Espartilhos, cuecas, lingerie, ceroulas, cinta-liga… Essas, entre outras roupas íntimas, podem ser vistas na exposição “Undressed: A Brief History of Underwear”, que abre ao público neste sábado (16) no museu Victoria & Albert, em Londres.
Mais de 200 peças e acessórios, feitas em sua maior parte no Reino Unido, França, e Estados Unidos, serão exibidas na mostra, contando a história e evolução das “roupas de baixo” desde 1750 - quando elas tinham a função de criar uma barreira higiênica entre o corpo e o vestuário - até os dias de hoje, conferindo um ar de sensualidade às silhuetas feminina e masculina.
Função higiênica
No século 18, roupas íntimas femininas tinham duas funções: higiênica e estrutural. Cintas, antecedentes dos espartilhos, formavam uma base rígida para o vestido, com o intuito de criar uma silhueta moderna.
Até o século 20, mulheres de todos os meios sociais vestiam espartilhos sobre suas roupas para dar suporte aos seios. Aparecer em público sem um corpete, ou com um corpete com os laços frouxos, era considerado imoral e indecente.
Moda x saúde
Apesar de enaltecer as curvas femininas, os corpetes preocupavam os médicos do século 19 e 20, que atribuíam muitos problemas de saúde ao uso contínuo deles. Eles argumentavam que os espartilhos reduziam a capacidade dos pulmões e causavam desmaios e dificuldades na respiração.
Na exibição, é possível conferir radiografias reais do ano de 1908 que mostram como vestir um corpete muda a posição das costelas, restringindo o movimento do diafragma. (Parece doloroso!)
Evolução para sutiãs
A busca por alternativas mais confortáveis e saudáveis aos corpetes levaram ao desenvolvimento de roupas íntimas designadas especificamente para dar suporte aos seios das mulheres. Patentes para “suportes de busto” foram registradas em 1863. Ao contrário dos corpetes elegantes, essas peças sustentavam os seios a partir dos ombros. O termo “brassiere” (sutiã, em português) foi introduzido por volta de 1904, 1905. Com a chegada dos sutiãs, o corpete assumiu o papel de oprimir a cintura, firmar e suavizar a barriga e adornar os quadris.
Homens também tem sua vez
Na exposição, o público ainda pode aprender mais sobre a história de roupas íntimas masculinas, incluindo suportes atléticos introduzidos no século XIX usados para a prática de esportes, como ciclismo, passando por uma tanga vermelha que reflete a moda masculina colorida e descontraída da década de 1960, até chegar à modernidade das cuecas da marca australiana aussieBum, que enaltecem, intencionalmente, a genitália.
Alta costura
Um dos pontos altos da exposição é a instalação que exibe peças de alta costura, entre elas, um vestido com corpete em ouro metálico de Alexander McQueen que exagera o quadril como uma anágua de aro do século 18. Vale ressaltar que o modelito, que reflete toda a criatividade do talentoso designer britânico, é realmente de tirar o fôlego.
Já um vestido inspirado em lingerie do estilista libânes Elie Saab, usado pela atriz Mila Kunis na cerimônia do Oscar em 2011, também pode ser apreciado na seção de luxo.
Participação brasileira
Diretor criativo da marca de lingerie italiana La Perla, Pedro Lourenço é um dos estilistas que participam de um vídeo em exibição na exposição. Nele, o designer brasileiro comenta sobre a importância da moda ser algo para vestir dentro e fora de casa, conferindo poder, confiança e naturalidade às pessoas.
Serviço
Com curadoria de Edwina Ehrman, “Undressed: A Brief History of Underwear” estará aberta diariamente das 10h às 17h45, na Galeria de Moda do museu Victoria & Albert, em Londres, de 16 de abril de 2016 a 12 de março de 2017. Os ingressos custam £12 (cerca de R$ 60,00).