Camila Panizzi Luz
Reprodução/Instagram
Camila Panizzi Luz

A organização do Festival Literário Internacional de Poços de Caldas (Flipoços) decidiu retirar a escritora Camila Panizzi Luz da programação do evento e recolher seus livros do estande de vendas após declarações polêmicas durante uma palestra na última quarta-feira (30). A autora associou a literatura marginal à criminalidade em um diálogo com o escritor Wesley Barbosa, integrante do Coletivo Neomarginal.

O incidente ocorreu quando Camila convidou Wesley, que estava na plateia, para subir ao palco e falar sobre seu livro Viela Ensanguentada, publicado pela Barraco Editorial. Durante a fala do autor, ela interrompeu para questionar: "Como que faz para ser neomarginal? Eu quero ser uma neomarginal, gente. Olha que tudo! Camila Luz, neomarginal. Nunca fui presa."

A fala foi interpretada como ofensiva e racista, gerando indignação nas redes sociais. Wesley Barbosa, que nunca foi preso, compartilhou o vídeo do ocorrido com a legenda: "Também nunca fui preso!". A literatura marginal é um movimento artístico que surgiu nos anos 1970, dando voz a autores periféricos.


Em nota oficial, a organização do Flipoços classificou o episódio como "lamentável e de cunho racista" e anunciou o rompimento de vínculos com a autora, além da retirada de seus livros da feira. O festival também se comprometeu a reforçar a curadoria para evitar situações semelhantes no futuro.

O Flipoços, que completou 20 anos em 2025, reafirmou em comunicado seu compromisso com a diversidade e a inclusão, destacando a importância da literatura marginal como ferramenta de representação. "Seguimos juntos, lutando por um mundo onde todas as histórias possam ser contadas e ouvidas", concluiu a organização.

Wesley se pronunciou oficialmente e republicou nas redes sociais algumas mensagens de apoio dos internautas. "A poesia não é uma barata que você pisoteia ou uma mosca que você espanta e vai para longe; a poesia é a vontade de persistir, de construir, de criar, de atravessar a ponte, como todos nós fazemos todos os dias, quando não nos calamos perante uma fala racista, uma fala que mais exclui do que inclui", disse ele.

"A certeza também é traiçoeira. A certeza nos faz de trouxas. A certeza é uma escritora rindo da sua cara e debochando enquanto você tenta se expressar e falar de poesia; mas ontem a poesia foi mais forte, ontem a poesia reinou. A poesia disse: não falemos de racismo hoje. Falemos sobre sonhos e revoluções, dessas coisas que nós só conseguimos com perseverança, pois os livros são como marretas pesadas quebrando as paredes da ignorância. E hoje, todos que aqui estão irão presenciar a força e a potência da marginalidade poética", ele acrescentou. Camila trancou o perfil dela para evitar críticas. 


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