Nesta segunda-feira (13), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou uma lei que restringe o uso de celulares em instituições de ensino básico, tanto públicas quanto privadas. A medida visa permitir o uso dos aparelhos apenas em atividades pedagógicas, de acessibilidade ou em situações excepcionais, como necessidades de saúde. A decisão vem acompanhada de debates sobre os desafios e benefícios do uso da tecnologia no ambiente escolar.
A iniciativa, que já havia sido transformada em lei estadual em 21 estados brasileiros, busca mitigar os impactos negativos do uso excessivo de dispositivos eletrônicos por crianças e adolescentes.
Transtornos como depressão, ansiedade, dependência de telas e a exposição a conteúdos inadequados são algumas das preocupações mencionadas. Ao mesmo tempo, críticos da restrição alertam para o risco de retrocesso no uso pedagógico da tecnologia, que tem se tornado essencial na formação dos estudantes e na integração com o mercado de trabalho.
Educação midiática: uma solução para o equilíbrio
Especialistas sugerem que o caminho para o uso saudável de dispositivos eletrônicos na educação está na orientação midiática. Segundo a professora Alana Danielly Vasconcelos, da Universidade Tiradentes (Unit), a tecnologia deve ser incorporada como uma ferramenta de apoio pedagógico, mas com formação adequada para professores e alunos.
“É necessário compreender o papel da tecnologia na sociedade contemporânea, que transformou a forma como nos comunicamos e interagimos. Contudo, para evitar distrações e problemas como o bullying virtual, o uso de dispositivos nas escolas precisa ser bem orientado”, ressalta Alana, que integra o Grupo de Pesquisa em Educação, Tecnologias da Informação e Cibercultura (GETIC/UNIT).
A pesquisadora defende ainda a importância de envolver as famílias nesse processo. “O diálogo com os pais e responsáveis é crucial para que os esforços educacionais sejam eficazes. Sem o apoio da família, legislações e políticas públicas podem falhar em alcançar seus objetivos”, alerta.
Impactos na saúde e no aprendizado
Entre os benefícios esperados com a regulamentação, estão a redução da dependência de telas e a proteção contra conteúdos prejudiciais. Por outro lado, o desafio é garantir que a proibição não prive os estudantes das vantagens pedagógicas que a tecnologia pode oferecer.
Para Alana, a educação midiática surge como uma solução que vai além da dicotomia de proibir ou liberar. Ensinar crianças e adolescentes a utilizar os dispositivos de forma crítica e produtiva pode ser um passo importante para superar desafios como baixa proficiência em leitura e cálculo.