
A pré-eclâmpsia é uma doença gestacional em que a grávida, após a vigésima semana de gestação, tem um aumento na pressão arterial, o que coloca em risco tanto a saúde da mãe quanto do filho. O diagnóstico precoce é essencial para que a complicação seja tratada.
Ao iG Delas, a médica ginecologista Bruna Baeza, define a condição como uma "doença sistêmica". "É um problema que acontece de origem vascular por uma placentação anômala inadequada. O sinal clínico é uma elevação da pressão arterial depois das 20 semanas de gravidez. A paciente começa a ter pressão acima de 140 por 90", elucida.
No entanto, embora o parâmetro usado seja de 140 por 90, outros índices também alertam para uma desregulação na pressão. "140 por 80 é considerado alto e 120 por 90 também. Então seja o 14, ou seja o 9, ambos estão alterados", explica a obstetra da clínica Mater Prime.
Diferença entre hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia
Bruna ressalta ainda que, ao menos, duas aferições de pressão, em momentos diferentes, precisam ser feitas para o diagnóstico. Enquanto a hipertensão pode ser definida pelo avanço dos níveis de pressão, a pré-eclâmpsia tem outras particularidades, com destaque para lesões em determinados órgãos.
"Na pré-eclâmpsia, além do aumento da pressão, a gente tem perda de proteínas pelos rins, que gera aumento de proteína na urina e aí existem exames que são específicos", diz ela, que cita como exemplos o de proteinúria, e o de relação proteína creatinina urinária.

Com avaliações de sangue, a ginecologista elenca que outras complicações podem ser identificadas. "Pode diagnosticar, através de exames de sangue, lesões renais e hepáticas. Isso falando sobre a mãe", completa. "Um outro órgão que também pode ser afetado na pré-eclâmpsia é a placenta", destaca.
O desenvolvimento do bebê também pode ser usado para complementar o diagnóstico. "Quando a gente tem bebês que não crescem adequadamente, que a gente classifica como restrição de crescimento intrauterino, que são bebês pequenos, e que tem alteração do Doppler, que avalia a vascularização desses bebês, considerados como um fator diagnóstico", acrescenta.
Fatores de risco
Em entrevista ao iG Delas, Nélio Veiga Junior, ginecologista e obstetra, cita que há grupos com maior propensão ao desenvolvimento da pré-eclâmpsia. "Mulheres da primeira gestação, que são as nulíparas, tem um fator de risco aumentado. Quem fez a reprodução assistida, por exemplo, a fertilização in vitro, também", inicia.
"Gestantes diagnosticadas com algumas doenças prévias, aquelas que são hipertensas prévias, já tiveram pré-eclâmpsia na gravidez anterior, que tem diabete, lúpus, ou doença renal, todas essas mulheres têm fatores de risco para ter pré-eclâmpsia na gravidez atual", detalha o mestre e doutor em Tocoginecologia pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM/UNICAMP).

Segundo Nélio, "mulheres no extremo de idade, abaixo dos 18 e acima dos 40", assim como aquelas em que são filhas de mães que tiveram o quadro, também têm maior chance de desenvolver a condição.
Sintomas
Alguns sintomas recorrentes nas acometidas pela doença são: dores de cabeça intensas, diminuição no volume urinário, dificuldade respiratória, náuseas, reflexos hiperativos e desconfortos no abdômen, principalmente na região próxima ao fígado.
Tratamento

Além do acompanhamento frequente da pressão arterial, é importante que a gestante diagnosticada com pré-eclâmpsia faça um acompanhamento pré-natal de alto risco. Fora isso, é necessário seguir a prescrição de medicamentos anti-hipertensivos receitados pelo ginecologista.
"Existem algumas classes que podem ser utilizadas, o mais comum é o Metildopa. Mas tem outros que podem ser usados para controlar a pressão e a gente tem que fazer um acompanhamento de pré-natal de alto risco, justamente porque a pré-eclâmpsia pode afetar não só a saúde materna, como também o bebê", alerta Baeza.
Prevenção
Medidas preventivas, como a suplementação de cálcio, devem ser priorizadas. "Fatores importantíssimos para prevenção de pré-eclâmpsia são alimentação, atividade física, controle de ganho de peso, manejo de estresse e sono adequado. Então, na verdade, são os pilares de uma vida saudável", completa a ginecologista Bruna.
Semelhante ao exposto pela médica, Nélio ressalta a importância dos exercícios físicos durante o período pré-gestacional. Isso é mandatório: a atividade física regular é obrigatória". As práticas aconselhadas são com esforço moderado, pontua o especialista.

"Sempre orientamos atividades com baixo impacto. Atividades moderadas, como caminhada, hidroginástica e até bike indoor. Mas tudo bem moderado", frisa. O médico ainda reitera que o período adequado gira em torno de 140 e 150 minutos distribuídos semanalmente.