Mais uma vez sob ameaça, Maria da Penha receberá proteção, e sua casa será transformada em um memorial, servindo como referência no combate à violência contra a mulher.

Segundo a coluna de Jamil Chade, do Universa, Maria da Penha tem sido alvo de uma série de ataques por parte da extrema direita e de grupos conhecidos como "red pills" e "masculinistas", que se organizam em comunidades digitais para disseminar ódio às mulheres.

Essa onda de misoginia se apoia em fake news e mentiras que buscam desacreditar a palavra das mulheres. Como símbolo da luta contra a violência doméstica no Brasil, Maria da Penha é um dos principais alvos desses ataques. Uma das fake news questiona as duas tentativas de feminicídio pelo qual seu ex-marido foi condenado, desmentindo informações já confirmadas pela Justiça.

Diante dessa situação, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, viajou ao Ceará para se reunir com o governador Elmano de Freitas (PT) e a Secretaria de Mulheres. Ficou decidido que Maria da Penha será incluída no programa de proteção a defensoras de direitos humanos e receberá segurança particular.

O local onde ela mora está alugado, e o projeto para transformá-lo em memorial estava inviabilizado por falta de recursos. Além disso, a família precisava vender a casa. A pedido da ministra, o governo do estado iniciou o processo de desapropriação do imóvel, declarando-o de utilidade pública.

"A sociedade machista e misógina delega às mulheres a tarefa de provar, de inúmeras maneiras, as violências que sofreram nas mãos de seus atuais ou ex-companheiros, mesmo após eles terem sido julgados e condenados", declarou a ministra ao UOL.

"Da mesma forma, insiste na falácia de 'ouvir o outro lado', ou seja, os agressores condenados, criando uma onda de ódio e fake news sobre elas e contra elas", acrescentou.

"É inaceitável que Maria da Penha esteja passando por esse processo de revitimização ainda hoje no Brasil, 18 anos após emprestar seu nome a uma das leis mais importantes do mundo para a prevenção e enfrentamento da violência doméstica e familiar contra mulheres”, continuou a ministra.

Para Cida Gonçalves, Maria da Penha é "um símbolo de resistência e avanço na luta pelos direitos das mulheres".

"Tenho insistido que é fundamental que todos, sociedade e Estado, reafirmem o compromisso de não revitimizar mulheres vítimas de violência", afirmou.

Maria da Penha desabafa

"E isso inclui preservar sua história e memória. Esta semana demos um passo fundamental nessa direção. A residência onde Maria da Penha viveu à época das violências, em Fortaleza, vai virar um memorial, com apoio do governo do estado do Ceará, a pedido do Ministério das Mulheres", explicou.

Nesse contexto, é importante destacar que os ataques à lei não prejudicam apenas a mim, mas a todas as mulheres brasileiras, especialmente aquelas que estão atualmente em situações de violência e precisam do apoio dos serviços de proteção, criados a partir da Lei 11.340/06, fundamentais para que as mulheres possam romper ciclos de violência e ressignificar suas vidas.

Maria da Penha, no entanto, insiste que não se sente sozinha. "O que me fortalece é saber que não estou sozinha na defesa da Lei Maria da Penha. Temos muitas pessoas verdadeiramente comprometidas com esta causa, o que nos fortalece a cada dia", afirmou.

Ela disse estar "sem palavras" diante das emoções vividas nos últimos dias devido à criação do memorial.

"Vislumbro com esperança a aproximação de ações promissoras para o fortalecimento da luta das mulheres por um mundo livre de violência. É garantindo o direito à memória e à verdade que poderemos construir um futuro de justiça", completou.

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