
[ALERTA: este texto aborda temas como perda gestacional, o que pode ser gatilho para algumas pessoas. Se você estiver passando por um momento difícil, procure apoio profissional ou entre em contato com o CVV (Centro de Valorização da Vida) pelo telefone 188.]
Lexa compartilhou uma triste notícia com os seguidores: sua filha, Sofia, faleceu três dias após o nascimento devido a complicações decorrentes da síndrome de HELLP, uma condição grave ligada à pré-eclâmpsia. A artista, de 29 anos, estava internada desde janeiro no Hospital e Maternidade Santa Joana, em São Paulo, sob monitoramento médico.
A pré-eclâmpsia é um distúrbio hipertensivo que pode surgir após a 20ª semana de gestação, levando a alterações na pressão arterial e comprometendo diversos órgãos. Em alguns casos, a doença pode evoluir para a síndrome HELLP, caracterizada por hemólise (destruição das hemácias), aumento das enzimas hepáticas e queda no número de plaquetas. Essa complicação pode colocar em risco tanto a vida da mãe quanto a do bebê, exigindo intervenção médica urgente.
A síndrome de HELLP pode apresentar sintomas como dor intensa no abdômen superior, náuseas, vômitos, mal-estar, icterícia e alterações na pressão arterial. Devido à gravidade do quadro, o tratamento costuma envolver internação hospitalar para monitoramento e, em muitos casos, a antecipação do parto para preservar a saúde materna.
A perda de Sofia gerou uma grande corrente de apoio à Lexa nas redes sociais. A cantora, que vinha compartilhando sua jornada durante a internação, recebeu mensagens de solidariedade de fãs, amigos e colegas do meio artístico. Além de expressar sua dor, Lexa ressaltou a importância de trazer visibilidade ao tema, alertando outras gestantes sobre a necessidade do acompanhamento pré-natal e do monitoramento rigoroso de sinais de alerta.
Prevenção, diagnóstico e tratamento
Médicos enfatizam que a pré-eclâmpsia afeta de 5% a 10% das gestações e está relacionada a um aumento significativo dos riscos de parto prematuro. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem reduzir as chances de complicações graves, tanto para a mãe quanto para o bebê. A causa exata da pré-eclâmpsia não é conhecida, mas acredita-se que esteja relacionada com uma falha no desenvolvimento dos vasos sanguíneos da placenta, por uma ativação inflamatória que afeta todo o organismo materno.
“Sabemos também que a pré-eclâmpsia está diretamente relacionada a fatores como histórico pessoal ou familiar de hipertensão ou pré-eclâmpsia, idade acima dos 35 anos, gestação decorrente de reprodução assistida (fertilização in vitro), obesidade, diabetes e gestação gemelar”, destaca o ginecologista Fernando Prado. “A pré-eclâmpsia é, inclusive, recorrente em pacientes que se submeterem a procedimentos de reprodução assistida como a Fertilização In Vitro justamente por características comuns desses indivíduos e procedimentos, como a idade geralmente mais avançada das gestantes e a maior probabilidade de gêmeos”, diz.
Nos estágios mais avançados, a doença pode evoluir para eclâmpsia, tornando-se ainda mais perigosa. Por isso, gestantes que pertencem ao grupo de risco devem estar atentas aos sinais da condição, que podem surgir de maneira repentina. Entre os sintomas mais comuns estão o inchaço, especialmente nas pernas, dores de cabeça intensas, alterações na visão — como pontos luminosos e visão embaçada —, além de dores na região abdominal, sobretudo próximo ao estômago.
Diante desses sintomas, a busca por atendimento médico deve ser imediata para um diagnóstico preciso e a adoção do tratamento adequado, evitando assim complicações tanto para a mãe quanto para o bebê. O diagnóstico envolve a aferição da pressão arterial, análise dos sintomas, revisão do histórico médico e familiar da paciente, além de exames laboratoriais de sangue e urina para detectar a presença de proteína.
O tratamento varia conforme a gravidade do quadro. Nos casos mais leves, mudanças no estilo de vida, como uma alimentação equilibrada, controle do peso e prática regular de exercícios físicos, podem ser suficientes. Além disso, a administração de ácido acetilsalicílico (AAS) e a suplementação de cálcio são indicadas para reduzir os riscos do desenvolvimento da pré-eclâmpsia.
Já nos casos mais graves, o tratamento geralmente é feito no hospital, com o uso de medicamentos para reduzir a pressão arterial e controlar o risco de convulsões. Mas é importante lembrar que a única solução definitiva para a pré-eclâmpsia é o parto. “Dependendo da idade gestacional do bebê e da gravidade do quadro, o médico também pode recomendar a antecipação do parto ou a interrupção da gravidez”, diz Fernando Prado.
Prematuridade extrema
A bebê nasceu com apenas 25 semanas de gestação, sendo classificada como prematura extrema. O parto foi realizado de forma antecipada devido a um quadro de pré-eclâmpsia, uma condição gestacional séria que causa aumento da pressão arterial e pode trazer riscos tanto para a mãe quanto para o bebê. Prematuridade extrema ocorre quando o nascimento acontece antes de 28 semanas, como foi o caso de Sofia.
De acordo com um guia publicado pelo Hospital e Maternidade Santa Joana, onde Lexa esteve internada, bebês que nascem antes desse período enfrentam um estágio crítico de desenvolvimento, já que órgãos essenciais, como pulmões e cérebro, ainda podem estar imaturos. Além do tempo de gestação, o peso ao nascer também é um fator determinante para classificar a prematuridade extrema.