Com a chegada do outono e a queda das temperaturas, vale ficar de olho na gripe . Mulheres grávidas fazem parte do grupo de risco da doença, que pode ser muito prejudicial tanto para a mãe, quanto para o bebê.

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A gripe por influenza é uma doença que pode ser fatal para gestantes. Tomar a vacina e  reconhecer os sintomas é essencial
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A gripe por influenza é uma doença que pode ser fatal para gestantes. Tomar a vacina e reconhecer os sintomas é essencial


A obstetra Maria Elisa Noriler, responsável pelo setor de Ginecologia Endócrina InfantoPuberal e Climatério do Hospital Municipal Maternidade Escola de Vila Nova Cachoeirinha, explica que a doença, principalmente a modalidade causada pelo vírus da influenza, pode ser fatal para a mamãe e o bebê. Por isso, a vacina contra a gripe é recomendada por profissionais da saúde já no primeiro trimestre de gestação.

“Sabemos que se a mulher pegar a doença por influenza logo no começo da gravidez, quando a imunidade é a mais baixa da gestação, existe um risco alto de mortalidade para a grávida”, ressalta.

A influenza , aquela que conhecemos como causada pelo vírus H1N1, ataca o sistema respiratório. O comprometimento pulmonar provoca febres altas, “de mais de 38, 39 graus Celsius”, um dos principais perigos para a mulher e o bebê - um estudo da Univeridade de Columbia, nos Estados Unidos, mostrou que o risco de uma criança desenvolver autismo aumenta caso a mãe tenha febre, especialmente durante o segundo semestre da gravidez.

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Tomar a vacina que combate a cepa mais recente do vírus , ou seja, a mutação mais recente do organismo, que muda com bastante frequência e rapidez, é a única forma de se proteger contra a doença, diz a médica. A mais recente, no momento, desenvolvida a partir do vírus que estava circulando na Europa e América do Norte durante o inverno do hemisfério norte, nos últimos meses, é a H3N2.

Os benefícios da imunização vão além de se proteger da gripe: ela também diminui as chances de um parto prematuro e ainda passa a imunidade para o bebê. Segundo um estudo da Universidade de Utah, nos EUA, os filhos cujas mães foram vacinadas contra o vírus têm 64% menos chance de apresentar os sintomas da doença e até 70% menos risco de desenvolver infecções durante os primeiros seis meses de vida, período crucial no qual os bebês ainda não podem ser vacinados.

No entanto, não são todas as mulheres que podem tomar a vacina, visto que ela tem um compontente do ovo, ao qual algumas são alérgicas. O problema é que, por falta de informação, existem mulheres que optam por não se imunizar, com medo de reações adversas.

Maria Elisa destaca que, desde que a mulher não tenha alergia, não é preciso ter medo da imunização, já que ela não apresenta nenhum risco, nem para a mamãe, nem para o bebê. “A aplicação é segura em qualquer período da gestação, pois o vírus presente na composição é inativo.”

Já para as alérgicas a ovo, vale consultar um alergista para, a partir de exames específicos, determinar a intensidade da resposta alérgica e avaliar a possibilidade de tomar a vacina de qualquer maneira.

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"Não tem outra forma de se proteger. [Sem a vacina] Só torcendo para não pegar. E, se pegar, as mulheres precisam saber que elas podem entrar em trabalho de parto prematuro, ter insuficiência respiratória, pode faltar oxigênio para o bebê. Tanto ela quanto o bebê correm perigo de vida”, reforça a obstetra.

Vale lembrar que a vacinação contra a gripe influenza pela rede pública começa no estado de São Paulo ainda neste mês.

Sinais e sintomas

De qualquer forma, é importante saber reconhecer e diferenciar os sintomas da modalidade mais simples da gripe do tipo influenza.

“Se a paciente tiver uma febre muito alta, não conseguir ficar de pé, estar sempre extremamente cansada e começar a urinar menos, ela pode estar com a H3N2”, detalha Maria Elisa. Nesses casos, a mulher deve ser levada imediatamente para um hospital, onde ela será testada para a doença e internada imediatamente, se o resultado for positivo.

A diferença para a modalidade mais comum da doença, que provoca alguns dos mesmos sintomas, como congestão nasal, dores no corpo e, em alguns casos, febre, é a intensidade dos sintomas, que costuma ser menor, e sua duração mais curta.

Como se cuidar

Para se prevenir da gripe, além da vacina, cuide de sua imunidade com repouso, consumo de vitamina C e exercícios
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Para se prevenir da gripe, além da vacina, cuide de sua imunidade com repouso, consumo de vitamina C e exercícios

Além da influenza, existe a gripe comum. Aquela que provoca mal estar, coriza, dores pelo corpo e uma eventual febre. Apesar de mais leve, também é necessário se proteger contra ela.

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Para tanto, Maria Elisa ensina como manter a imunidade alta: ter momentos de repouso, sem estresse, cuidando para ter noites bem dormidas - algo especialmente importante para as mamães trabalhadoras, para as quais é indicado dar uma aliviada na rotina -; consumir bastante vitamina C em forma de sucos e frutas, como limão e laranja; fazer atividade física leve e tomar polivitamínicos específicos para gestantes, mas apenas sob orientação médica. Além disso, não fumar nem beber são regras.

“Evitar variações térmicas também é uma boa. Essa coisa de ficar entrando e saindo de ambientes com ar condicionado para outros mais quentes e abafados pode ser prejudicial, justamente porque exige mais do sistema respiratório”, pontua a obstetra.

E, no caso de pegar uma gripe mais leve, a recomendação é: repouso e tratamento dos sintomas. Cuidar da febre, se ela se apresentar, é o mais importante. Para as mulheres que continuam trabalhando durante a gestação, vale pedir um atestado médico para passar alguns dias descansando. Dormir bem é essencial nesse momento.

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E, claro, consultar o médico diante de qualquer sinal da gripe , “porque medicação só com orientação médica, já que alguns remédios podem passar para o bebê por meio da placenta. A gente orienta só rinossoro hipertônico, sem vasoconstritores [usados como descongestionantes nasais] porque esse altera o fluxo placentário; hiperhidratação para não ter sinusite nem evoluir para uma pneumonia, e alguns remédios que tratam dos sintomas, que aí o médico vai recomendar. Seguindo a orientação médica, tanto na prevenção com a vacina, quanto no tratamento, não vai ter problema”, conclui Maria Elisa.

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