
O TikTok, uma das plataformas preferidas entre crianças e adolescentes, esconde riscos que vão desde trends perigosas até exposição a conteúdos impróprios. Recentemente, casos como o da menina de oito anos que morreu após participar do Desafio do Desodorante e o relato da adolescente que engravidou viralizaram, reacendendo o debate sobre segurança digital para jovens.
O que são trends e por que preocupam?
Trends são desafios ou comportamentos que se popularizam rapidamente no TikTok, muitas vezes incentivados por vídeos virais. Alguns, como danças criativas, são inofensivos, mas outros — como inalar aerossóis, consumir medicamentos sem prescrição ou participar de brincadeiras sexuais perigosas — colocam vidas em risco.
Políticas de segurança do TikTok
Ferramentas de controle parental: A "Sincronização Familiar" permite limitar tempo de uso, restringir mensagens diretas e filtrar vídeos inapropriados.
Modo restrito: Reduz a exibição de conteúdos sensíveis.
Denúncia de vídeos: Usuários podem reportar trends perigosas ou inadequadas.
Como proteger seu filho?
Ative os controles parentais: Vincule sua conta à do seu filho pela "Sincronização Familiar" para gerenciar configurações de privacidade.
Monitore o consumo: Pergunte sobre os vídeos que ele assiste e esteja atento a mudanças de comportamento.
Alerta sobre trends: Explique os riscos de desafios aparentemente "inofensivos".
Denuncie conteúdos perigosos: Use as ferramentas do app ou órgãos como SaferNet.
"Não é sobre proibir, mas orientar"
Para o psicólogo Alexander Bez, a supervisão deve ser ativa, não repressiva.
"Hoje, mais do que nunca, pais precisam estar atentos ao comportamento de seus filhos diante das tendências perigosas que circulam nas redes sociais, especialmente no TikTok. Muitas dessas práticas colocam em risco direto a saúde física e mental dos adolescentes, podendo resultar em comportamentos de natureza suicida, homicida ou sexualmente irresponsável. É fundamental compreender que essas condutas não são apenas 'brincadeiras de mau gosto', muitas vezes, elas são manifestações de uma mente em sofrimento ou influenciada por grupos que promovem a desvalorização da vida. O envolvimento em práticas como sexo coletivo, desafios de alto risco ou exposição a conteúdos destrutivos pode representar um quadro de desestruturação emocional profunda", disse ele ao iG.
Para os pais, as dicas mais importantes são, segundo o especialista:
1. Observar mudanças de comportamento: Quando há envolvimento com práticas perigosas, o comportamento muda. Pode haver maior isolamento, agressividade, queda no rendimento escolar ou alterações bruscas de humor. Fique atento.
2. Conheça as amizades dos seus filhos: É fundamental saber com quem seu filho anda. Amizades que incentivam comportamentos de risco devem ser revistas, mesmo que isso implique mudança de escola ou de círculo social.
3. Acompanhe o uso das redes sociais: Muitos desses comportamentos são estimulados e reforçados online. Estabeleça limites e esteja presente digitalmente, mesmo que seu filho não compartilhe tudo.
4. Crie espaço para o diálogo: A maioria dos adolescentes não se sente confortável em falar com os pais sobre sua vida íntima. Ainda assim, é preciso criar um ambiente de confiança desde cedo, mais especificamente a partir dos 11 anos, para que o filho se sinta seguro para se abrir e possa reconhecer situações perigosas, e principalmente, ao reconhecer, compartilhar com os pais antes que seja tarde.
5. Procure ajuda profissional quando necessário: Em muitos casos, o acompanhamento psicológico é essencial. Tanto para o adolescente quanto para a família entenderem e enfrentarem juntos o que está acontecendo.
"Essas condutas não são normais e não podem ser romantizadas. A vida do seu filho está em jogo. A palavra-chave aqui é proteção, não repressão, mas uma proteção ativa, consciente e firme. A internet pode ser um espaço perigoso quando usada sem filtros e orientação. Não se trata de conservadorismo ou moralismo, mas de saúde mental, responsabilidade e cuidado com a vida", concluiu.