Marinna Silva quebra barreiras e lidera no setor automotivo
Arquivo pessoal
Marinna Silva quebra barreiras e lidera no setor automotivo

O setor automotivo é historicamente dominado por homens. Durante décadas, as áreas de engenharia mecânica, desenvolvimento de veículos e gestão de operações foram ocupadas quase exclusivamente por profissionais do sexo masculino.

Nesse cenário, mulheres que tentam ingressar e crescer na indústria enfrentam desafios que vão desde a falta de representatividade até a necessidade constante de provar sua competência. No entanto, figuras como Marinna Silva vêm transformando essa realidade, abrindo caminhos e mostrando que liderança e inovação não têm gênero. Confira seu relato a seguir: 

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"Meu nome é Marinna Silva, tenho 45 anos, sou filha da Fátima e do Josuel, irmã da Priscila, do Markus e do Tiago. Nasci em São Paulo, mas fui criada em São José do Rio Preto, no interior do estado. Desde muito cedo, aprendi o valor do trabalho. Inspirada em minha mãe, que é professora, aos 11 anos, comecei a dar aulas particulares para alunos mais novos. Essa experiência me trouxe responsabilidade e me fez entender o prazer de aprender e ensinar", iniciou ela.

"Quando chegou a hora de escolher uma profissão, eu tinha certeza de que seguiria a medicina. Mas uma reportagem sobre robôs me fez mudar de ideia: eu queria ser engenheira. Estudei muito e realizei meu sonho de entrar na Escola Politécnica da USP para cursar engenharia elétrica. Ali, em meio a uma turma majoritariamente masculina, comecei a moldar minha trajetória."

"No último ano da faculdade, em 2001, surgiu a oportunidade de conhecer o campo de provas da Ford em Tatuí, no interior de São Paulo. Era uma área de mais de 4 milhões de metros quadrados, com 60 quilômetros de pistas pavimentadas e off-road, que simulavam diferentes condições de rodagem. Não era um universo que eu imaginava para mim, mas algo naquele ambiente me fascinou. Vi engenheiros discutindo peças, analisando motores, trabalhando em conjunto para desenvolver tecnologia automotiva. Voltei para casa sem grandes pretensões, mas meses depois recebi uma ligação: a Ford tinha uma vaga de estágio para mim. Aceitei na hora e ali começou minha história na empresa."

"Fui a primeira mulher no meu departamento, numa época em que falar de carros elétricos era um sonho distante e engenharia mecânica ainda dominava o setor. Foi um período de aprendizado intenso, de desafios e descobertas."

Marinna Silva
Arquivo pessoal
Marinna Silva

"Terminei o estágio e já fui efetivada. Em 2006, passei uma temporada nos Estados Unidos pela empresa para trabalhar em um projeto da América do Sul. Lá, novamente, era a única mulher brasileira na equipe. Passei um ano e meio me desafiando, aprendendo e crescendo. Quando retornei ao Brasil, já não era mais a mesma. Voltei como supervisora, pronta para novos desafios."

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"Minha trajetória dentro da Ford seguiu um caminho natural, mas nunca previsível. Trabalhei no desenvolvimento de modelos icônicos e, em 2014, me deparei com o maior dilema da minha carreira: participar de um processo seletivo para a vaga de gerente que havia surgido estando grávida de cinco meses (estou casada desde 2009 com o Rafael e hoje a Lara já tem 11 anos, vejo muito em mim nela!). Meu medo foi enorme, mas a cultura da Ford me mostrou que competência fala mais alto. Passei pelo processo e fui escolhida. A empresa confiou em mim e me deu o espaço para crescer e também desfrutar da maternidade."

"Em 2021, um novo desafio: assumir a gestão do campo de provas de Tatuí. Saí de uma carreira linear e altamente técnica para uma posição que exigia uma visão muito mais ampla. Passei a lidar com operações, segurança, meio ambiente e até mesmo negociação comercial. Senti que precisava me preparar mais e comecei um MBA em Finanças. Afinal, nunca há limites para o aprendizado."

"São mais de 20 anos na Ford e não parei de evoluir. O que me mantém aqui, com energia para seguir adiante, é essa cultura que valoriza o conhecimento, a inovação e as pessoas. Algumas delas, inclusive, vi entrar na empresas e hoje trabalho lado a lado. Essa união de gerações é algo muito importante, porque reflete a nossa sociedade."

"A Ford me abriu portas que eu nem sabia que existiam, como a oportunidade de coordenar o grupo de afinidades Women of Ford (Mulheres da Ford), que promove a diversidade, igualdade de gênero e empoderamento das mulheres na empresa, cargo que ocupo com muito orgulho desde o fim de 2022 ao lado de muitas pessoas que compartilham dessa mesma missão. E, ao olhar para trás, vejo que cada desafio me trouxe até aqui. E isso me faz continuar", finalizou. 

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