentos para indução da ovulação ou cirurgia para remoção de focos da doença.
Importante destacar que ter endometriose não significa, necessariamente, infertilidade. Muitas mulheres com a condição engravidam naturalmente ou com apoio de tratamentos especializados.
Atendimento pelo SUS

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito para endometriose, conforme diretrizes clínicas aprovadas pelo Ministério da Saúde. Além de medicações hormonais e analgésicas, o SUS disponibiliza cirurgias como videolaparoscopia, laparotomia (mais invasiva) e, em casos específicos, histerectomia (remoção do útero).
Outra iniciativa importante é o projeto Saúde das Mulheres, do Proadi-SUS, que capacita profissionais em todo o país para melhorar o diagnóstico e o tratamento da endometriose, ampliando o acesso ao atendimento especializado.
Neste 7 de maio, a data serve como alerta: sentir dor não deve ser considerado normal. Procurar ajuda médica ao perceber sintomas persistentes é fundamental para garantir qualidade de vida e bem-estar às mulheres que convivem com essa condição silenciosa e, muitas vezes, invisível.