O impacto da Covid-19 na população mundial vem gerando desde sequelas mentais até mesmo doenças dermatológicas. Uma nova pesquisa, apresentada em março, no Simpósio da Academia Europeia de Dermatologia e Venereologia, destacou que a higiene rigorosa das mãos durante a pandemia fez aumentar os casos de dermatite , secura e irritação no local.
Segundo Letícia Bortolini, médica dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, no estudo, tanto os profissionais de saúde quanto o público em geral, afirmaram que a irritação e o ressecamento da pele eram a principal barreira para a prática consistente de higiene das mãos. “A alta concentração de álcool na fórmula de produtos usados diariamente podem facilmente desidratar o tecido cutâneo da região, contribuindo também para o envelhecimento acelerado da pele”, afirma Bortolini.
Pesquisadores do Father Muller Medical College, da Índia, analisaram a perda de água transepidérmica (um parâmetro essencial para medir a função de barreira da pele ) de 582 pessoas, sendo 291 profissionais de saúde e 291 indivíduos saudáveis da população em geral. Os resultados indicaram que a dermatite das mãos estava presente entre 92,6% dos profissionais de saúde e 68,7% do público em geral; apesar de, no estudo, apenas 3% dos profissionais e 2,4% de pessoas comuns ter revelado um histórico prévio de dermatite das mãos.
“Foi observada também uma maior média de pele mais seca em mulheres e profissionais de terapia intensiva, que foi associada à alta frequência de lavagem das mãos e o uso costumeiro de produtos à base de álcool”, explica a dermatologista.
Para evitar os impactos causados pelo uso de álcool em gel, é recomendável, segundo a dermatologista, aplicar cosméticos formulados com ativos de alta propriedade hidratante, como ureia e ácido hialurônico, no local. “O mesmo vale para a higienização das mãos com água e sabão, já que quando realizada com frequência, o que é necessário nesse momento, também pode favorecer o ressecamento da região”, alerta Bortolini.
A dermatologista explica também que, além de utilizar um hidratante para as mãos após lavar a região, vale a pena apostar no uso de sabonetes menos agressivos, dando preferência às fórmulas mais hidratantes .
Consultoria: Letícia Bortolini, médica dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica.