Desde que o regime do Talibã assumiu o Afeganistão, mulheres enfrentam situações precárias ao dar a luz. Rabia carrega no colo seu bebê recém-nascido há poucos dias em um pequeno hospital na província de Nangarhar, no leste do Afeganistão. "Este é meu terceiro filho, mas a experiência foi totalmente diferente. Foi horrível", disse ela ao BBC.
Em questão de semanas, a maternidade onde Rabia deu à luz foi reduzida ao atendimento básico. Ela não recebeu remédios nem alimentação. Sem ventilação, a temperatura no hospital batia 43°C. A energia havia sido cortada e não havia combustível para operar os geradores. "
Sobreviver ao parto significa que Rabia foi uma das mulheres que tiveram sorte. O Afeganistão tem uma das piores taxas de mortalidade materna e infantil do mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Na média, 638 mulheres morrem no parto a cada 100 mil nascidos vivos.
Com a ajuda extrangeira financiando a saúde, este país árabe aos poucos foi melhorando as taxas de mortalidade materna e infantil. No entanto, com a chegada do grupo extremista, a ajuda externa foi encerrada e o país se isolou.
O UNFPA estima que, sem apoio imediato para mulheres e meninas, poderia haver 51 mil óbitos maternos adicionais e 4,8 milhões de gestações indesejadas. Além disso, o número de pessoas sem acesso a clínicas de planejamento familiar pode dobrar até 2025 no Afeganistão.
As novas restrições do Talebã às mulheres estão prejudicando ainda mais o já frágil sistema de saúde do país. Em muitas áreas, as mulheres precisam cobrir o rosto com um niqab ou burka.
O UNFPA está buscando US$ 29,2 milhões (cerca de R$ 155 milhões) como parte de um apelo mais amplo da ONU por US$ 606 milhões (R$ 3,2 bilhões) para atender às necessidades vitais de mulheres e meninas afegãs. A entidade está confiante de que, dada a necessidade desesperada de assistência humanitária, o Talebã vai permitir o transporte de recursos médicos e de saúde, além da implantação de clínicas móveis.