Estudo sugere que lapsos de memória na menopausa são reais
Os lapsos de memória e momentos de distração que muitas mulheres dizem sentir durante a menopausa podem ser tão reais quanto as ondas de calor e o sono de má qualidade, sugere um novo estudo.
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Os pesquisadores deram às mulheres que disseram estar experimentando os “lapsos de memória da menopausa” uma série de testes cognitivos para ver o quanto habilidades de atenção e memória combinavam com as queixas delas.
“O ponto principal deste estudo é que as mulheres são realmente boas em monitorar coisas. Se uma mulher diz que está tendo problemas de memória ela provavelmente está vivendo isso” disse a co-autora do estudo Pauline Maki, diretora de pesquisa em Saúde Mental Feminina do departamento de psiquiatria da Universidade de Illinois, em Chicago (EUA).
Por outro lado, as pessoas com declínio mental relacionado à idade não costumam identificar o problema, sugerindo que os lapsos de memória relatados no presente estudo não ocorrem apenas porque as mulheres estão ficando mais velhas, acrescentou Maki. O estudo foi publicado em março na revista científica Menopause.
Pesquisas anteriores descobriram que cerca de dois terços das mulheres em menopausa relatam problemas de memória. O estudo atual envolveu 75 voluntárias que avaliaram o próprio desempenho de memória com base em fatores como a frequência com que esqueciam detalhes e o quão sério eram esses esquecimentos. Os pesquisadores também coletaram informações sobre a saúde geral das mulheres, além de estado de humor e perfil hormonal.
Todas as participantes atravessavam a fase inicial da menopausa, chamada de perimenopausa – isso significa que estavam tendo menstruações menos frequentes e começando a sentir os sintomas da menopausa. Os participantes tinham entre 40 e 60 anos de idade.
Globalmente, 41% relataram ter esquecimentos graves. As mulheres que sentiam mais as perdas de memória também foram as mais propensas a ter pontuações baixas nos testes de atenção e de memória de trabalho – aquela que usamos quando precisamos lembrar um número de telefone que lemos e vamos discar em seguida.
Por outro lado, as queixas de memória não foram associadas a problemas na memória de longo prazo, chamada de memória verbal – que foi posta à prova pedindo que as mulheres lembrassem uma lista de palavras.
Embora as mulheres que relataram déficits de memória mais graves também tenham sido mais propensas a ter problemas como depressão e ondas de calor, o estudo constatou que esses incômodos não explicam totalmente as dificuldades de atenção e na memória de trabalho.
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Isso sugere que os lapsos de memória da menopausa não se devem apenas a problemas de humor e a incômodos como pouco sono e ondas de calor, mas são um efeito direto das alterações dos níveis de hormônios como o estrogênio – acredita-se que ele tem certa influência em partes do cérebro envolvidas na memória.
Além das mudanças relacionadas à menopausa, uma série de outros fatores estressantes na vida – do trabalho para cuidar dos filhos e dos pais, que pode acumular por volta do período em que a menopausa surge – podem dificultar a capacidade de concentração e prejudicar a memória, disse Nancy Woods, professora da Escola de Enfermagem da Universidade de Washington (EUA).
Embora o estudo sustente que as mulheres experimentam problemas de memória, especialmente na memória de trabalho e na atenção, há algumas mensagens positivas para se tirar dele, defendeu Woods.
"É importante para as mulheres saberem que o que estão passando é normal e que seus problemas de memória não são necessariamente um sinal de demência precoce.
Na verdade, a pesquisa indica que após a menopausa, quando os níveis hormonais se estabilizam, muitas mulheres recuperam a capacidade cognitiva, apontou Maki.
Enquanto isso, sugerem as duas especialistas, as mulheres podem melhorar a memória durante a menopausa tomando medidas como repetir mentalmente para si as informações que precisam ser guardadas na memória de trabalho e praticar regularmente exercícios aeróbicos.
*Por Carina Storrs
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